HEYTOR DA SYLVEYRA filho de Bernardim da Sylveira Senhor de Sobreira Fermosa, e de D. Ignez de Almeyda filha de Bernardim de Almeyda, e D. Guiomar Freyre. Para ser imitador das açoens heroicas de seus Mayores partio para a India no anno de 1561. onde experimentou fortuna taõ infausta aos seus aumentos, que chegou a padecer os efeitos da ultima necessidade. Neste tempo contrahio estreita amizade com o Principe da Poezia Epica o grande Camoens sendo hum dos convidados daquelle gracioso convite, que está nas suas Rimas, e o trouxe em sua companhia no anno de 1569. quando voltou para o Reyno de que faz memoria Manoel de Faria, e Souza Asia Portug. Tom. 2. Part. 3. cap. 4. §. 15. Cazou com D. Ieronima de Menezes filha de D. Luiz de Menezes de quem naõ teve sucessaõ. Foy insigne Poeta como consta daquelles Versos escritos ao Conde de Redondo Vicerey da India em que lhe pedia remedio para a opressaõ em que estava, cujo principio he o seguinte.

Vossa Senhoria crea

Que naõ apura o engenho

Fome se he como a que tenho

Mas a fraze acorta a vea.

Estaõ impressos nas Rimas de Camoens o qual lhe acrecentou estas duas Quintilhas.

Nos doutos livros se trata

Que o grande Achiles insano

Deu a morte a Heytor Troyano

Mas agora a fome mata

O nosso Heytor Lusitano.

Só ella o pode acabar

Se essa vossa condiçaõ

Liberal, e singular

Naõ mete entre elles bastaõ

Bastante para o fartar.

No Cancioneiro de Pedro Ribeiro escrito no anno de 1577. cujo Original se conserva na Livraria do Excellentissimo Duque de Lafoens está hum Soneto de Heytor da Sylveira, que começa.

Theseu, Theseu, e por Theseu perdida. &c.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]