ANTONIO COELHO GASCO, natural de Lisboa, Formado na Univ. de Coimbra, ao que parece na faculdade de Direito Civil; depois de ter exercido alguns logares de magistratura, foi despachado para o Brasil no cargo de Auditor Geral da capitania do Grão‑Pará, e ahi consta falecera no anno de 1666. – E.

543) Conquista, antiguidade e nobreza da mui insigne e inclita cidade de Coimbra. Lisboa, na Imp. Reg. 1805. 8.º de XX‑179 pag. – É esta a edição que eu tenho; mas consta‑me que apparecem outros exemplares com a data de 1807: não os tendo confrontado, ignoro se ha com effeito duas edições distinctas, ou se (como parece mais certo) serão todos de uma só, havendo apenas mudança nos rostos. Sahiu por industria de Antonio Lourenço Caminha.[1]

A experiencia repetida do pouco escrupulo que havia da parte do editor em fraudar ás vezes os seus assignantes e leitores nas publicações que apresentava de pretensos ineditos, unicamente com a mira de engendrar volumes em proveito da propria bolsa, fez‑me hesitar por muito tempo se esta seria mais uma das suas artimanhas, e se em logar do escripto de Gasco elle nos teria dado um apontoado indigesto de retalhos e fragmentos colhidos em diversos auctores, e guisados á sua feição. Tanta é a desordem e falta de nexo que se me affigura ver na obra, tal qual existe impressa! Mas as duvidas que se me offereciam quanto a este ponto, cahiram a final perante um testemunho, para mim de muito peso e auctoridade, qual considero o de Pedro José de Figueiredo, que na sua Collecção de Retratos e Elogios de Varões e Donas affirma positivamente haver tido em sua mão o manuscripto autographo da obra de Gasco, que lhe fora confiado por seu possuidor Thomé Barbosa de Figueiredo; e que por aquelle autographo fora tirada a edição de Caminha.

Da outra obra do mesmo Gasco sobre a Origem e antiguidades de Lisboa, até agora inedita, e de grande raridade, sei que possue um excellente transumpto o sr. Antonio Joaquim Moreira; porém tendo‑o franqueado ha muito tempo com a sua usual benevolencia a outro amigo, em cujo poder ainda se demora, não me foi possivel vel‑o. Deixo por isso de dar aqui uma noticia mais circumstanciada d’este manuscripto importante, que falta na Bibl. Nacional de Lisboa, na da Acad. das Sciencias, e em outras alias bem providas de similhantes preciosidades.

 

[1] Existe com effeito esta edição de 1807, diversa da de 1805: d’ella tem um exemplar os sobredito sr. Figaniere.

 

[Diccionario bibliographico portuguez, tomo 1]