D. Fr. FRANCISCO DE LIMA filho de Joaõ de Lima, e Maria das Neves naceo em Lisboa, e no Convento Carmelitano de taõ illustre Cidade recebeo o Habito a 19. de Setembro de 1649. e fez a profissaõ solemne a 25. do dito mez do anno seguinte. Admitido por Collegial em o Collegio de Coimbra em 31. De Outubro de 1652. estudou as sciencias severas em que sahio taõ perito, que logo foy destinado para dictar Filosofia no Convento de Evora, porém como a sua prudencia competisse com a sua sabedoria foy eleyto Reformador, e Visitador do Convento da Villa da Horta na Ilha do Fayal, onde se applicou igualmente à reforma espiritual, que material daquelle edificio. Neste tempo succedeo huma grande consternaçaõ a todos os moradores desta Ilha cauzada pela horrorosa impressaõ dos terremotos, e para applacar a Divina indignaçaõ discorreo pelas Praças como outro Jonas anunciando a subversaõ da Cidade, se naõ emendassem as vidas, e reformassem as consciencias de cujas vozes evangelicas se seguiraõ prodigiosas transformaçoens. Restituido a Lisboa foy nomeado Vigario Geral do Brasil onde cumprio com todas as obrigaçoens de vigilante Prèlado, que igualmente observou quando exercitou o lugar de Prior do Convento de Lisboa no anno de 1686. Foy dos insignes Prégadores do seu tempo conciliando a attençaõ de toda a Nobreza, e principalmente delRey D. Pedro II. quando prégava na sua Real Capella no tempo da Quaresma cujos discursos se animavaõ de liberdade apostolica. Atendendo este Principe aos seus merecimentos o nomeou Bispo dos Estados do Maranhaõ, e Parà a 9. de Outubro de 1691. sendo sagrado em 20. de Abril do anno seguinte, em o Convento do Carmo pelo Eminentissimo Cardial de Lancastre Inquisidor Geral. Antes que partisse para o Maranhaõ, foy provido no Bispado de Pernambuco no anno de 1694. Tanto, que chegou a Olinda começou a practicar as virtudes pastoraes sendo o seu mayor disvello o socorro dos pobres, e amparo das dozellas, em que dispendeo mais do que lhe rendia o Bispado. Acõmetido da ultima emfirmidade, e conhecendo ter chegado o ultimo termo da vida se resignou em o divino benaplacito espirando a 29. de Abril de 1704. Delle fazem mençaõ Carvalho Corog. Portug. Tom. 3. liv. 2. Trat. 8. cap. 47. Fr. Manoel de Sà Mem. dos Escrit. da Prov. do Carm. de Portug. p. 148. Fr. Agost. de Sant. Mar. Sanct. Marian. Tom. 9. pag. 262. Publicou sem o seu nome.
Sermaõ funeral do Eminentissimo Cardial D. Verissmo de Lancastre Cardial da Santa Igreja Romana, e Inquisidor Geral, que celebrou o Conselho Geral do Santo Officio em S. Pedro de Alcantara Convento da Prov. da Arrabida em Lisboa onde está sepultado o seu Corpo. Lisboa por Miguel Deslandes Impressor de Sua Magestade. 1693. 4.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]