Frei Patrício do Casal

Fr. PATRICIO DO CASAL, nacido no lugar do seu apellido situado nos Coutos de Alcobaça, e Religioso professo da Ordem Cisterciense e muito perito na sagrada Theologia. Escreveo.

Summa Theologiae Speculativae. fol. M. S. Conserva-se na Livraria do Convento de Alcobaça.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Frei Patrício de São Gonçalo

Fr. PATRICIO DE S. GONÇALO, chamado no seculo Luiz de Magalhaens Coelho, naceo em a notavel Villa de Amarante situada na Provincia de Entre-Douro, e Minho onde teve por Progenitores a Manoel Magalhaens Coelho, e D. Maria Camella Alcaforado ambos das principaes Familias daquella Villa. Estimulado de generosos brios assentou praça de Soldado quando se disputava a sucessaõ de Espanha entre Filipe V. e o Archiduque de Austria, e como desse claros argumentos do seu valor passou a ser Capitaõ de Infantaria, porém dezejando alistar-se em milicia mais nobre deixou a casa de que era herdeiro e pedio o habito de S. Francisco que por ordem do Provincial da Provincia de Portugal Fr. Francisco de S. Boaventura recebeo no Convento de Santo Antonio da Figueira no anno de 1707, naõ sómente mudando o nome, mas querendo professar no estado de Leygo cuja resoluçaõ naõ aprovou o Provincial. Preferio ao estudo das sciencias para o qual tinha sublime engenho, a assistencia dos Enfermos em cujo caritativo ministerio se ocupou alguns annos no Convento de Lisboa. Impellido do sagrado fogo, que lhe ardia no peito em obzequio da Paixaõ do Redemptor vizitou os lugares Santos de Jerusalem fazendo a jornada por Roma donde sahindo chegou áquella Cidade santa a 28. de Junho de 1713, e depois de adorar com summa devoçaõ os lugares santificados pelo divino Verbo discorreo pelo Egypto, e da Cidade de Alexandria voltou a Roma a 23 de Março de 1716, e renunciando o amor da Patria e parentes se fez conventual do Monte de Florença, e depois de edificar Roma, e os seus contornos com a vida apostolica que exercitava, espirou placidamente nos braços do Excellentissimo Bispo do Porto D. Fr. Jozé Maria de Evora Comissario Geral da Familia Serafica Ultramontana. Escreveo.

Itinerario da Terra Santa, e do Egypto dividido em nove jornadas. 4. M. S. Conserva-se no Archivo do Convento de S. Francisco da Cidade de Lisboa.

Do Author faz memoria meu Irmaõ D. Jozé Barboza no Prologo da Vida do B. Pedro Negles Erimita natural de Lisboa devendo-se á deligencia de Fr. Patricio de S. Gonçalo a invençaõ das Reliquias deste V. Erimita.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Frei Patrício de Santa Maria

Fr. PATRICIO DE S. MARIA, natural da Villa de Santos em a Capitania de S. Paulo na regiaõ da America irmaõ de Alexandre de Gusmaõ Cavalleiro professo da Ordem de Christo, Fidalgo da Casa Real, Conselheiro Ultramarino, e de Fr. Joaõ Alvares de Santa Maria Carmelita dos quaes se fez mençaõ em seu lugar. Abraçou o instituto Serafico na reformada Provincia da Immaculada Conceiçaõ do Rio de Janeiro onde depois de instruido com as sciencias severas passando a Italia se incorporou na Provincia de Tuscia. Movido de afecto devoto se resolveo venerar os lugares de Jerusalem santificados com o sangue do Divino Redemptor, e desprezando os incomodos da jornada chegou áquella Cidade e no Convento que nella tem a Religiaõ Serafica habita prezentemente observando exactamente o seu instituto, e escrevendo as obras seguintes em que mostra igual erudiçaõ que piedade.

Mel de petra Sanctissimi Sepulchri Domini nostri J.C. oleumque de saxo durissimo sacrosancti Montis Calvarii, id est libellus historicus in quo non solum agitur de gratiis quae in Terra Sancta maxime in augustissima gloriosissimi Sepulchri Domini nostri J.C. Basilica à visitantibus obtinere queunt, aliisque mirabilibus sacra loca concernentibus, verum etiam de aliquibus indulgentiis hic, & ubique tam religiosis, quam saecularibus concessis, deque notabilibus scitu dignissimis. Post haec exarantur Processiones quae in his sanctissimis locis a Religiosis Franciscanis indies ordinari solent. Ulyssipone Typis regalibus Sylvianis. Regiaeque Academiae 1742. 4.

Elenchus Caeremoniarum Terrae Sanctae in quo non solùm ritus toti Ecclesiae communes enucleantur, imò & particulares qui sancturiorum gratia per Frates Minores peraguntiur. 4. M. S.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Paula de Sá

PAULA DE SÁ nobilitou o seu sexo com os dotes de que liberalmente foy ornada pela natureza sendo muito perita na intelligencia das linguas mais polidas que fallava com promptidaõ, e escrevia com elegancia. Teve vasta noticia da Historia Grega, e Latina, e na Arte da Escultura foy insigne. Compoz.

Obras varias.

Sahirao em nome supposto como escreve o Author do Theatro Heroin. Tom. 2. p. 334.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Paula Vicente

PAULA VICENTE, filha do celebre Poeta Gil Vicente de quem se fez larga memoria em seu lugar. Nacendo pouco favorecida da natureza na simetria do rosto, como na proporçaõ da estatura emendou a graça estes defeitos com os dotes de discreta, e virtuosa. Tocava todo o genero de instrumentos com summa destreza, e suavidade. Reprezentava com admiravel espirito as Comedias de seu Pay na prezença da Infanta D. Maria filha do Serenissimo Rey D. Manoel da qual foy Moça da Camara, que fazia particular estimaçaõ da sua Pessoa. Imitou no enthusiasmo Poetico a seu Pay compondo.

Comedias varias. M. S.

Arte da lingua Ingleza, e Olandeza para instruçaõ dos seus Naturaes. Desta obra a fez Authora o Author do Theatr. Heroin. Tom. 2. p. 332. Celebraõ o seu Nome Macedo Flor. de Espan. cap. 8. excel. 9. Joan. Soar. de Brito Theatr. Lusit. Litter. liter. P. n. 3. Fr. Franc. da Nativid. Lenit. da Dor. pag. 310 n. 308.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Frei Paulino da Estrela

Fr. PAULINO DA ESTRELLA, natural da Villa de Castello de Vide em a Provincia Transtagana, e filho de Pays nobres criados da Casa Real. Com intento de conseguir algum lugar honorifico se ordenou de Presbitero porem vendo frustradas as suas esperanças deixou o mundo, e professou o austero instituto da Serafica Provincia dos Arrabidos practicando com summa exaçaõ todas as maximas da Disciplina Regular. Entre os Religiosos nomeados pare a Missaõ de Inglaterra quando dominava o seu Trono a Serenissima Rainha D. Catherina filha do Augusto Monarcha D. Joaõ IV. foy elle eleito, e no espaço de dezasete annos, que assistio em Londres manifestou o zelo apostolico que lhe ardia no peito em beneficio dos Catholicos principalmente nos feridos da peste ministrava os remedios espirituaes, e corporaes sem horror de ser victima da fatal epidemia que devastava grande parte da Corte. Obrigado a deixar a Inglaterra por cauza da persiguiçaõ concitada pelos hereges contra os Catholicos chegou a Lisboa e no Hospital continuou no exercicio da charidade com os enfermos ministrando-lhe os Sacramentos e animando-os na ultima hora para alcançarem a vida eterna. Desta continua assistencia contrahio a infermidade, que o privou da vida na Enfermaria de Lisboa a 7 de Fevereiro de 1683. Está sepultado no Convento de S. Joze da sua Provincia. Delle fez memoria Fr. Joze de Jesus Maria Chron. da Prov. da Arrabid. Part. 2. liv. 4. cap. 1. n. 681. E seguinte. Compoz em verso cuja Arte desde os primeiros annos cultivou.

Flores del Dezierto cogidas en el Jardin de la Clausura Minoritica de Londres. Londres 1667. 12. sem nome do Impressor.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]