ANTONIO HOMEM, Doutor em Canones, Lente na Universidade de Coimbra, Conego Doutoral na Sé da mesma cidade, d’onde era natural; conhecido pela antonomasia de Prœceptor infelix. Por accordão dos Inquisidores de Coimbra foi declarado e convencido como herege, apostata, dogmatista, contumaz e negativo, e n’essa conformidade condemnado nas penas de direito, deposto e privado das ordens, e relaxado á Justiça secular, morrendo qeimado na Ribeira, junto á casa de Jorge Secco, a 5 de Maio de 1624. – A sentença da sua condemnação, que é documento mui curioso a diversos respeitos, correu por muitos annos manuscripta, e d’ella conservo uma antiga copia: porém acha‑se hoje impressa no jornal O Antiquario Conimbricense n.os 3 e 4.
As postillas que dictou na Universidade, todas escriptas em latim, não consta que se imprimissem; e a obra ms. que Barbosa lhe attribue, sobre os privilegios dos Templarios e de algumas cidades do Reino, pereceu naturalmente por effeito do incendio que se seguiu ao terremoto de 1755, com os mais livros da livraria do Conde de Vimieiro, onde se diz existia.
Francisco Freire de Mello na sua Representação ás Côrtes contra a Inquisição, impressa em 1821, a pag 18, falando d’este Lente, ajunta ao seu nome o appellido de «Leitão». Não sei que fundamento para isso tivesse, pois que tanto na referida sentença, como na Bibl. Lusit. é elle nomeado pura e simplesmente Antonio Homem, sem mais accrescimo.
[Diccionario bibliographico portuguez, tomo 1]