P. FRANCISCO DE MATTOS naceo na Cidade de Lisboa em o anno de 1636. e logo na infancia descubrio natural inclinaçaõ para a virtude. Na tenra idade de deseseis annos deixando a amavel companhia de seus Pays Joaõ Pereira, e Maria de Mattos passou à Bahia onde em o Collegio dos Padres Jesuitas recebeo a Roupeta a 6. de Março de 1652. com geral satisfaçaõ de taõ grave Cõmunidade como prevendo a gloria, que havia de resultar àquella Provincia com este novo alumno. Aprendidas as sciencias amenas, e severas com a applicaçaõ que depois dictou com applauso, se restituhio a Portugal com o lugar de Procurador Geral onde assistindo pelo espaço de dezoito annos mereceo as estimações das primeiras Pessoas, particularmente da Magestade de D. Pedro II. que lhe costumava chamar o seu Noviço pela modesta compostura, que sempre conservava no semblante. Concluidos os negocios do seu religioso ministerio navegou para o Rio de Janeiro com o lugar de Reytor daquelle Collegio dando no tempo deste governo claros argumentos de seu ardente zelo, e extremosa charidade para com os feridos do contagio chamado da Bicha assistindo igualmente aos moradores da terra como aos Soldados da Frota, que estava ancorada naquelle Porto com todo o genero de remedios assim espirituaes, como corporaes, cuja acçaõ foy gratificada por ElRey D. Pedro II. em huma carta cheya de real benevolencia. Do Reytorado do Rio de Janeiro passou a ser Provincial, cujo governo exercitou quatro annos com igual prudencia, e benignidade donde foy trãsferido a Reytor do Collegio da Bahia, e depois Mestre dos Noviços por cinco annos. Nunca assistia fóra do Cubiculo, excepto quando na Capella interior orava, ou no Confessionario dirigia os penitentes para o caminho da Bemaventurança. Foy ornado de singular modestia, summa pobreza, e de conciencia taõ timorata, que afirmava muitas vezes estar prompto para padecer os mais acerbos tormentos do que ofender a Deos levemente. A sua mais afectuosa devoçaõ era à Paixaõ de Christo, sendo igual o culto, que dedicava à Maria Santissima, cujo Rozario recitava todos os dias duas vezes de joelhos. Cheyo mais de virtudes religiosas, que de annos posto que contava 84. De idade, e 68. de Religiaõ, espirou placidamente no Collegio da Bahia a 19. De Janeiro de 1720. havendo vaticinado a hora do seu transito. Compoz

Sermaõ de S. Gregorio Magno prègado em N. Senhora da Ajuda da Cidade da Bahia. Evora na Officina da Universidade. 1675. 4.

Sermaõ do grande Patriarcha S. Bento pregado no Convento do Rio de Janeiro no anno de 1696. Lisboa por Miguel Manescal. 1697. 4.

Sermaõ das Quarentas Horas pregado no Collegio do Rio de Janeiro em o primeiro dia do anno de 1696. Lisboa por Antonio Pedrozo Galraõ. 1698. 4.

Sermaõ do grande Patriarcha Santo Elias. Lisboa pelo dito Impressor. 1699. 4.

Sermaõ do grande Patriarcha dos Pobres S. Francisco pregado no Convento de Santo Antonio dos Capuchos da Cidade do Rio de Janeiro no anno de 1697. Lisboa pelo dito Impressor. 1699. 4.

Sermaõ do grande Patriarcha Santo Ignacio na Igreja do Collegio da Companhia do Rio de Janeiro no anno de 1697. Lisboa pelo dito Impressor. 1699. 4.

Todos estes 6. Sermoens sahiraõ reimpressos em hum Tomo em Lisboa por Antonio Pedrozo Galraõ. 1701. 4.

Vida do Serenissimo Principe Eleytor D. Filippe Wilhelmo Conde Palatino do Rheno Archithezoureiro do Imperio Romano, Duque de Baviera, de Julia, de CIivia, e dos Montes, Conde de Veldencia, de Spanhemio, de Marchia, de Ravenspurgo, e de Mercia, &c. Pay da Rainha N. Senhora D. Maria Sofia Izabel. Lisboa por Miguel Deslandes. 1692. 4.

Guia para tirar as Almas do caminho espaçoso da perdiçaõ, e dirigillas pelo estreito da salvaçaõ. Traduçaõ da lingua Franceza do P. Juliaõ Hayneufe em a materna. Lisboa por Domingos Carneiro. 1695. 8.

Dor sem linitivos dividida em seis discursos concionatorios, que por exequias para honras funebres da Augustissima Raynha Senhora Nossa D. Maria Sofia Izabel. Lisboa por Valentim da Costa Deslandes. 1703. 4.

Palavra de Deos desatada em discursos concionatorios de doutrinas Evangelicas Moraes, e Politicas. Primeira parte. Lisboa pelo dito Impressor. 1709. 4.

Palavra de Deos desatada. Segunda parte. Lisboa na Officina Real Deslandesiana. 1712. 4.

Dezejos de Job discorridos em dez livros por serem outros tantos os seus dezejos. Lisboa por Paschoal da Sylva Impressor delRey. 1716. 4.

Manual de Meditaçoens para todos os dias do anno. Evora na Officina da Universidade. 1717. 24.

Vida Chronologica de Santo Ignacio de Loyola Fundador da Companhia de JESUS. Lisboa por Paschoal da Sylva Impressor delRey. 1718. fol. com estampas.

Coro Mystico de Sagrados Canticos entoados na armonia de assumptos moraes, politicos, e concionatorios, e asceticos. Lisboa pelo dito Impressor. 1724. fol.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]