IOAÕ MENDES DE VASCONCELLOS Comendador da Ordem militar de Christo naceo em a Cidade de Evora sendo seus progenitores Luiz Mendes de Vasconcellos Capitaõ mòr das Náos da India de quem em seu lugar se fará mais larga memoria, e D. Brites Caldeira. A natureza o dotou de perspicas talento para comprehender as Artes, e de heroico coraçaõ para empunhar as armas merecendo igual Coroa na palestra de Minerva, como em a Campanha de Marte, em cujo aplauzo cantou a Musa de Manoel de Faria, e Souza Fuent. de Aganip. Cent. 1. Madrig. 37.

Tomad ora la espada, ora la pluma,

Y al mundo mostrareis em bella summa

De altas y nobres partes

Executadas con gentil destreza

De joyas de Nobleza grandes Artes:

De joyas de Artes grandes gran Nobleza.

O prologo das suas emprezas militares foy a Restauraçaõ da Bahia no anno de 1625. onde naõ somente foy glorioso instrumento da expulsaõ dos Olandezes, que perfidamente a possuiaõ, mas sendo Mestre de Campo animado da fidelidade que sempre conservou para com a sua Patria impellio ao Marquez de Montalvaõ Vicerey do Estado, que aclamasse a ElRey D. Ioaõ o IV. elevado ao trono dos seus Mayores. Restituido a Portugal sustentou com a espada a justiça do seu Soberano contra a armada potencia dos Castelhanos, conquistando quando era Mestre de Campo General o lugar de Telena em 1643. o Castello da Codiceira em 1646. e socorrendo a Praça de Chaves em 1649. Mayores foraõ os argumentos da disciplina militar quando eleito Governador das Armas da Provincia do Alentejo recuperou o Castello de Mouraõ em 30 de Outubro de 1657. que governava o Mestre de Campo D. Francisco de Avila Orejon; e no sitio, que poz à Praça de Badajoz a 12 de Iunho de 1658. o qual durando o espaço de quatro mezes foy obrigado retirar-se a Elvas com admiravel disposiçaõ por naõ poder rezistir à Epidemia, que tinha extinto grande numero de soldados de cujo infausto sucesso sendo criminado por seus emulos sahio com merecidos aplauzos justificada a sua innocencia. Varios saõ os que lhe dedicaõ graves Escritores como o Conde da Ericeira D. Luiz de Menezes Portug. Restaurad. Tom. 1. pag. 374. 376. 564. 694.e Tom.2. pag.50. 59. 90. 124. 218. Monsiur de la Clede Hist. Gen. de Portug. Tom. 2. pag. mihi 529. 541. 549. 626. 630 e 639. D. Ferd. de Men. Hist. Lusit. lib. 4. p. 346. lib. 5. p. 382. 394. 397. lib. 7. p. 528. 582. 588. lib. 8. p. 658. lib. 9. p. 705. Fr. Gio: Giusep. di S. Teres. Hist. delle Guerre del Brasil Part. 2. liv. 1. acquistosse degnamente la fama d’uno d’ piu ecellenti Capitani delle Spagne. Foncec. Evor. Glorios. p. 170. era de illustrissimo sangue desde menino criado nas armas. Iul. de Mell. Vid. de D. Diniz de Mello e Castr. liv. 1. n. 130. Foy naquelle sendo em Espanha o primeiro Oraculo da disciplina da guerra; buscavaõ-no para decisaõ das duvidas militares, abraçando-se com tanta fé o que disponha, que qualquer resoluçaõ sua naõ só se estabelecia como ley, mas passava a respeitarse como inspiraçaõ. Manoel de Faria, e Souza Fuent. de Aganip. Part. 1. Cent. 3. Sonet. 77 dandolhe os parabens de huma Comenda acaba dizendo.

Si dandote Minerva com Belona,

Cosas que juntas se hallan raramente,

Lo illustre han illustrado èn tu Persona:

No se admire já màs la humana gente

Si en tu virtud juntarse el Tiempo abona

Con el Valor el Premio estrechamente.

Compoz.

Doutrina Maritima, ou da guerra do mar. Dedicado a D. Carlos de Aragaõ Duque de Villa hermosa Conde de Ficalho do Conselho de Sua Magestade Vedor da Fazenda, e Prezidente do Conselho de Portugal. 8. Sem anno, nem lugar, nem nome do Impressor.

Liga deshecha por la expulsion de los Moriscos de los Reynos de España. Madrid por Alonso Martin. 1612 8. Este Poema, que consta de 17 Cantos, he dedicado pelo author a D. Manoel Alonso Perez de Gusmaõ el Bueno. Gentilhome da Camera delRey, e Capitaõ General da Costa de Andaluzia.

Instruçoens Militares. M. S. Desta obra faz memoria o P. Francisco da Fonceca Evor. Glorios. p. 412.

Voto sobre se havia de sahir o nosso exercito contra o de Castella. He muito douto, e se conserva na Livraria do Excellentissimo Duque de Lafoens que foy do Emminentissimo Cardeal de Souza.

Relaçaõ do Reyno de Angola. M. S. Existe na Livraria do Excellentissimo Conde de Vimieyro.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]