D. FRANCISCO LAYNES chamado no Seculo Francisco Troyano filho de Pedro Troyano, e Anna Maria Neto naceo em Lisboa, e quando contava desseis annos de idade se alistou na Companhia de JESUS em o Noviciado da sua Patria a 16. de Outubro de 1672. Depois de estudar as sciencias mayores no Collegio de Coimbra em que fez patente o singular engenho de que era dotado se acendeo em fervorosos dezejos de prègar o Evangelho no Reyno do Malabar, e alcançando faculdade dos Superiores partio para a India no anno de 1681. com o P. Francisco Sarmento. Tanto que chegou a Goa pouco foy o intervallo de tempo que correo para se introduzir no lugar destinado aos seus apostolicos ministerios sendo a Residencia de Catur em Madurè o primeiro theatro em que padeceo com animo imperturbavel terriveis molestias em beneficio daquella Christandade. Naõ foraõ menores as perseguiçoens que experimentou no Reyno do Maravà onde tinha derramado o sangue por Christo o V. P. Joaõ de Brito pois assistindo a esta Christandade dous annos, nos quaes bautizou treze mil, e seiscentas almas, he incrivel quantas injurias ouvio dos Bramanes, e de quantos perigos o salvou a protecçaõ divina. Tendo exercitado com tantos trabalhos o ministerio de Missionario pelo dilatado espaço de vinte e dous annos foy eleito Procurador à Curia Romana para tratar negocios de graves consequencias. Chegou a Portugal no anno de 1704. e partindo para Roma foy recebido com afecto paternal pelo Geral Miguel Angelo Tamburino onde concluidas as dependencias, que o conduziraõ de partes taõ remotas, voltando a Portugal se vio naufragante junto a Malaga. Chegado a Lisboa como fosse eleito Bispo de Meliapor para succeder ao P. Gaspar Affonso o sagrou no Collegio de Santo Antaõ a 18. de Março de 1708. o Eminentissimo Cardeal Nuno da Cunha, e Attaide Capellaõ mòr, e Inquisidor Geral. Partio para a India com alguns companheiros, e depois de experimentar varios perigos na jornada aportou a Moçambique a 23. de Março de 1709. e a Goa a 25. de Setembro havendo desesete mezes, que sahira de Lisboa. O zelo em que se abrazava em beneficio das almas lhe naõ permitio a menor demora para entrar em Meliapor onde perseguido pela malevolencia de hum Governador Gentio foy obrigado a peregrinar fóra do seu Bispado atè que vencidos diversos obstaculos exercitou as obrigaçoens pastoraes com inexplicavel jubilo do seu coraçaõ bautizando a cincoenta mil Gentios, tingindo com o sagrado crisma a innumeraveis Neofitos, e extendendo-se a actividade do seu apostolico ardor desde o Cabo de Comorim atè os confins da China. Tendo acabado a visita das Igrejas do Reyno de Bengala se recolheo à Casa de Chandernagor para tomar os exercicios de Santo Ignacio quando ao terceiro dia estando celebrando Missa foy acõmetido de taõ violenta enfermidade que lhe naõ permitio acabar o Sacrificio, e com tanta intençaõ se agravou, que brevemente o privou da vida a 11. de Junho de 1715. Foy universalmente lamentada a sua morte servindo-lhe as lagrimas, e suspiros de eloquentes Panegyristas das suas virtuosas acçoens de que faz larga memoria o P. Antonio Franco Imag. da Virtud. em o Colleg. de Coimb. Tom. 2. pag. 713. atè 743. e na Imag. da Virt. em o Nov. de Lisboa pag. 968. e no Ann. Glor. S. J. in Lusit. pag. 369. & 778. O P. Joaõ Bautista Duhalde na Epistola Dedicatoria do Tom. 12. des Letres edifiantes, e Curieuses lhe faz o seguinte elogio C’estoit un Prelat qui reùnissoit en sa persone toutes les virtus religieuse, e episcopales. Marangoni Thezaur. Paroch. Tom. 2. pag. 54. Vir in ecclesasticis functionibus diu versatus, & frequens, gravis, & prudens usu rerum praestans. Compoz
Defensio Indicarum Missionum Madurensis nempe Maysurensis, & Carnatensis edita ocasione Decreti ab Illustrissimo Domino Patriarcha Antiocheno D. Carolo Maylard de Tournon Visitatore Apostolico in Indiis Orientalibus. Romae Typis Reverendae Camerae Apostolicae. 1707. 4. e naõ em 1710. como escreve o moderno addicionador da Bib. Orient. de Antonio de Leão. Tom. 1. Tit. 3. col. 83.
Carta escrita de Madure aos Padres da Companhia Missionarios á cerca da morte do Ven. P. Joaõ de Brito. He muito larga. Sahio tradusida em Francez nas Letres Edifiantes, e Curieuses. Tom. 2. desde pag. 1. atè 56.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]