FRANCISCO DE SOUZA TAVARES filho de Gonçalo Tavares Senhor de Mira, Cõmendador da Ordem de Christo, e de D. Izabel de Castro foy exemplar de proezas militares, e de ações virtuosas. Militou na India Oriental com o posto de Capitaõ do Malabar contra os inimigos do Estado de quem alcançou multiplicados triunfos. Querendo conquistar o Ceo se alistou em outra mais nobre milicia qual foy a reformada Provincia da Piedade onde practicando com exacta observancia os preceitos do Serafico Instituto passou a coroar-se na eternidade em o Convento de Santo Antonio da Villa de Aveyro. Foy cazado com D. Maria da Sylva filha de Joaõ de Mello da Sylva de quem teve a D. Magdalena de Vilhena, que foy cazada com D. Joaõ de Portugal neta de D. Francisco de Portugal primeiro Conde do Vimioso a qual supondo, que morrera na batalha de Alcacer passou as segundas vodas com Manoel de Souza Coutinho os quaes santamente se divorciaraõ recebendo elle o habito de S. Domingos com o nome de Fr. Luiz de Souza em o Convento de Bemfica, e ella em o Mosteiro do Sacramento chamando-se Soror Magdalena das Chagas. Sendo Francisco de Souza Tavares Testamenteiro do insigne Capitaõ, e zeloso Apostolo das Ilhas Malucas Antonio Galvaõ publicou no anno de 1563. em Lisboa na Impressaõ de Joaõ Barreira
Tratado dos descobrimentos antigos, e modernos, &c. que achara entre outros seus escritos, e o dedicou a D. Joaõ de Lancastro Duque de Aveiro cuja larga Dedicatoria sahio impressa ao principio do mesmo Tratado, que se reimprimio. Lisboa na Officina Ferreiriana. 1731. fol. Publicou mais
Livro da doutrina espiritual. Contem os Tratados seguintes. 1. que cousa he Oraçaõ, e da necessidade e obrigaçaõ della. 2. Esposição do Padre Nosso. 3. Avizos para os principiantes, ou peccadores se exercitarem na consideração dos beneficios de Deos. 4. Documentos para o principiante espiritual andar com a mente em Deos. 5. Defensaõ da vida espiritual, e oraçaõ. 6. Admoestaçaõ charitativa. 7. Opusculo do Estado da contemplaçaõ. 8. Outro do Estado da Cruz. 9. Admoestação do Anjo ao espirito, que guarda para o persuadir a se unir a Deos com humildade. Lisboa por Joaõ Barreira. 1564. 8. Fazem delle memoria Joan. Soar. de Brit. Theatr. Lusit. Litter. lit. F. n. 76. Cardoso Agiol. Lusit. Tom. 2. pag. 140. Cõment. de 11. de Março letr. C. Fr. Joan. à D. Ant. Bib. Francisc. Tom. 2. pag. 438. col. 2. Fr. Luc. de S. Catherina Hist. da Prov. de S. Domingos de Portug. Part. 4. liv. 3. cap. 11.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]