Luís Mendes de Vasconcelos, Do sítio de Lisboa
Luís Mendes de Vasconcelos (c. 1542-43-1623) foi capitão das armadas do Oriente e governador de Angola. É autor Do sítio de Lisboa (1608), obra fundamental, na qual, exaltando as qualidades da capital portuguesa, defendia a prevalência estratégica desta relativamente a Madrid, perante Filipe I de Portugal, criticava ainda a lógica da conquista em detrimento do comércio, defendendo este como modo de criação e fixação de riqueza, o que beneficiaria toda a economia portuguesa. A obra é ainda de muito interesse pelo conjunto de sugestões práticas sobre o ordenamento do território e o aproveitamento agrícola nas lezírias do Tejo e na região de Lisboa.
Manuel Severim de Faria, Dos remédios para a falta de gente
Manuel Severim de Faria (1583-1654) foi teólogo pela Universidade de Évora, clérigo e chantre na mesma cidade. Na obra Dos remédios para a falta de gente (1655) critica a prioridade bélica assumida pelo reino em detrimento do comércio e das manufaturas. Aponta as fragilidades do império do Índico por falta de prevalência da organização do comércio, denunciando no reino a falta de investimento, a concentração fundiária, o absentismo e a consequente desertificação e despovoamento. Para ele, o comércio, a indústria e as manufaturas suscitariam a fixação de recursos, devendo o escrúpulo pelo investimento ultrapassar a conquista. Caberia, deste modo, ao governo do reino favorecer a introdução de ofícios e técnicas modernos de modo a haver independência económica da nação.
Duarte Ribeiro de Macedo, Discurso sobre a introdução das artes no reino
Duarte Ribeiro de Macedo (1618-1680) foi jurisconsulto e diplomata, autor do Discurso sobre a introdução das artes no reino (1655). São conhecidos os seus diálogos com o Padre António Vieira e Francisco Manuel de Melo. Para o estudioso de temas económicos, importaria compreender que o único meio para evitar o dano da dependência do exterior, pelas importações, seria impedir que o dinheiro saísse do reino introduzindo nele artes, isto é, manufaturas. Neste sentido, aponta para cinco remédios que deveriam ser seguidos: a introdução das artes evitaria em comum o dano que fazem ao reino o luxo e as modas; assim se tiraria a ociosidade do reino; far-se-ia este mais povoado de gentes e frutos; resultando, como corolário, o aumento das rendas reais.