D. FRANCISCO DE SOUZA naceo em Lisboa a 7. de Agosto de 1631. Onde foraõ seus Progenitores D. Francisco de Souza, e D. Violante de Mello filha herdeira de Francisco de Faria Coelho, e D. Violante de Mello. Foy Capitaõ da Guarda Alemãa dos Monarcas D. Affonso VI. e D. Pedro II. Cõmendador de S. Salvador da Infesta, e Santa Maria de Belmonte na Ordem de Christo, Deputado da Junta dos Tres Estados, Presidente do Senado da Camara, e da Meza da Conciencia, e Ordens, Conselheiro de Estado e Guerra dos Reys D. Pedro II. e D. Joaõ o V. Teve aspecto gentil, juizo maduro, e discriçaõ natural. Nas Academias foy ouvido com applauso, no Conselho de Estado com respeito, e na conversaçaõ com gosto. Cultivou as Musas desde os primeiros annos sendo as suas producçoens metricas ornadas de igual elegancia, que profundidade. Foy intelligente nos idiomas Latino, Italiano, e Espanhol, e versado na liçaõ dos livros historicos, e politicos por onde se constituhio hum dos mais venerados Cortezões do seu tempo. Cazou com D. Helena de Portugal filha de D. Joaõ de Almeida o fermoso Vedor da Caza delRey D. Joaõ o IV. e D. Violante Henriques de quem deixou descendencia. Falleceo em Lisboa a 4. de Fevereiro de 1711. com 80. annos de idade. Delle faz memoria o P. D. Antonio Caetano de Souza Apparat. à Gen. da Cas. Real Portug. p. 161. §. 196. e no Tom. 7. da mesma Hist. liv. 7. pag. 723. e Antonio Carvalho da Costa Corog. Portug. Tom. 3. pag. 302. Fidalgo muy sciente em toda a Faculdade. Escreveo muitas Cartas dignas da luz publica que sómente lograraõ duas, escrita a primeira a Manoel de Souza Moreira em louvor do Theatro Geneal. do la gran Casa de Sosa, que elle compozera, e impressa ao principio desta obra. A segunda ao P. D. Rafael Bluteau em o principio do seu Vocabulario Portuguez, e Latino. Das suas Poesias se podera formar hum volume de justa grandeza sendo entre ellas celebre aquelle Romance, que fez extemporaneamente quando a Serenissima Rainha de Portugal D. Maria Sofia Izabel de Neoburg estava lavando as mãos na Fonte da Nimfa em a Quinta de Alcantara. Começava
En el crystal de una fuente
Lavava Clori sus manos;
Si nò fuè que los Crystales
En sus manos se lavaron.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]