D. FRANCISCO GARCIA natural da Villa de Alter do Chaõ do Bispado de Elvas em a Provincia Transtagana onde teve por Pays a Joaõ Garcia, e Catherina Gomes. Na idade de 18. annos se dedicou a Deos em o Noviciado de Evora da Companhia de JESUS em 12. de Junho de 1598. onde depois de aprender as letras humanas, e divinas inflamado com o dezejo de agregar filhos ao gremio da Igreja Romana, se embarcou para a India com cincoenta, e oito companheiros de que era Superior o Padre Alberto Laercio. Chegado a Goa foy dictar Filosofia em Cochim donde com faculdade dos Prelados partio para a Costa da Pescaria, e nella exercitou com incansavel applicação os ministerios apostolicos. Restituido a Goa leo hum curso de Theologia, e como o seu talento era taõ capaz para o magisterio como para o governo foy Reytor dos Collegios de Baçaim, e Saõ Paulo de Goa, e ultimamente Provincial. Provada a gravidade da sua prudencia com tantos lugares subio a outro mayor qual foy ser futuro sucessor, e Coadjutor do Arcebispo da Serra D. Estevaõ de Brito sendo sagrado com o titulo de Ascalona em a Caza professa de Goa pelo Arcebispo Primaz D. Fr. Francisco dos Martyres em o primeiro de Novembro de 1637. Partio logo para Cranganor, e por estar o Arcebispo pela sua provecta idade incapaz de visitar aquella Christandade se offereceo para este ministerio, que desempenhou com igual zelo, que actividade. Morto de hum accidente apopletico o Arcebispo D. Estevaõ de Brito a 2. de Dezembro de 1641. entrou a governar a Christandade de Cranganor sendo obedecido do Arcediago dos Christãos da Serra o qual como sequaz dos erros scismaticos da Igreja de Alexandria foy cauza de padecer o Arcebispo grandes tribulaçoens, e ainda, que applicou varios remedios para a reduçaõ de tantas ovelhas erradas, naõ correspondeu o effeito a taõ sagrados intentos. Naõ somente foy douto na Theologia especulativa, e Moral, Direito Canonico, e Civil, mas versado nas linguas Grega, Hebraica, Caldaica, Siriaca, Canarina, e Indostana. Depois de practicar exactamente as Virtudes proprias de hum vigilante Pastor palrou a lograr o premio dellas em Cranganor a 3. de Setembro de 1659. quando contava 70. Annos de idade e 61. de Companhia dos quaes foy 18. Arcebispo. Fazem memoria das suas acçoens Franco Imag. de Virt. em o Nov. de Evor. liv. 3. cap. 8. atè cap. 14. E Ann. Glor. S. I. in Lusit. pag. 514. Souza Cathalog. dos Bispos, que tiveraõ Diocezes fóra do Reyno pag. 149. Compoz
Relaçaõ dos Gentios Sectarios da India Oriental. M. S.
Dialogos espirituaes. Desta obra escreve o Padre Franco assima allegado pag. 435. fora composto para que com as representaçoens de couzas Santas se inflamassem mais os animos na virtud, e se augmrntasse a piedade.
Carta escrita ao Arcediago dos Christãos da Serra em que lhe persuade com afectuoza eficacia a sua reduçaõ a Igreja Romana. Della faz mençaõ o referido Padre Franco pag. 439.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]