ANTONIO ISIDORO DOS SANCTOS, Bacharel formado em Canones pela Univ. de Coimbra, e Professor de Rhetorica na mesma cidade; logar que depois trocou pelo de Bedel na propria Faculdade em que era formado. – N. na sobredita cidade em Janeiro de 1743, segundo diz o auctor da Coimbra Gloriosa, ms. que vi na Bibl. Nacional de Lisboa.

Se hei de dar credito á noticia que me deu o meu obsequioso amigo o sr. Manuel Bernardo Lopes Fernandes, fundada no que ouviu a Filippe Ferreira d’Araujo e Castro, que em 1794 tivera alguma convivencia com Antonio Isidoro e d’elle tomara algumas lições de lingua italiana, este Isidoro é o verdadeiro auctor da traducção da Arte Poetica de Horacio, attribuida por outros ao Dr. Cordovil, e que em 1781 se publicou em Coimbra sob o nome de D. Rita Clara Freire d’Andrade (V. este nome no Diccionario). O mesmo meu amigo me diz que a este Antonio Isidoro, poeta de má morte, fora dirigido um soneto anonymo, em que o motejavam e escarneciam com muita graça e propriedade. Como este soneto nunca se imprimiu, que eu saiba, aqui o apresentarei por diversão aos leitores, postoque não em tudo conforme á copia do sr. M. B. Lopes, por me parecerem preferiveis as variantes de outra que ha muitos annos possuo:

 

Fanfaruncias, farofias, bagatellas,

Galhardiferas naus, ondas lethargicas,

D’Apelletica mão pinturas targicas,

Trambolhões, altos couces, cambadellas:

Polvoreas bombardaticas panellas,

Cheiratificos prados, flores vargicas,

Vozes sexquipedaes, espalhdargicas

Cutellos, dardos, chuços, esparrellas.

Mirmidonicos póvos, Deus cambaio,

Daphnetico amante, auxilio imploro,

Pavilhão azulado, ignoto Maio:

Chóro, morro, canguei‑o, é desaforo!

Aqui firo, ali mato, acolá caio:

Os versos aqui tendes do Isidoro.

 

[Diccionario bibliographico portuguez, tomo 1]