Sor GUIOMAR DO DEZERTO naceo em Lisboa sendo setima produçaõ de fecundo thalamo dos Excellentissimos Condes de S. Lourenço D. Luiz de Mello da Sylva Senhor da Villa do Bispo, Alcayde mór de Elvas, Commendador das Comendas de S. Tiago de Lobaõ, e Pentalvos, e S. Salvador de Ioanne em a Ordem de Christo, Vedor da Caza das Serenissimas Raynhas D. Maria Francisca Izabel de Saboia e D. Maria Sofia; e de D. Filipa de Faro filha de Bernardim de Tavora Reposteiro mór, e D. Leonor de Faro. Na eleição do Estado, que abraçou na primavera dos annos deu a conhecer a madureza do juizo com que liberalmente a dotara a natureza sepultando heroicamente o esplendor do seu nacimento em o Serafico Claustro do Convento de Nossa Senhora da Esperança de Lisboa onde professou a 24 de Iunho de 1682. Nesta virtuosa escola aprendeo, e ensinou a mais rigida Observancia, ou fosse como subdita, ou como Prelada. Igualmente foy insigne na arte da Musica, como da Poezia practicando huma com destreza, e suavidade, e exercitando a outra com cadencia, e elegancia. Nunca contaminou a elevaçaõ do seu Enthusiasmo com assumpto profano, antes com escrupulosa advertencia dedicava as suas produçoens metricas em obsequio da divina Magestade, Mysterios da nossa Redempçaõ, de Maria Santissima, e alguns Santos seus Tutelares. Falleceo com eterna saudade das suas Companheiras em o 1 de Agosto de 1710. Compoz.

Panegyrico de Santo Aleixo recitado no seu dia na clausura do Convento da Esperança.

Dezengano do Mundo. Discurso discreto, e douto.

Versos varios, que correm (como escreve o author do Theatr. Heroin. Tom. 2. pag. 497.) pelas mãos dos curiosos em multiplicados transumptos.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]