FRANCISCO DE BRITO FREIRE naceo na Villa de Coruche situada na Provincia do Alentejo sendo quarto filho de Antonio Froes de Andrade Fronteiro em Tangere, e D. Catherina Freire filha de Manoel de Andrade Cõmendador da Ordem de Christo, e sua mulher D. Beatriz Freire. Na primeira idade mostrou igual genio para as letras, que para as armas aprendendo humas com admiravel viveza, e exercitando outras com intrepido Valor. O primeiro posto militar que teve foy o de Capitaõ de Cavallos na Provincia da Beira onde crecendo com a idade o seu merecimento, passou duas vezes ao Brazil com o honorifico lugar de Almirante da Armada de Portugal obrigando em a primeira que os Olandezes largassem o Estado de Pernambuco, que injustamente dominavaõ; cujas capitulaçoens se assinaraõ a 26. de Janeiro de 1654. e na segunda conduzindo a 28. de Julho de 1656. para o porto de Lisboa cento e sete nàos carregadas com nove milhoens. Sendo Governador da Praça de Jurumenha obrou acçoens heroicas assim em obsequio da Patria como em ruina de seus inimigos. Entre as virtudes, que conservou com escrupulosa observancia foy a fidelidade para com o seu Soberano de que deo o mayor testemunho quando sendo mandado em 24. de Mayo de 1669. conduzir à Ilha Terceira a ElRey D. Affonso VI. o naõ executou ainda com a mercè do titulo de Vis-Conde, e Governador perpetuo da mesma Villa, cuja acçaõ foy origem de graves calamidades que tolerou constante, dissimulou prudente. Foy Cõmendador da Ordem de Christo, Conselheiro de guerra, Almirante da Armada Real. Teve juizo agudo, discriçaõ natural, e affabilidade summa. Soube os preceitos da Historia, e da Poetica produzindo em huma, e outra Arte sazonados frutos, que lhe immortalizaraõ o nome. Morreo em Lisboa a 8. de Novembro de 1692. Quando excedia a idade de 70. annos. Jaz sepultado em Coruche que he o jazigo dos seus Maiores. Foy cazado com D. Maria de Menezes filha de Pedro Alvares Cabral Senhor de Azurara, e Alcaide mór de Belmonte, e de sua mulher D. Leonor de Menezes filha de D. Joaõ de Menezes Alcaide mòr de Penamacor, de quem teve a Antonio de Brito de Menezes, que morreo governando o Rio de Janeiro, e a D. Jozefa Gabriela de Brito herdeira da Caza, que cazou a 7. de Fevereiro de 1720. com Jozè Bernardo de Tavora Cõmendador de Santa Maria do Escalhaõ, e de Santa Maria de Midoens no Bispado de Viseu, filho de Miguel Carlos de Tavora Conde de S. Vicente, e de D. Maria Caetana da Cunha herdeira de Joaõ Nunes da Cunha primeiro Conde de S. Vicente. O P. Manoel Luiz in Vit. Princip. Theodos. lib. 1. §. 450. fallando de Francisco de Brito Freire de quo vere dubites aureo ne praecellentis calami, anferreo fulminantis gladij stylo sit habendus commendabilior. Carvalho. Corog. Portug. Tom. 2. Trat. 8. cap. 4. Fidalgo muy discreto, e erudito. Fr. Joan. Giusep. di S. Teres. Hist. del Brasile part. 2. liv. 7. pag. 189. Non meno spiccava nel Britto il coraggio, la vivezza, el’ ardore accompagnato da una somma aviditá di acquistarsi gloria militare, e grido plausibile al suo nome, huomo incallito nell’ arme, gran consiglio, gran isperienza, e gran valore. e pag. 204. nella scienza della milizia navale ebbe pochi che lo pareggiassero nella sua età. Franc. de S. Mar. Diar. Portug. pag. 121. insigne em acçoens militares. Souza Hist. Gen. da Cas. Real Portug. Tom. 5. liv. 6. pag. 226. D. Franc. Manoel Epanaf. de var. Hist. pag. mihi 505. Compoz

Relaçaõ da viagem que fez ao Brazil a Armada da Companhia anno de 1655. Lisboa por Henrique Valente de Oliveira 1657. 12.

Nova Lusitania, historia da guerra Brasilica. Dedicada à alma do Principe D. Theodozio. Decada 1. que comprehende dez livros que acabaõ no anno de 1638. 16. annos antes da Restauraçaõ de Pernambuco. Lisboa por Joaõ Galraõ 1675. fol. Desta Historia, e seu Author faz mençaõ o moderno addiacionador da Bib. Occid. de Antonio de Leaõ Tom. 2. Tit. 12. col. 676.

Decada segunda que comprehendia a Restauração de Pernambuco. Deixou a imperfeita.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]