Dez 10, 2018
D. IZABEL Infanta de Portugal filha de D. Jayme unico do nome IV. Duque de Bragança, e de sua primeira consorte D. Leonor de Mendoça foy ornada de todos aquelles excellentes dotes, que sem o coroado esplendor da origem se constituem Heroinas no Templo da immortalidade. A fermosura do corpo correspondeo à Santidade do espirito sendo compassiva para os pobres, religiosa para Deos, nas açoens prudente, no juizo discreta, e na conversaçaõ afavel. Foy despozada com o Infante D. Duarte filho dos Serenissimos Monarchas D. Manoel, e D. Maria cujo augusto consorcio se celebrou em Villaviçosa a 23 de Abril de 1537. de que foraõ gloriosos frutos a Senhora D. Maria nacida a 8 de Dezembro de 1538. que cazando em o anno de 1565. com o famoso Alexandre Farnesi terceiro Duque de Parma, e Placencia, Governador de Flandes, e Cavalleiro do Tuzaõ de quem teve larga descendencia passou piamente a coroarse no Impirio a 8 de Julho de 1577. A Senhora D. Catherina que nacendo a 18 de Janeiro de 1540. cazou com seu Primo com irmaõ D. Joaõ I. do nome, e VI. Duque de Bragança a qual foy Opositora à Coroa desta Monarchia contra a ambiçaõ de Filipe Prudente. O Senhor D. Duarte Duque de Guimaraens, e Condestavel de Portugal, que morreo em Evora a 28 de Novembro de 1576. Cumulada de virtuosas obras falleceo a Infanta D. Izabel em Villaviçosa a I6 de Setembro de I576. Jaz sepultada no Serafico Convento das Chagas desta Villa com o seguinte epitafio gravado na sepultura.
Aqui jáz a Senhora Infanta D. Izabel mulher do Infante D. Duarte filha do Duque D. Jayme, que pela muita devoçaõ que teve a esta Caza se mandou aqui lançar Anno M.D. LXXVI. Foy muito aplicada à liçaõ dos livros principalmente Asceticos, e Escriturarios de cuja aplicaçaõ se seguio escrever com madura reflexaõ.
Nottas aos Evangelhos que se lem nas Domingas Festas, e outros dias do Anno. fol. 2. Tom Esta obra escrita da propria maõ da Infanta se conserva na Bibliotheca real em cujo fin està o seguinte testemunho que canoniza a sua legalidade. Certifico eu o Doutor Manoel do Valle de Moura Deputado do Santo Officio que entre os livros escritos de maõ, e papeis que S. A a Senhora D. Catherina que Santa gloria haja dos seus escritorios me entregou para rever por comissaõ do Senhor Alexandre seu filho, sendo Inquisidor mór destes Reynos, e eu seu Mestre, e Criado, me entregou este livro,outro da mesma letra, e me disse que ambos foraõ da Senhora Infanta D. Izabel sua Mãy, e eraõ de sua letra, e maõ propria. Os quais livros eu revi entaõ, e agora, e naõ acho nelles couza que ofenda a fé, ou bons custumes, antes os tenho por dignos de naõ ficarem sepultados no esquecimento, e sahirem ao publico por qualquer meyo, que julgar, quem milhor voto tiver, porque no meu resulta delles prova clara de erudiçaõ, espirito, e grande Santidade desta Senhora, e hum exemplo heroico da sua piedade para das outras Senhoras da sua eminencia, e inferiores humas o imitarem, outras o admirarem, e todos darem por elle gloria a Deos que he Pater luminum de quem decem estes dons perfeitos. Evora 24 de Agosto de 1633. Manoel de Valle de Moura
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]
Dez 10, 2018
D. IZABEL DE CASTRO, E ANDRADE filha herdeira de Alvaro Perez de Andrade descendente legitimo dos Condes de Andrade, e Vilhalua em Galiza, Commendador de Torres Vedras, e Senhor do morgado da Annunciada de Lisboa, e Padroeiro da Capella mòr deste Convento; e de D. Guiomar Henriquez filha de D. Manoel Pereira III. Conde da Feira, e de sua segunda mulher D. Francisca Henriques. A graça em competencia da natureza a ornou de espirito sublime, entendimento perspicàz, memoria feliz, natural benevolencia, e discriçaõ summa. Das sciencias severas teve taõ profunda instruçaõ que defendeo Concluzoens de Filosofia, e Theologia em o Convento de Santo Antonio do Varatojo. Na Poesia mereceo lugar destinto entre o Coro das Musas sendo os seus versos conceituosos, cadentes, e elegantes. Foy cazada com D. Fernando de Menezes 4. Senhor do Louriçal Capitaõ General de Tras os montes do Conselho delRey, e Commendador de Santa Christina de Sarzedello na Ordem de Christo, de quem teve quando já contava 54 annos de idade a D. Henrique de Menezes V. Senhor do Louriçal que alcançou naõ pequena gloria na Restauraçaõ da Bahia; e a D. Maria de Castro que cazou com D. Joaõ de Menezes Alferez mòr do Reyno. Falleceo em Lisboa no anno de 1595. e está sepultada na Capella mòr do Convento da Annunciada jazigo da sua illustre Caza. Das suas obras poeticas se podia formar hum volume, dos quais se fizeraõ unicamente publicos dous Sonetos, hum em aplauzo de Alonso de Erzila author do Poema Araucana dedicado ao Conde de Lemos, e Andrada parente de D. Izabel de Castro, e naquelle tempo Embaxador em Portugal, cujo Soneto transcreveo Manoel de Faria, e Souza no Comment. do Sonet. 95. de Camoens. Tom. 1 . p. 181. e tanto o louva que diz parecerlhe produçaõ da penna deste divino Poeta. O outro Soneto sahio impresso na Part. 3. liv. 3. cap. 14. da Hist. Seraf. da Prov. de Portug. escrita por Fr. Fernando da Soledade o qual para se conhecer o espirito poetico desta Heroina se transcreve neste lugar. O argumento do Soneto era estar convertido o forno de cal que servio para as obras do Convento de Varatojo em huma Capella dedicada a Christo Crucificado, e ainda no anno de 1590. se lia sobre o frontispicio gravado.
Cheyo de furiosa flamma ardente,
A dura pedra sendo aqui lançada,
Em pó miudo, e brando transformada
Neste forno jà foy antigamente.
Outra transformaçaõ mais excellente
Por mais suave flamma he já aqui dada,
Antes a duras pedras custumada
Agora a Coraçoens de dura gente.
Edificios na terra entaõ fazia
Edidicios no Ceo levanta agora.
Vede a transformaçaõ daquelle efeito!
Passou de noyte escura a claro dia.
Com taõ grande ventagem se melhora
Que entaõ abrandou pedras, hoje o peito.
O Padre Antonio dos Reys Enthusiasm. Poet. n 277. a aplaude com estas
expressoens metricas.
Elisabeth cujus, vel dum Camonius Orbem
Adse vertebat stupefactum, plectra fuere
Auscultata: dolet Phaebus, Musaeque Sorores Pauca, quod è tantis superessent
Carmina, tempus
Accusantque vorax, nec non oblivia nostra,
Quae rodenda feris tineis tot scripta dederunt.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]
Dez 10, 2018
D. IZABEL CORREA igualmente instruida na intelligencia das linguas mais polidas da Europa, como versada em todas as Artes liberaes. Na Cidade de Amsterdaõ onde assistio a mayor parte da sua vida instituyo em Caza huma Academia, que era frequentada dos mais eruditos engenhos de hum, e outro sexo onde se altercavaõ questoens deleitaveis, e judiciosas. Publicou o insigne Poema de Baptista Guarino com este titulo.
El Pastor Fido traduzido de Italiano en Metro Espanhol y illustrado com reflexiones. Amsterdam por Juan Ravenstein 1694. 8
Ao seu sublime talento, do qual brevemente se lembra o author do Theatr. Heroin. Tom. 1 . p.537. lhe fez este elogio metrico o Padre Antonio dos Reys Enthus. Poet. n. 282.
Itala Pastorem Fidum Correa vetabat
Dulcia verba loqui, tradens mysteria linguae
Hispanae, duplicem sanctissima jura per orbem
Dantis: odora comas nectebat laurea; plectro
Dextera Threiciam citharam pulsabat eburno:
Quà tamen in Sacri sit Montis sede locanda,
Non bene cum Lusis Hollandis convenit: isti
Convictum objiciunt per tempora longa, suisque
Proin jungendam contendunt Vatibus: illi
Deberi Lysiae jam grandia verba crepantem,
Quae Lusos inter balbas dedit ore loquellas,
Difficilesque sonos meliori jure reponunt.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]
Dez 10, 2018
Sor IZABEL DA MADRE DE DEOS Abbadessa do Serafico Mosteiro de Santa Clara da Cidade do Funchal na Ilha da Madeira taõ observante do seu Instituto, como deligente observadora das açoens memoraveis das suas companheiras, escrevendo
Relaçaõ Summaria de varias Religiosas que floreceraõ em virtudes no Convento de Santa Clara da Cidade do Funchal. Desta obra, como da Authora faz mençaõ Fr. Fernando da Soled. Hist. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 3. addicionad. n. 932.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]
Dez 10, 2018
IZABEL MARIA DE S. IOZÉ naceo na Villa de Olivença Praça de Armas da Provincia do Alentejo a 8 de Abril de 1647. e na Parochia de Nossa Senhora do Castello recebeo a primeira graça a 15 do dito mez. Teve por Pays a Manoel Gomez Sardinha Capitaõ de Cavallos, e Maria Nunes. Desde os primeiros annos cultivou as virtudes fazendo nelles mayores progressos quando vestio o habito de Terceira na Ordem de S. Domingos. Falleceo piamente a 31 de Mayo de 1701. Compoz.
Memorias da sua Vida. M. S.
Das quais escritas da sua propria maõ conserva huma parte o Padre Prezentado Fr. Agostinho de S. Boaventura da Ordem dos Pregadores. No Tom. VI. do Agiolog. Domin. sahirá largamente descrita a sua vida pela penna do P. Fr. Iozé da Natividade Dominico continuador daquella grande Obra.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]
Nov 28, 2018
D. IZABEL SENHORINHA DA SYLVA irmaã de Soror Maria do Ceo Religiosa em o Serafico convento da Esperança Corte da qual se fará illustre memoria em lugar, naceo em Lisboa sendo filha de Antonio Deça de Castro, e naõ Antonio de Sà como modernamente escreveo o author do Theatr. Heroin. Tom. 2. pag. 499. e de D. Catherina de Tavora filha terceira de D. Antaõ de Almada Senhor do Pombalinho, e de lagares delRey, Embaxador extraordinario á Corte de Inglaterra, e de D. Izabel Sylva. Foy muito inclinada à liçaõ dos livros donde o seu penetrante juizo, e natural discriçaõ colheo as flores que ornou as suas compoziçoens assim Poeticas, como Historicas merecendo entre ellas a primazia.
Comedia de Santa Iria.
Estrella errante
Noutes do Sol.
Obras de Misericordia.
Foy cazada com Diogo Luiz Ribeiro Soares Tenente General da Cavallaria da Corte, General de batalha, e Tenente General Artilharia do Reyno, Conselheiro de Guerra Commendador das Commendas de Santa Maria de Azave, e de Santa Maria de Monte Alegre da Ordem de Christo de quem teve a Joachim Manoel Ribeiro Soares que cazou com D. Thereza Barbara de Menezes Dama da Serenissima Rainha D. Mariana de Austria filha de D. Luiz Balthezar da Sylveira seu Vedor, e de D. Luiza Bernarda de Menezes irmaã do II. Marquez das Minas: e a D. Maria Catherina de Tavora cazada com seu Primo com irmaõ Manoel Lobo da Sylva Commendador de Santa Maria Moncorvo, e de S. Tiago de Adeganha da Ordem de Christo, Coronel da Cavallaria, Brigadeiro na Provincia do Alentejo, e General de Batalha de quem teve sucessaõ.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]
Página 10 de 11« Primeira«...7891011»