Frei João de São Dâmaso

Fr. IOAÕ DE S. DAMASO natural de Lisboa filho de Jeronimo Correa de quem se fez memoria em seu lugar. Deixada a patria recebeo em Castella o habito de Mercenario Descalso, e em taõ sagrada palestra exercitou igualmente as virtudes, e as sciencias. Foy Lente de Theologia em Ossuna, e Commendador dos Conventos de Xeres dela Frontera, de S. Lucar de Barrameda, e de S. Iozé de Sevilha em cujos governos unio grande prudencia, com summa afabilidade. Falleceo piamente entre o anno de 1670. e 1671. Escreveo com estilo claro, e elegante.

Vida admirable del Sieruo de Dios Fr. Antonio de S. Pedro religioso professo de los Descalsos de nuestra Señora de la Merced nacido en el Reyno de Portugal convertido a la gracia de Dios prodigiosamente en el Reyno del Perù en Lima, espantozo en virtudes, y casos peregrinos en el de España; vivio, e muriò en Osuna ron indecible opinion de Santidad. Cadiz por Iuan Lourenço Machado. 1670. fol.

Passados 18 annos de impresso este livro sahio com a Vida deste insigne servo de Deos Fr. Andre de Santo Agostinho Chronista Geral da Ordem dos Mercenarios Descalsos onde severamente argue a Fr. Ioaõ de S. Damazo do affectado silencio com que ocultou a apostasia do V. Fr. Antonio de S. Pedro quando da sua admiravel conversaõ resultou tanta gloria a Deos como credito à Santidade deste varaõ deixando os erros da Sinagoga pelas verdades do Evangelho.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]

João Curvo Semedo

IOAÕ CURVO SEMMEDO Cavalleiro professo da Ordem militar de Christo, Familiar do Santo Officio, e Medico da Caza Real filho de Domingos Curvo, e Ignez Alvares naceo em a Villa de Monforte da Provincia Transtagana em o primeiro de Dezembro de 1635. Aprendeo em Lisboa os rudimentos grammaticaes no Collegio de Santo Antaõ dos Padres Jesuitas onde deu a conhecer a viveza do engenho, e felicidade da memoria. Na Universidade de Coimbra ouvio Medecina dos mais celebres Cathedraticos desta Faculdade, e nella sahio taõ eminente, que recebido o gráo de Licenciado a começou exercitar na Corte de Lisboa com universal aplauzo da sua profunda sciencia, que unida á continuada practica de muitos annos inventou diversos medicamentos, que manipulava, contra achaques inveterados, e doenças agudas merecendo entre todos a primazia o Bezoartico contra as febres malignas com o qual libertou repetidas vezes a muitos agonizantes da morte com que estavaõ lutando. A experimentada virtude deste Besoartico impellio a muitas Naçoens remotas, que o mandassem procurar como vital antidoto, e Clava Herculea contra as febres malignas conhecendo evidentemente, que os effeitos excediaõ as atestaçoens da sua eficacia. Com igual disvelo vizitava os infermos ricos, e pobres, preferindo a estes por ser mais amante da charidade, que do interesse. Inimigo jurado do ocio ocupava em diversas obras medicas todo o tempo, que lhe restava da vizita dos infermos. Ainda, que tinha o aspecto malencolico tratava a todos com summa afabilidade, e sendo muito acelerado no fallar a ninguem se fazia imperceptivel. O methodo com que eximia da morte a muitos infermos, e o aplauzo dos livros com que immortalizara o seu nome naõ eraõ poderosos para exercitar no seu animo a mais leve impressaõ de vaõgloria. Acometido na provecta idade de 84 annos menos 5 dias, da ultima infermidade querendo alcançar a vida eterna, já que tinha prorogado a tantos a caduca, recebeo os Sacramentos com os quais confortado naõ receou a morte, que o transferio ao descanso eterno a 25 de Novembro de 1719. Jaz sepultado no Convento de S. Francisco desta Corte. Foy cazado com D. Izabel Guilherme irmãa do Mestre Fr. Manoel Guilherme da Ordem dos Pregadores de quem se fará larga memoria em seu lugar, da qual naõ teve sucessaõ.

Compoz.

Polyanthea Medecinal, noticias Galenicas, e Chimicas repartidas em tres Tratados. Lisboa por Miguel Deslandes Impressor de S. Magestade. 1695. fol. No principio se vè primorosamente aberto em huma lamina o seu Retrato com este Epigramma na parte inferior.

Ad Curui effigiem pavet horrida mortis imago;

Semmedo morbi pellit ab Orbe metum.

Ille dies hominum longos portendit in annos;

Entre varios Elogios poeticos assim latinos, como Portuguezes compostos em aplauzo do author desta obra se distingue com excesso hum Elogio de obra Lapidaria intitulado Elogium Anatomicum do insigne D. Rafael Bluteau Clerigo Regular em que com admiraveis argucias discorre por todas as partes, que compoem o author da Polyanthea. Sahio 2 vez mais acrecentada. Lisboa por Antonio Pedrozo Galraõ. 1704. fol. 3 vez ibi pelo dito Impressor. 1716. e 4 vez ibi pelo dito Impressor. 1727. fol.

Observationes aegritudinum fere incurabilium. Ulyssipone apud Paschalem da Sylva Typ. Reg. 1718. fol.

Observaçoens medicas doutrinaes de cem cazos gravissimos, em serviço da Patria, e das Naçoens estranhas escritas na lingua Portugueza, e Latina. Lisboa  por Antonio Pedrozo Galraõ. 1727. fol.

Atalaya da vida contra as hostilidades da morte fortificada, e guarnecida com tantos defensores, quantos saõ os remedios, que no discurso de sincoenta, e outo annos experimentou. Lisboa na Officina Ferreiriana. 1720. fol.

Tratado da Peste. Lisboa por Ioaõ Galraõ. 1680. 4.

Manifesto feito aos amantes da saude, e attentos às suas conciencias. Lisboa por Valentim da Costa Deslandes. 1706. 4. He acerca do seu Bezoartico.

Memoria dos remedios exquizitos, que da India, e outras partes vem a este Reyno, em que se declaraõ as suas virtudes, e as condiçoens com que se aplicaõ. 4. Sem lugar da impressaõ.

Manifesto em que se mostra com gravissimos Doutores que se podem dar purgas estando os humores crùs quando por serem muitos, ou malignos naõ poderà a natureza cozellos. 4. Sem lugar da impressaõ.

Tratado do Ouro Diaphoretico, sua preparaçaõ, e virtudes que tem, e modo com que se aplica. 4. Sem lugar da impressaõ.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]

João da Cunha

IOAÕ DA CUNHA Mestre em Artes, e Vigario da Igreja de Nossa Senhora da Piedade Freguezia de Matuim seis legoas distante da Cidade da Bahia Capital da America Portugueza onde exercitou com geral aprovaçaõ os ministerios de vigilante Parocho, e insigne Pregador. De muitos Sermoens, que pregou, se fez publico o seguinte.

Sermaõ de S. Theotonio na Santa Sé do Salvador da Bahia na 2. Domin. De Quaresma estando o Santissimo exposto, e dandose principio à reedificaçaõ do dito Templo. Lisboa por Ioaõ da Costa. 1675. 4.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]

Frei João da Cruz

Fr. IOAÕ DA CRUZ natural da Villa de Monte-mór o novo da Provincia Transtagana, e filho de Jozè Lopes Baptista, e Angela Baptista. Professou o sagrado instituto da illustre Religiaõ da Santissima Trindade no Convento de Lisboa a 2 de Junho de 1703. onde aprendidas as sciencias escholasticas as dictou com aplauzo aos seus domesticos merecendo pela sua grande capacidade ser Examinador das Tres Ordens Militares, e do Patriarchado de Lisboa, Reytor do Collegio de Coimbra, Definidor da Provincia, e duas vezes Provincial; a primeira a 7 de Mayo de 1733. e a segunda a 2 de Setembro de 1744. cujo governo naõ acabou preocupado da morte, que o privou da vida em o Convento de Lisboa a 5 de Abril de 1745. quando contava 65 annos de idade, e 43 de Religiaõ compoz.

Sermaõ pregado na Canonizaçaõ dos admiraveis Santos Luiz Gonzaga, e Stanislao Kostka em o dia 27 de Setembro de 1727. primeiro do solemnissimo Triduo, que celebrou o Collegio da Companhia de IESUS da Villa de Santarem. Lisboa por Iozé Antonio da Sylva. 1727. 4.

Tractatus de potestate, & jurisdictione Conservatorum. fol. M. S.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]

Padre João Coutinho

P. IOAÕ COUTINHO natural da Villa do Pombal do Bispado de Coimbra, e filho de Luiz Coutinho Pereira, e Maria Godinha. Quando contava 18 annos de idade abraçou o instituto da Companhia de IESUS em o Noviciado de Lisboa a 7 de Setembro de 1660. e professou solemnemente a 2 de Fevereiro de 1682. Foy Reytor do Collegio de Setubal, e Instructor dos Padres do terceiro anno. Teve singular talento para o pulpito, e naõ menos para as letras humanas. Falleceo piamente no Collegio de Coimbra a 24 de Abril de 1709. com 66. annos de idade, e 49 de Religiaõ. Delle fazem memoria Fonceca Evor. Glorios. pag. 432. e Franco Imag. Da Virtud. em o Novic. de Lisboa. pag. 969. e Annal. S. J. in Lusit. pag. 453. n. 13.

Compoz.

Stromas predicaveis moraes, e politicos. Tom. 1. Coimbra por Ioaõ Antunes. 1700. 4.

Tom. 2. ibi pelo dito impressor. 1702. 4.

Tom. 3. ibi por Jozé Ferreira Impressor da Universidade, e do Santo Officio. 1705. 4.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]

João da Costa Cáceres

IOAÕ DA COSTA CACERES Corretor de Cambios naceo em Lisboa no anno de 1628. onde pela noticia, que tinha das letras humanas, e Arte Poetica foy dos celebres alumnos da Academia dos Singulares instituida em Lisboa no anno de 1663. merecendo o aplauzo dos seus Collegas quando recitava alguns Discursos Academicos dos quais se fizeraõ publicos.

Oraçaõ recitada na Academia a 18 de Novembro de 1663.

Oraçaõ recitada na Academia a 2 de Novembro de 1664. por Manoel Lopes Ferreira. 1698. 4.

Sahio impressa a 1. na 1. Parte da Acad. dos Singul. Lisboa por Henrique Valente de Oliveyra. 1665. 4. & ibi por Manoel Lopes Ferreira. 1692. 4. e a 2. Na 2. Part. da Acad. dos Singul. Lisboa por Antonio Craesb. de Mello. 1668. 4. & ibi por Manoel Lopes Ferreira.1698. 4.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]