Afonso de Albuquerque

AFFONSO DE ALBUQUERQUE, que pelo appellido denota ser Portuguez, e de illustre geraçaõ. Compoz

Commentaria in parva naturalia Aristotelis 1498, fol. Do Author, e da obra fazem mençaõ Miguel Mattaire, Annal. Typog. Tom. 1. pag. mihi 680, e Thuano Bibliothec. Tom. 2. pag. 23.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. IV]

Frei Afonso de Benevides

Fr. AFFONSO DE BENAVIDES, nasceo em huma das Ilhas dos Açores, onde professou o Instituto Serafico. Eleito no anno de 1629, Custodio do Mexico, entrou pela dilatada extensaõ das Indias Occidentaes acompanhado de quarenta e nove Religiosos para annunciar o Evangelho aos Gentios, que jaziaõ sepultados no abysmo da sua cegueira; e tal foy o ardor com que promoveo esta sagrada empreza, que já no anno de 1630 se tinhaõ agregadas ao gremio da Igreja Romana mais de quinhentas mil almas. Para augmentar o numero dos cultores Evangelicos necessarios a taõ dilatada vinha, voltou a Hespanha, e depois de discorrer por diversas terras, chegou a Portugal, onde se incorporou com beneplacito do Geral em a Provincia da Observancia. Nomeado Arcebispo de Goa D. Fr. Francisco dos Martyres, se embarcou a 4 de Abri1 de 1636, como seu companheiro, em cuja jornada acabou piamente a vida. Delle faz memoria Fr. Fernando da Soledade, Histor. Seraf. da Provincia de Portugal. Part. 5. liv. 3. cap. 4. n. 878. Escreveo

Relaçaõ dos progressos da conversaõ do Gentio à nossa santa Fé, e outros serviços a Deos, e ao Rey obrados nas Indias Occidentaes. Offerecida no anno de 1630 a Filippe IV. Desta obra fez mençaõ Fr. Gaspar de la Fuente, Hist. do Cap. Ger. celebrado em Saragoça anno de 1633, e da dita Relaçaõ transcreve alguma parte desde fol. 75 até 78.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. IV]

José Veloso

IOZÉ VELOSO. Vejase IOZÉ PEREYRA VELOSO.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]

José Soares da Silva

IOZÉ SOARES DA SYLVA. Vejase o P. MANOEL TAVARES da Congregação do Oratorio.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]

João Nunes da Cunha

IOAÕ NUNES DA CUNHA primeiro Conde de S. Vicente, Deputado da Junta dos tres Estados, Gentilhomem da Camara do Principe D. Theodozio, e Governador da sua Caza, Conselheiro de Guerra, e depois do Estado delRey D. Affonso VI. e do Principe D. Pedro Regente do Reyno, e Gentilhomem da sua Camara, Senhor de Gestaço, e Panoyas, e dos Morgados de Refoyos, e Coutadinha, Commendador de Castelejo, S. Romaõ do Herdal, e de Santa Maria de Bousela em a Ordem de Christo naceo em Lisboa sendo filho de Nuno da Cunha, e de D. Francisca de Attayde filha de Ioaõ Gonsalves de Attayde V. Conde da Atouguia, e de D. Maria de Castro filha herdeira de Martim Affonso de Miranda. Foy ornado de juizo perspicaz, sublime comprehensaõ, e natural genio para a Poezia, que cultivou com felicidade, e naõ menos de elegante locuçaõ aprendida dos mais insignes Oradores, e Chronistas por cujos dotes mereceo distintos aplauzos em a famoza Academia dos Generosos na qual foy Lente, e Collega. Ao exercicio das letras correspondeo o das armas pois havendo sido Governador da Cidade de Evora, e da Praça de Setubal em que mostrou a sciencia militar, que professava, foy nomeado Vicerey da India para onde partio no anno de 1666. practicando em todo o tempo do seu governo as maximas mais prudentes para conservaçaõ do Estado, porem a morte envejoza da sua fama lhe arrebatou intempestivamente a vida em 7 de Novembro de 1668. quando contava 49 annos de idade, e ao Estado da India (como em seu aplauzo escreve o Excelletissimo Conde da Ericeira D. Luiz de Menez. Portug. Rest. Tom. 2. pag. 788.) naquelle tempo a esperança de restaurar a sua ruina por concorrerem em Ioaõ Nunes da Cunha todas as virtudes, que custumaõ compor hum varaõ perfeito sendo dotado de grande valor, de muito entendimento, e summa actividade empregando todas estas partes no amor da patria, e no augmento da gloria Portugueza. Jàz sepultado debaixo do altar de S. Francisco Xavier da Caza professa de Goa. Cazou com D. Izabel de Borbon filha de D. Luiz de Lima de Brito primeiro Conde dos Arcos, e de D. Vitoria Cardailhac Dama da Raynha D. Izabel de Borbon de quem teve D. Maria Caetana da Cunha sua herdeira, que se despozou com Miguel Carlos de Tavora filho segundo de Luiz Antonio de Tavora segundo Conde de S. Ioaõ, e foy segundo Conde de S. Vicente, General da Armada Real, Governador das Armas da Provincia do Alentejo, Conselheiro de Estado, e Presidente do Conselho Ultramarino de quem teve numerosa descendencia. Celebraõ o nome de Ioaõ Nunes da Cunha elegantes pennas assim em prosa, como em verso. D. Francisco Manoel nas Obras Metric. Tub. de Calliop. lhe dedica o Soneto 53. com hum livro de versos compostos por Ioaõ Nunes da Cunha, que lhe cometera à sua Censura.

Velho mancebo illustre em sangue, e esprito

Tu que queres de mi, que assi me obrigas?

A ti que tens as Musas por amigas,

Que louvor te hade dar meu fraco grito?

Que direi eu que ellas naõ tenhaõ dito!

Direi só, que as afagues, e que as sigas;

Que à fè que mais de hum par por mais que digas

Vè, quando escreves outro Apollo escrito.

Là te mando os teus Versos, que mandaraõ

Callar os meos. Que avaro intento esconde

Tal fonte de doçura, e elegancia!

Este lugar onde elles repouzaraõ,

Banho espero què seja aos tempos, onde

Venha o mundo a lavarse da ignorancia.

Ioan. Soar. de Brit. Theatr. Lusit. Liter. lit. 1. n. 59. Catastroph. de Portug. p. 136. Souza Hist. Gen. da Caz. Real Portug. Tom. 5. p. 225. Foy erudito em muitas faculdades; e nas Mem. Hist. e Gen. dos Grand. de Portug. p. 512. Foy valeroso, e erudito. Fr. Iacin. de Deos Verg. de Plant. cap. 8. art. 10. e cap. 1. p. 20 onde escreve que foraõ bautizados pelo seu zelo quatro mil Gentios. Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. 1. p. 574. col. 1. Compoz.

Panegyrico ao Serenissimo Rey D. Ioaõ o IV. Restaurador do Reyno Lusitano. Lisboa por Antonio Crasbeeck. de Mello 1666 4.

Epitome da Vida, e açoens de D. Pedro entre os Reys de Castella o primeiro deste nome. ibi pelo dito Impressor 1666 4. Desta obra fazendo juizo D. Francisco Manoel na Carta dos Authores Portuguezes escrita ao Doutor Themudo diz que sendo pequena faz competencia a todos os grandes livros.

Lisboa Conquistada. Poema heroico que consta de 12 Cantos. Começa

As armas, e os Varoens cantar intento

Que debellado o barbaro Africano

Da Cidade Ulyssea o fundamento

Levantou para o Reyno Lusitano.

Gemeo Plutaõ, e do sulfureo assento

O decreto encontrar quiz soberano:

Até que o Padre desde o solio eterno

Fechou os claustros do voráz Averno.

Acaba

A espada esgrime, e na vizeira forte

Entrou do ferro hostil a mayor parte;

Cahe o forçoso mouro, e desta morte

Alcança ainda terror o duro Marte.

O favor logo dà a igual sorte,

No campo sanguinoso se reparte.

Affonso vence, entra a Mesquita armado

E a Deos a consagrou crucificado.

Escreveu mais

Vida de Iob. M. S.

Memorias da Vida de Mathias de Albuquerque. M. S.

Nobiliario das Familias de Portugal. fol. 4. Tom.

Tratado da Fortificaçaõ. fol. M. S.

Estas obras como taõbem o Poema Lisboa Conquistada se conservavaõ em Caza do Conde de S. Vicente Genro do Author. Por ordem da Rainha Regente D. Luiza Francisca de Gusmaõ começou a escrever na lingua Portugueza.

Vida do Principe D. Theodozio.

Para esta obra tinha junto varios documentos dos quais se aproveitou o Padre Manoel Luiz da Companhia de Iesus para a Vida do mesmo Principe que compoz na lingua Latina onde no Prologo n. 18. refere o motivo porque a naõ acabou Ioaõ Nunes da Cunha. Illustrissimus Dominus Ioannes Nonius à Cunia Principis Theodosii olim Cubicularius, ipsiusque in Elvensi expeditione individuus socius, postea S. Vincentii creatus Comes, Indiaeque Prorex. Is eadem Serenissima Regina Matre jubente suscepit idiomate Lusitano scribendam visam Principis Theodosii, cui ob egregias dotes fuerat aceptissimus, illiusque laudabilium actionum sive ad aemulandu m, sive ad scribendum eximius explorator: cujus praeterea memorabilium operum, dictorumque plurimi certe faciendum ipse confecit Diarium exquo Principis obsequio addictus fuit, ejusque Cubicularius à Serenissimo Rege designatus. Caeptum opus, longe que provectum abrumpere coactus est ad Interamnensem exercitum, ubi tunc solito atrocius bellum saeviebat; ibi que primis ineundae pacis cum hoste colloquiis, et ventilandis aequis conditionibus Caduceator electus est: ibidem non tam faventibus oculis, et maturis consliis, quam auxiliatrice dextra ex Castellanis triumphis Indicos auspicatus; hic terra Europeis, illic mari victrici haud semel classe Asiaticis hostibus debellatis. Quem si fata virum pace, belloque inclytum domi, ac foris juxta suspiciendum diutius incolumem nobis servarent, non dubium quin datam saepe á se fidem suo Principi propagandi apud Aethnicos orthodoxam fidem, omnigenos que infideles profligandi exacte liberaret; ac demùm ipsius vitam triumphali exaratam stylo aeternitati commendaret. Verùm Lusitana expectatione celerius Goae decedens; et gloriose vivendi, et gloriosa scribendi lugubrem bonis omnibus finem fecit.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]