Set 9, 2018
D. Adelia Josephina de Castro Fonseca É natural da capital da provincia da Bahia, filha de Justiniano de Castro Rebello e de dona Adriana de Castro Rebello, e casada com o chefe de divisão Ignacio Joaquim da Fonseca.
De uma educação primorada, cultora mimosa da poesia desde seus mais verdes annos, qualquer de suas composições denuncia um dos bellos dotes de seu espirito, como por exemplo a que tem por titulo Ao meu coração, dirigida ao espozo, em cuja imagem, na auzencia, se espelha sua mente. Eis a poesia :
“Porque estás tão apressado,
Coração, a palpitar
Queres, deixando meu peito,
Por esses ares vôar
Queres de meu pensamento
A carreira acompanhar?
Queres, misero insensato,
Este desejo cumprir
Intentas da fantazia
Os amplos vôos seguir
Buscas, vencendo a distancia,
Tua saudade extinguir?…
Esta saudade tão funda,
Tão viva, tão pertinaz,
Que ta faz tão desgraçado,
Que tão ditozo te faz?
Que tanto te amarga ás vezes,
Que ás vezes tanto te apraz?
Pretendes tu, pobre louco,
Tuas dôres augmeutal?
Desejas ao lado – d’Elle –
martyrios te fartar?
Queres nos olhos, que adoras,
Mais desenganos buscar?
Si ao excesso do tormento
Tivesses de succumbir,
Quem tanto havia de amal-o,
Deixando tu de existir?
Quem ousaria comtigo
Em firmeza competir?
E elle, onde poderia
Tão soberano reinar?
Onde iria sua imagem
Obter tão devoto altar,
E tão desvelado culto,
Tão fervoroso – encontrar?
Deixa ir só meu pensamento
De seus vôos na amplidão.
Quem sabe, si ao lado d’outra
O acharás coração?…
Morre embora de saudade ;
Porém de ciume… não!!”
Dona Adelia escreveu:
– Echos de minha alma. Bahia, 1865, in – 8º – É uma collecção de seus primeiros versos. Este livro foi-me levado de minha estante, mas delle ficaram-me deslocadas duas folhas, donde transcrevi a poesia acima.
Collaboradora constante do Almanah de lembranças luzo-brazileiro, seus escriptos tem ahi logar distincto. Entre taes escriptos alli se acham:
– A aurora brazileira: poesia em decimas rimadas, que vem no almanak para o anno de 1860, pag. 379, reimpressa no do anno seguinte, pag. 342, e tambem no volume Echos de minha alma. É uma primorosa composição, a proposito de outra de um distincto poeta portuguez, cantando a aurora de seu paiz, á qual antepõe a autora as bellezas da aurora do Brazil.
[Augusto Victorino Alves Sacramento Blake, Diccionario Bibliografico Brazileiro, vol. 1]
Set 9, 2018
Adalberto Jahn- E’ natural da Allemanha e esteve algum tempo em serviço do ministerio da agricultura.
Cidadão brazileiro e cavalleiro da imperial ordem da Rosa se declara elle no rosto da obra que passo a mencionar; e no seu prefacio escreve: «Desejamos outrosim manifestar nossas ideias a tal respeito ( que a colonisação, sobre todas a do elemento germanico, tem aqui um futuro seguro e prospero) baseadas n’uma experiencia de muitos annos no imperio brazileiro. »
Escreveu:
– As colonias de S. Leopoldo na provincia brazileira do Rio Grande do Sul e reflexões geraes sobre a emigração espontanea e colonização no Brazil Leipzig.1871 – No prefacio ainda diz elle que pelo espaço de doze annos tem servido como director e inspector de colonias e de curador de colonos, tem lidado com negocios de colonisação, etc.
– Carta topographica de uma parte do municipio de S. Leopoldo, contendo as terras colonisadas, organizada segundo os trabalhos officiaes e as medições mais exactas pelo agrimensor Ernesto Mûzell. 1870, Leipzig.
– Planta da colonia Santa Izabel – feita pelo capitão Adalberto Jahn, engenheiro e director da colonia Santa Izabel em fevereiro de 1859 – O original existe na bibliotheca nacional da côrte.
[Augusto Victorino Alves Sacramento Blake, Diccionario Bibliografico Brazileiro, vol. 1]
Set 9, 2018
Abilio Cezar Borges, Barão de Macahubas – Filho de Miguel Borges de Carvalho e de dona Mafalda Maria da Paixão, nasceu na villa do Rio de Contas, provincia da Bahia, a 9 de setembro de 1824; estudou na capital da mesma provincia o curso de humanidades, e o da faculdade de Medicina até o quinto anno, passando depois à do Rio de Janeiro, onde frequentou o ultimo anno e recebeu o grao de doutor em 1847.
De volta à Babia, exerceu a clinica, e o cargo de director geral de instrucção publica, do qual obtendo exoneração a seu pedido ao cabo de dous annos, passou a dedicar-se exclusivamente ao exercicio de educador da mocidade, estabelecendo um collegio com o titulo de gymnasio bahiano. Passando a outro o gymnasio, depois de muitos anos de importantes serviços e melhoramentos introduzidos no ensino da mocidade, veiu para o Rio de Janeiro, e aqui fundou um estabelecimento egual que ainda dirige.
Para estudar e pôr em pratica estes melhoramentos tem feito á Europa. diversas viagens; tem publicado e espalhado pelo imperio diversas obras, adaptadas a esse fim, em parte gratuitamente.
O Barão ele Macahubas é cavalleiro da ordem de Christo, comendador da ordem da Rosa, e da ordem de S. Gregorio Magno de Roma; socio do instituto historico e geographico brazileiro, etc,
Escreveu:
– Proposições sobre sciencias medicas: these inaugural. Rio de Janeiro, 1847 – A primeira proposição desta these é a seguinte: O coração não é um orgão essencial à vida, nem é por sua força que principalmente se executa a circulação do sangue no homem.
– Relatorio sobre a instrucção publica da Bahia, apresentado ao excellentissimo senhor presidente Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima. Bahia, 1856- Contém diversos mapas e documentos.
– Relatorio sobre a instrucção publica da provincia da Bahia, apresentado ao excellentissimo presidente, desembargador João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú. Bahia, 1857.
– Discursos diversos pronunciados no gymnasio bahiano. Bahia, 1858 a 1862 – Esses discursos foram publicados separadamente em diversos opusculos, e depois com outros enfeixados e reimpressos· sob o titulo de
.- Discursos sobre educl1ção. Paris, 1862 – Depois da publicação deste volume, ainda outros discursos deu á luz o autor em pequenos opusculos.
– Estatutos e regulamento do gymnasio bahiano. Bahia, 1852.
– Grammatica da lingua portugueza. Bahia, 1860.
– Grammatica da língua franceza. Bahia, 1860 – Esta grammatica e a precedente têm tido outras edições. A terceira edição desta tem por titulo:
– Epitome da grammatica franceza. Antuerpia, 1872.
– Epitome de geographia physica para uso do gymnasio bahiano. Bahia, 1863.
– Primeiro livro ele leitura. Paris, 1866.
– Segundo livro de leitura. Paris, 1866 – Estes dous livros e o que se segue, assim como as grammaticas, são tão conhecidos que dispensam qualquer noticia que delles possa dar. Deles têm sahido diversas edições em consideravel numero de exemplares, de que o autor tem feito remessas gratuitas para diversas provincias, que os têm adoptado. A ultima edição é de 1881.
– Terceiro livro de leitura. Antuerpia, 1872 – Nova edição, 1881.
– Methodo de Ahn para o ensino facil e pratico do francez. Rio de Janeiro, 1871.
– Plano de estudos e estatutos do collegio Abilio, fundado na côrte do imperio. Rio de Janeiro, 1872.
– Vinte annos de propaganda contra o emprego da palmatoria e outros meios aviltantes no ensino da mocidade, fragmentos de varios escriptos, publicados no Globo em 1876. Rio de Janeiro, 1880, 46 pags. in-4.º
– Vinte e dous anos de propaganda em prol-da elevação elos estudos no Brazil. Rio de Janeiro, 1881.
– Dissertação, lida. no congresso pedagogico internacional de Buenos-Ayres a 2 de Maio de 1882 pelo Barão de Macahubas, delegado do Imperio do Brazil, com um appendice, contendo varias noticias sobre as discurssões havidas no congresso e as declarações finaes do mesmo. Rio de Janeiro, 1882, in-8..º – Os themas, sobre que versa a dissertação, são: 1.º Influencia dos internatos normaes sobre o melhoramento e a diffusão da instrucção primaria; 2.º Os melhores meios de em nossas escolas sustentar a disciplina e excitar nos meninos o gosto pela insttrucção.
Ha alguns trabalhos deste autor, publicados em revistas litterarias antes de seu doutoramento, como
– Posição e algumas particularidades historicas e descriptivas da vida de Inhambupe (Bahia). Bahia, 1845 – Vem no Crepusculo, tomo 1º, ns. 3 e 4.
– A pequena rainha por M.me C. Reybaud – Vertido em romance por A. C. B.- Idem, tomo 1º, n. 2, pags. 25 a 30.
[Augusto Victorino Alves Sacramento Blake, Diccionario Bibliografico Brazileiro, vol. 1]
Set 9, 2018
Abel Correia da Camara -Filho do marechal Bento Correia da Camara, vivia no Rio de Janeiro em 1825, Faltam-me a seu respeito outras noticias, sabendo só que escreveu :
– Resposta ao impresso, que fez publicar nesta côrte Amarico José Ferreira com o titulo de Breve exposição aos brazileiros na parte em que falla de Bento Correia da Camara, Rio de Janeiro, 1825, 9 pags.
[Augusto Victorino Alves Sacramento Blake, Diccionario Bibliografico Brazileiro, vol. 1]
Set 9, 2018
Aarão Leal de Carvalho Reis – Filho do doutor Fabio Alexandrino de Carvalho Reis, de quem farei menção no logar competente, e de doua Anna Leal de Carvalho Reis, nasceu a 6 de maio de 1853 na capital da provincia do Pará, onde seu pae exercia o cargo de inspector da alfandega.
Matriculando-se na escola central em 1869, concluiu o curso de engenheiro
geographo em 1812, o de engenheiro civil em 1814, e recebeu o grau de bacharel em sciencias physicas e mathematicas, já tendo antes exercido o magisterio como lente de mathematicas elementares em diversos collegios.
Em 1873, antes de bacharelar-se, entrou como praticante para a direcção das obras publicas da alfandega; em 1875, apenas formado, foi nomeado para fiscalizar as obras do novo matadouro da córte, onde sustentou uma luta incessante com os empreiteiros que procuravam combater as clausulas firmadas com o governo, commissão que exerceu até ser rescindido o contrato, em novembro de 1878; em 1879 fez parte da commissão, que, sob a presidencia do conselheiro Christiano Ottoni, deu parecer sobre a rescisão do contrato e avaliou as obras feitas e por fazer no novo matadouro, dirigindo o serviço das obras feitas; e depois, como engenheiro gerente, incorporou a companhia ferro-carril de Cachamby, que conseguiu montar em oito mezes, construindo os primeiros dous kilometros de via ferrea, regulamentando e iniciando o trafego.
Ultimamente, em 1880, tomou parte no concurso às vagas da segunda secção do curso de engenharia civil da escola polytechnica, sendo habilitado para o provimento dessas vagas; e exerceu o magisterio na mesma escola, como substituto da aula preparatoria do curso de artes e manufacturas até o anno corrente.
Fundou a sociedade União Beneficente Academica da escola central com seu collega José de Napoles TelIes de Menezes, e della foi presidente; é socio de outras, e tem collaborado om diversos periodicos litterarios.
Escreveu:
– Centro academico. Rio de Janeiro, 1872 – É um jornal semanal que fundou e redigiu, sendo ainda estudante, com o fim de congraçar e harmonisar em um centro commum de actividade e trabalho as duas escolas, central e de medicina, o que conseguiu depois de muito esforço, reunindo para isto e obtendo o apoio de doze estudantes de cada uma dellas; e ainda conseguiu congraçar, em torno do mesmo jornal, as escolas militar e de marinha. Esta empreza, entretanto, pouco tempo funccionou.
– A rescisão do contrato de 25 ele julho de 1874, discutida e documentada, Rio de Janeiro, 1879 – Esta obra escreveu o autor depois que deixou a commissão, de que foi encarregado, relativamente as obras do matadouro, e foi mandada publicar pelo governo,
– Trigonometria espherica de Dubois: traducção: Rio de Janeiro, 1872.
– A republica constitucional por Ed. Laboulaye: traducção. Rio· de Janeiro, 1872 – Foi publicada sob o pseudonymo de Horacio Mann.
– A instrucção publica superior no imperio: (série de artigos publicados no Globo, e depois colleccionados). Rio do Janeiro, 1875. 91 pags. in-8.º
– A Exposição nacional: artigos publicados na Gazeta de Noticias em dezembro de 1875, e janeiro de 1876.
– Lições ele algebra elemental. Rio de Janeiro, 1876.
– A idea de Deus por E. Littré: traducção. Rio de Janeiro, 1879.
– O decreto de 19 de abril de 1879: artigos publicados no Jornal do Commercio de 2 a 21 de maio de 1879.
– As faculdades livres: artigo publicado na Gazeta de Noticias em maio de 1879.
– Estatisticas moraes e applicação do calculo das probabilidades a este ramo de estatistica. Rio de Janeiro, 1880 – É uma dissertação que o autor escreveu para o concurso as vagas da segunda secção do curso de engenharia civil, seguida de proposições sobre outros pontos.
– A engenharia e as obras publicas no Brazil: artigos publicados no jornal do Commercio de 25 de setembro a 15 de outubro do 1880,
– A escravidão dos negros: reflexões de Condorcet: traducção, Rio Janeiro, 1881 – Divide-se esta obra em duas partes, isto é: Considerações geraes, philosophicas; c considerações especiaes e praticas.
– A luz electrica, pelo systema de Edison applicada à illuminação pública, Rio de Janeiro, 1882 – É um relatorio e parecer que escreveu o Dr, Aarão, em commissão nomeada pelo director do club de engenharia com os Drs, José Americo dos Santos e João Raymundo Duarte.
[Augusto Victorino Alves Sacramento Blake, Diccionario Bibliografico Brazileiro, vol. 1]