D. Luís de Santa Ana

D. LUIZ DE SANTA ANNA natural de Lisboa Conego Regrante de Santo Agostinho, cujo habito recebeo no Real Convento de S. Vicente de fora dos muros de Lisboa a 9. de Novembro de 1706. Foy Lente de Theologia, Moral e teve talento grande para o pulpito de cujo ministerio se fez publico.

Oraçaõ funeral das exequias dedicadas à Serenissima Infanta de Portugal D. Francisca de gloriosa memoria, prégado na Sé Primacial de Braga a 6. De Setembro de 1740. 4. Naõ tem lugar, nem anno de Impressaõ.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Luís da Anunciação

LUIZ DA ANNUNCIAÇAÕ chamado no seculo Luiz Lopes, nasceo em a Cidade do Porto sendo filho de Ioaõ Lopes, e Paula Leonarda. Foy admitido á Congregaçaõ dos Conegos Seculares do Evangelista em o Convento de Villar de Frades a 17. de Junho de 1652. onde floreceo o seu talento na cadeira, e no pulpito. Foy Doutor Theologo pela Universidade de Coimbra, e Qualificador do Santo Officio. Pelo prudente juizo de que era ornado administrou duas vezes a Provedoria do Hospital Real das Caldas, e os Reytorados dos Conventos de Villar, e Collegio de Coimbra. Teve natural elegancia para se explicar, ou fosse discorrendo. Ou conversando. Falleceo na patria a 28. de Novembro de 1709. com 70. annos de idade e 57. de Congregaçaõ. Delle se lembra com louvor o Padre Francisco de Santa Maria Chron. dos Coneg. Sec. liv. 2. cap. 40. Publicou.

Sermaõ na Tresladaçaõ de S. Bento prégado no Convento das Religiosas do Porto. Coimbra pela Viuva de Manoel de Carvalho 1673. 4.

Sermaõ do Discipulo amado o Evangelista S. Ioaõ pregado no Hospital Real de Coimbra. Coimbra por Manoel Dias 1675. 4.

Censura da Chronica dos Conegos Seculares do Evangelista composta pelo Padre Francisco de Santa Maria. Sahio impressa ao principio desta obra. Lisboa por Manoel Lopes Ferreira 1697. fol. He elegãte, e discreta.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Luís da Anunciação

LUIZ DA ANNUNCIAÇAÕ semelhante ao precedente em o nome, e instituto que abraçou vestindo a murça a 31. de Março de 1697. Teve por patria a Villa dos Arcos de Valdeves em a Provincia do entre Douro, e Minho, e por pays a Ioaõ da Fonceca de Araujo, e Domingas de Araujo Barboza de igual nobreza á de seu consorte. Jubilou na Sagrada Theologia, que dictou com aplauzo aos seus domesticos e foy Qualificador do Santo Officio, Examinador Synodal do Bispado de Lamego, e Reytor do Convento de Santo Eloy do Porto em cujo governo passou a melhor vida em 13. de Mayo de 1740. Dos muitos Sermoens que prégou se fez publico o seguinte.

Sermaõ do Santissimo Sacramento prégado no Triduo das Festas de Braga em 29. de Mayo de 1728. Lisboa por Antonio Pedrozo Galraõ. 1730. 4.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Frei Luís dos Anjos

Fr. LUIZ DOS ANJOS natural do Porto filho de Gaspar Rodrigues, e Maria Botelho, igualmente nobres, e opulentos. Na idade da adolescencia professou o sagrado instituto dos Eremitas de Santo Agostinho em o Real Convento de N. Senhora da Graça de Lisboa a 13. de Setembro de 1591. Dictou Theologia Especulativa, e Positiva em diversos Conventos da Provincia de cuja instruçaõ sahiraõ discipulos que brevemente foraõ Mestres. O Illustrissimo Arcebispo de Braga D. Fr. Aleixo de Menezes grande credito da Familia Augustiniana o elegeo por seu Confessor. Deixada a especulaçaõ dos estudos severos se aplicou em o obsequio da sua Religiaõ que ternissimamente amava, a examinar a antiguidade da sua origem, os priuilegios, e indultos, que lhe concederaõ os Summos Pontifices, e os Varoens illustres em virtude, e sciencia que nella floreceraõ, e como para conseguir taõ ardua empreza lhe fosse precizo discorrer por Espanha, França, e Italia revolvendo os Archivos de todos os Conventos Augustinianos, o nomeou Chronista a 28. de Dezembro de 1608. Fr. Ioaõ Baptista de Aste Geral da Ordem cuja eleiçaõ dezempenhou como da sua capacidade, e indefesso estudo se esperava, porém a morte envejoza do aplauzo que havia conciliar ao seu nome o privou intempestivamente da vida em Coimbra a 8. de Janeiro de 1625. Com diversos elogios celebraõ a sua memoria os Escritores como saõ Fr. Francisco Macedo Collat in 3. Part. collat. 8. Dif. 1. cap. 3. Laude virtutis, & sapientiae florentem & in Comment. pro S. Vicent. Lerin. p. 124. insignem Doctorem Conimbricensem. Herrera Alphab. August. Dignus profecto vir quacumque commendatione propter candorem, & bonitatem animi, insignem eruditionem, continuum laborem, & studium in rebus Augustinianis eruendis. e na Anast. August. p. 130. Vir egregius. Illustr. Cunha in Decret. ad C. in istis dist. 4. n. 1. Cujus laboribus, & dilegentia non semel usus sum in Historia mea Episcoporum Portucalensium, & utinam possem in Bracharensi, quam paro. E no Cathal. dos Bisp. do Porto Part. 2. cap. 43. Douto antiquario, e de grande authoridade Abreu Vid. de Santa Quiteria. pag. 225. douto Padre. Ioan. Soar. de Brito Theatr. Lusit. Litter. Lit. L. n. 22. Vir rerum, & antiquitatum Ordinis acerrimus indagator, & magnae eruditionis. Nic. Ant. Bib. Hisp. Tom. 2. p. 15. col. 1. Ordinis sui ornandi studiosissimus, vir doctus, atque eruditus candore que animi charus omnibus.  Franckenau Bib. Hisp. Gen. Herald. p. 286. Ordinis sui Historiographus celeberrimus. Magna Bib. Eccles. p. 460. col. 1. Compoz.

De Vita, & Laudibus S. Patris Aurelii Augustini Hipponensis Episcopi, & Ecclesiae Doctoris eximij libri sex. Conimbricae Typis Didaci Gomes de Loureiro 1612. 4. & Parisiis apud Jacobum Bessim 1614. 8.

Sermaõ em louvor de N. Padre Santo Agostinho Bispo de Hipponia, e principal Doutor da Igreja. Coimbra por Diogo Gomes de Loureiro 1718. 4.

Jardim de Portugal, em que se dá noticia de algumas Santas, e outras mulheres em virtude, as quaes naceraõ, e viveraõ, ou estaõ sepultadas neste Reyno, e suas Conquistas. Coimbra por Nicolao Carvalho. 1626. 4.

Historia Geral da Ordem de Santo Agostinho, que comprehende o primeiro seculo. Sahio com algumas addiçoens de Fr. Pedro del Campo Chronista Geral em Castelhano, e a publicou em seu nome. Barcelona por Jayme Romeu fol.

O 2. Tomo se conserva M. S. na Livraria do Convento de N. Senhora da Penha de França de Eremitas de Santo Agostinho situado no suburbio de Lisboa como deixou escrito Fr. Antonio da Purificaçaõ Chronista da Provincia de Portugal nos seus M. S.

Notas sobre as Centurias de Fr. Jeronimo Roman. O original desta obra conservava Fr. Antonio da Purificaçaõ como escreve na 1. Parte da Chronica da Provincia Augustiniana em Portugal Part. 1. liv. 1. Tit. 8. §. 4. pag. 114. vers. col. 2. e Part. 2. liv. 5. Tit. 1. §. 5. pag. 71 . vers. col. 1.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Frei Luís dos Anjos

Fr. LUIZ DOS ANJOS natural de Lisboa filho de illustres Pays quaes foraõ Pedro Cezar, e D. Briolanja de Mello. Professou o austero instituto da Serafica Provincia dos Algarves, onde foy Lente jubilado na Sagrada Theologia, Qualificador do Santo Officio e duas vezes Provincial sendo a segunda eleito no anno de 1623. Falleceo no Convento de Xabregas cabeça da sua Provincia. Reformou com grande trabalho, e publicou.

Primeira, e segunda Parte das Chronicas da Ordem dos Frades Menores do Serafico Padre S. Francisco compostas por Fr. Marcos de Lisboa. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1615. fol.

Mesa Espiritual Lisboa 1667. 8.

Faze lembrança deste author Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. 2. pag. 15. col. 2. Fr. Joan. a D. Ant. Bib. Francisc. Tom. 2. pag. 190. col. 2. e Magna Bib. Eccles. Tom. 1. pag. 460. col. 1.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]

Luís António Verney

LUIZ ANTONIO VERNEY nasceo em Lisboa a 23 de Julho de 1713, e recebeo a graça bautismal na Real Parochia de S. Juliaõ a 6. de Agosto do dito anno sendo seus progenitores Dionisio Verney, e Maria da Cõceiçaõ Arnaut. Depois de instruido nos primeiros rudimentos em que mostrou prespicaz talento, e feliz comprehençaõ, ouvio Filosofia em a Congregaçaõ do Oratorio da sua patria dictada pelo Padre Estacio de Almeyda Chronista Latino do Reyno de Portugal, e Academico da Academia Real da Historia Portugueza, cuja faculdade continuou em a Universidade de Evora onde foy Porcionista do Collegio da Madre de Deos, e taes foraõ os progressos que fez a sua estudiosa aplicaçaõ que depois de defender Conclusoens publicas de toda a Filosofia mereceo o grao de Mestre em Artes. Tendo frequentado em a mesma Academia dous annos a Sagrada Theologia, passou a Roma em 6. de Agosto de 1736. e consumando com grande aplauzo do seu nome a carreira de taõ sublime Faculdade em a qual propugnou humas Concluzoens especulativas, e dogmaticas offerecidas ao Summo Pontifice, recebeo as insignias Doutoraes, como tambem na Jurisprudencia Cesarea cujas dificuldades penetrou com igual disvelo que lhe merecera a Theologia. A integridade da vida unida á vastidaõ da litteratura lhe adquiriraõ ser provido por nomeaçaõ Pontificia em a dignidade de Arcediago da Sexta Cadeira na Cathedral de Evora de que tomou posse a 24. de Fevereiro de 1742. He observantissimo cultor da lingua Latina que escreve com pureza, e elegancia, como tambem dos preceitos da Oratoria, e Poetica que se tem practicados nas suas compoziçoens sendo hum dos melhores ornatos da Academia dos Arcades que se intitulou com o nome de Verenio Origiano. Compoz.

De recuperata sanitate Ioannis V. Lusitanorum Regis Oratio habita Romae anno 1744. Romae apud Generosum Salamonium. 1745. fol.

Soneto Portuguez em aplauso da saude do Serenissimo Rey de Portugal D. Ioaõ V. Sahio a pag. 154. de la Adunanza tenuta degli Arcadi per la riccuperata salute de la Sacra Real Maesta di D. Giovani V. Re di Portugalo. Roma por Antonio Rossi 1744. 4.

De conjungenda Philosophia cum Theologia Oratio ad Academiam Theologicam habita in Romano Archigymnasio XIV. Kal. Dec. MDCCXLVI. Romae Typis Joan. Generosi Salamoni 1747. 4.

Francisco de Portugal e Castro Marchioni de Valença Generis antiquitate, honoribus, eruditione, gloriaque florenti Aloysius Antonius Verneius Archidiaconus Eborensis. S. D. Começa. Cum scripta nostra aliqua, quae plurima ab ineunte aetaie lucubravimus, edere in animo cogitarem &c. Acaba. D. Romae. a D. III. Aprilis A. C. CIKIKCCXXXXVIII. Consta de dez paginas onde escreve ter composto toda a Filosofia, e Theologia Especulativa, e Dogmatica em 10. Volumes para instruçaõ da mocidade Portugueza.

De Orthographia Latina liber singularis. Romae typis Generosi Salomoni 1747. 8.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]