FRANCISCO MILLIS DE MACEDO naceo em Lisboa a 20. de Outubro de 1650. onde teve por Pays a Luiz de Pina Caldas, e D. Anna Maria Millis irmãa do Doutor Joaõ Millis de Macedo Dezembargador da Casa da Supplicaçaõ, e Enviado à Corte de Inglaterra. Havendo aprendido os primeiros rudimentos na Patria passou á Universidade de Coimbra onde applicado ao estudo de Jurisprudencia Cesarea fez taes progressos o seu agudo engenho que recebendo o grào de Bacharel na mesma Faculdade se restituhio à Corte, e nella exercitou o officio de Patrono de Causas Forenses com tanto credito, e applauso das suas profundas letras que ainda permanece entre os mayores Professores de hum, e outro Direito a memoria do seu nome. Nunca allegou Author, que naõ fosse primeiramente examinado pela sua incansavel diligencia verificando com este exame a rectidaõ com que uzava das suas doutrinas para confirmar as opinioens que seguia. Como era amante da verdade, e inimigo do interesse sempre patrocinou os letigios em que era manifesta a justiça. Foy ornado de natural brandura, e afabilidade assim para as pessoas da primeira Jerarchia, como da infima classe. Todos os Domingos frequentava o Sacramento da Penitencia em a Congregaçaõ do Oratorio sendo director da sua conciencia aquelle grande Mestre de espirito o P. Manoel Bernardes de quem se farà larga memoria em seu lugar. Cheyo igualmente de virtudes como de annos morreo em Lisboa a 24. De Dezembro de 1721. sendo sepultado na Parochial Igreja de N. Senhora dos Anjos a cujo Funeral assistio a Nobreza da Corte. Foy cazado com D. Jozefa Maria de Magalhaens de quem deixou successaõ. Das muitas, e doutas Allegaçoens, que compoz sómente se fez publica a seguinte
Allegaçaõ de direito sobre a successaõ do Titulo, e Estado da Caza de Aveiro, que vagou por falecimento da Excellentissma Senhora D. Maria Guadalupe de Lancastro a favor de D. Pedro de Lancastro Conde de Villa-Nova, Cõmendador mòr de Aviz contra a Excellentissima Senhora Camareira mòr, e contra os Excellentissimos Senhores o Marquez Mordomo mòr, o Duque de Banhos, e D. Lourenço de Lancastro, e bem assim contra os senhores Procuradores da Coroa, Fazenda. Lisboa por Jozè Lopes Ferreira Impressor da Serenissima Raynha 1719. fol.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]