P. FRANCISCO PEDROSO naceo em Lisboa, e logo nos primeiros annos deu claros indicios da innocencia dos costumes, que havia observar por toda a vida sendo a vigilante educaçaõ de seus Pays Manoel de Alpoem de Souza, e Marianna Cardosa da Sylva o suave estimulo para que deixando o seculo buscasse como escola de virtudes a Congregaçaõ do Oratorio fundada nesta Corte pelo apostolico espirito do V. P. Bartholameu do Quental, onde recebeo a Roupeta a 21. De Novembro de 1669. Como era dotado de grande comprehensaõ, e naõ menor capacidade de tal sorte se distinguio no estudo das sciencias severas, que brevemente subio à Cadeira onde com igual clareza, que profundidade dictou as materias mais dificultosas da Theologia Especulativa, e Moral merecendo, que nestas Faculdades fosse respeitado como Oraculo de cuja decisaõ pendiaõ as controversias pertencentes ao foro interno por ser sempre o seu voto estabelecido sobre as solidas bases das opinioens mais provaveis. Á especulaçaõ das sciencias correspondia a practica das virtudes sendo summamente modesto, mortificado, compassivo, amante da pobreza, e inimigo da vaõ-gloria. Copioso foy o fruto, que colheo quando prègava principalmente nas Missoens apostolicas, que fazia por varias partes em o tempo da Quaresma concorrendo o aspecto penitente, e a vòz formidavel para reduzir ao caminho da bemaventurança os coraçoens mais obstinados. Estas partes constitutivas de hum Varaõ perfeito lhe conciliaraõ a estimaçaõ da Nobreza, e particularmente dos Cardiaes Jorge Cornaro Nuncio Apostolico nestes Reynos, e Nuno da Cunha de Attayde Inquisidor Geral, que o creou Qualificador do Santo Officio. A Magestade reynante delRey D. Joaõ o V. o elegeu por seu Confessor confiando naõ somente da sua prudente capacidade os negocios de graves consequencias, mas venerando a sua Pessoa como ornado de insignes virtudes. Naõ eraõ eficazes taõ distintas estimaçoens para alterar ainda levemente o seu coraçaõ por ser superior a todas as honras mundanas conservando sempre a sinceridade de animo com que servia aos interesses alheos, e nunca aos proprios. Mais cheyo de virtudes, que de annos passou com summa piedade desta vida mortal para a eterna a 8. de Janeiro de 1719. A Congregaçaõ em obsequio de filho taõ benemerito lhe dedicou solemnes exequias a que assistio a Nobreza, e a mayor parte das Comunidades Religiosas. Publicou
Exhortaçaõ dogmatica contra a perfidia Judaica feita aos Reos penitenciados no Auto publico da Fè, que se celebrou na Praça do Rocio junto aos Paços da Inquisiçaõ desta Cidade de Lisboa em 9. de Julho de 1713. Lisboa por Miguel Manescal Impressor do Santo Officio 1713. 4.
Censura, in qua resolvitur sufficere approbationem à quocumque Ordinario, ut Confessarius virtute Bullae Cruciatae possit ubique eligi. Sahio no Tom. 1. Quest. Select. Bul. Cruc. Authore Laurentio Pires de Carvalho à pag. 380. athe 386.
De Incarnatione Divi Verbi. fol. M. S.
Esta obra, que era doutissima, levou o Cardial Cornaro Nuncio Apostolico neste Reyno quando delle partio para Roma com o intento de a imprimir, cuja idea se naõ efeituou.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]