Fr. FRANCISCO XAVIER DE S. THERESA Naceo em a Cidade da Bahia Capital da America Portugueza a 12. de Março de 1686. onde teve por Pays a Paschoal Luiz Bravo, e Thereza Viegas de Azevedo. Estudou a lingua Latina no Seminario da Villa da Cachoeyra dos Padres Jesuitas distante sete legoas da sua patria, e sahio egregiamente instruido naquelle Idioma. Quando contava desaseisannos de idade recebeo o habito Serafico no Convento de Sergipe do Conde da Provincia de S. Antonio da Bahia a 3. de Julho de 1702. e professou solemnemente a 4. do dito mez do anno seguinte. Ao tempo, que estava acabando o curso de Artes em o Convento de Olinda passou à Ilha da Madeira em cuja Custodia se incorporou. Para receber as Ordens de Presbitero navegou para Lisboa onde alcançou em atençaõ à prespicacia do seu talento Patente de Leytor de Theologia na Ilha da Madeira para onde voltou a dictar esta Sagrada Faculdade sem a ter apostillado. Segunda vez veyo a Lisboa na companhia de D. Pedro da Cunha Governador da Ilha onde servio o lugar de Procurador da referida Custodia. Passou a Londres no anno de 1714. com Jacinto Borges de Castro que depois foy Enviado naquella Corte e depois de ter discorrido por muitas Provincias dos Paizes Baixos se restituhio a Lisboa no anno de 1717. em o qual se embarcou na Capitanea de que era Almirante o Conde do Rio Grande D. Lopo Furtado de Mendoça da formidavel Armada, que a Magestade delRey D. Joaõ V. expedio à instancia do Summo Pontifice Clemente XI. para libertar a Ilha de Corfu da opressaõ a que estava reduzida pela violencia dos Turcos. Querendo animosamente assistir ao conflicto por ser contra os inimigos da Religiaõ, de que foy theatro o golfo de Passavà na entrada do Archipelago a 19. de Julho de 1717. huma bala de artilharia lhe ferio taõ gravemente a perna esquerda que para conservar a vida foy preciso que logo fosse cortada. Restituido felismente deste fatal desastre entrou com a nossa Armada triunfante da Otomana em o Porto deLisboa onde foy incorporado na Provincia de Portugal a 27. de Abril de 1719. conseguindo em premio da sua erudiçaõ Sagrada, e profana, intelligencia das linguas Italiana, Franceza, e Ingleza como da Poezia vulgar, e Latina, e Oratoria Ecclesiastica os lugares de Penitenciario geral da Ordem Serafica, Examinador das Tres Ordens Militares, e do grande Priorado do Crato, Consultor da Bulla da Cruzada, Academico do numero da Academia Real da Historia Portugueza eleito em o anno de 1735. e da dos Arcades com o nome de Elredio. As Obras Poeticas, e concionatorias que tem publicado saõ as seguintes.
Oratio Panegyrica de Exaltatione Sanctissimi Domini Nostri Benedicti XIII. Pontificis Maximi habita in Regio D. Francisci Olyssiponensi Caenobio Tertio
Nonas Octobris MDCCXXIV. Ulyssipone apud Paschalem da Sylva 1725. 4. No fim tem hum Epigrama Latino, e hum Soneto Portuguez ao mesmo assumpto.
Augurium ex felicissimo conjugio Serenissimi Brasiliae Principis. Ulyssipone apud Officinam Patriarchalem Musicae. 1728. 4. Consta de dous Epigramas, e huma Elegia.
Dous Sonetos, e quatro Epigramas com huma Elegia à Memoria do Duque do Cadaval D. Nuno Alvares Pereira de Mello. Sahiraõ nas ultimas Acçoens do Duque. Lisboa na Officina da Musica 1730. fol. a pag. 171. 172. 176.
Quatro Epigramas Latinos, e hum Soneto Portuguez em louvor do Padre D. Rafael Bluteau Clerigo Regular. Sahiraõ no Obsequio Funebre que lhe dedicou a Academia dos Aplicados Lisboa por Jozeph Antonio da Sylva 1734. 4. a pag. 62. 75. 81. 87.
Sermaõ da Soledade de Maria Santissima na Igreja do Hospital Real de Lisboa no anno de 1729. Lisboa por Mauricio Vicente de Almeyda 1733. 4.
Sermaõ Panegyrico em a nova Festa do Patrocinio do illustre, e glorioso Patriarcha S. Joseph celebrada na Igreja de S. Jozeph de Ribamar em 17. de Junho de 1735. Lisboa por Jozeph Antonio da Sylva. 1735. 4.
Extremus honor Illustrissimo, Religiosissimo, ac Sapientissimo D. D. Emmanueli Caetano à Souza amplissimae dignitatis viro persolutus. Ulyssipone apud Mauritium Vincentium de Almeyda. 1735. 4. Consta de dous Elogios Latinos de estilo Lapidario 5. Epigramas Latinos, e dous Sonetos Portuguezes.
Postremus honor Serenissimo Principi D. D. Carolo Portugaliae Infanti. Ibi apud eumdem Typog. 1736. 4. Consta de hum Elogio Latino 5. Epigramas, e tres Sonetos.
Plausus in Natali die Augustissimae Beriae Principis Olyssipone feliciter natae XVI. Kalend. Januarii MDCCXXXIV. Ibi per eumdem Typog. 1735. 4. Consta de huma Elegia 4. Epigramas hum Soneto, e hum Elogio Natalicio de estylo Lapidario.
Practica com que congratulou a Academia Real de estar eleito seu Collega recitada no Paço a 5. de Setembro de 1735. Lisboa por Jozeph Antonio da Sylva. 1736. 4.
Oraçaõ Funebre nas solemnes Exequias do Augustissimo Cezar Carlos VI. celebradas pela Naçaõ Germanica no Real Convento de S. Vicente de fora em 9. De Março de 1741. Lisboa na Officina Almeydiana 1742. 4.
Tres Epigramas, e hum Soneto em aplauzo do Excellentissimo, e Reverendissimo Bispo do Porto D. Fr. Jozeph Maria da Fonceca, e Evora chegando de Roma a Lisboa. Sahiraõ com outros Versos a este assumpto. Lisboa na Officina Real Sylviana 1742. 4.
Flosculus Epigrammaticus. Consta de Epigramas a todos os Santos da Ordem Serafica. M. S.
Poema ao Espirito Santo que consta de 100. Versos, e todos principiaõ pela letra S. M. S.
Tragicomedia ao martyrio de Santa Felicidade, e seus Filhos. Consta de todo o genero de Versos Latinos. M. S. Todas estas 3. Obras se conservaõ no Convento de Santo Antonio de Olinda.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]