D. HELENA DE TAVORA. Teve por berço a Cidade de Lisboa, e por progenitores a Luiz Francisco de Oliveira, e Miranda Senhor dos Morgados de Oliveira, e Patameira, e D. Luiza de Tavora filha de Alvaro Pires de Tavora Senhor do Morgado de Caparica, e D. Maria de Lima filha de D. Lourenço de Lima, e Brito outavo Visconde de Villanova de Cerueira. Os dotes, que lhe concedeo benefica a natureza augmentados com a estudiosa aplicaçaõ da Poezia, intelligencia das Fabulas, e liçaõ da historia a fizeraõ celebrada entre as Damas da Corte Portugueza distinguindo-se de todas menos pelo esplendor do nacimento, que pela delicadeza do juizo. Despozada com Henrique de Carvalho, e Souza Provedor das obras do Paço continuou no estado conjugal o comercio familiar das Musas, que sempre experimentou propicias às suas composiçoens metricas. Por morte de seu esposo se dedicou com tal vigilancia à educaçaõ de seus filhos, que pelo largo espaço de quatorze annos naõ sahio de Caza, cuja clausura santificou retirando-se para o exemplarissimo Convento de Nossa Senhora da Conceiçaõ de Marvilla da Ordem de Santa Brigida onde sem o vinculo dos votos praticou exactamente os preceitos deste sagrado instituto. Para eternos monumentos da sua piedosa magnificencia ornou os Altares da Igreja com preciosos ornamentos, e primorosas pessas de ouro, e prata, e no Claustro para onde tinha conduzido agua nativa, edificou huma Capella dedicada a Christo com a Cruz às costas. Falleceo com summa piedade a 6 de Agosto de 1720. Jaz sepultada no Coro como Bemfeitora de taõ illustre Comunidade servindo-lhe de Epitafio a memoria de suas virtuosas açoens. Compoz com igual elegancia, que discriçaõ.
Varios Versos. 4. Tomos. 4. M. S.
Sendo dignos da luz publica persuadida de hum heroico desengano os reduzio a cinzas naõ sendo eficazes as deprecaçoens de muitas Religiosas para que se salvassem deste voluntario incendio. Acabàraõ todos os Originaes (como escreve o author do Theatr. Heroin. Tom. 2. pag. 488.) no fogo, mas bastaõ os treslados de algumas obras, que sobreviveraõ ao estrago para viver na posteridade em seus escritos.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]