É compreensível – não sendo, mesmo assim, provável – que seja tudo o que passou, em nós, nas nossas vidas singulares e coletivas, que seja tudo aquilo a que chamamos passado (um tempo de lugares variados), o extenso formato do imprevisível.
É por isso que descobertas históricas nos espantam. Por isso, ideias que julgávamos não formuláveis aparecem em registos violentos. Por isso, a acidez do homem que fez tantos momentos vergonhosos ficou em marcas que ainda hoje tememos.
É compreensível que o lógico e o teológico sejam moldes de falsa identidade – e que ambos não sejam áreas do saber, nem da prova, mas da vontade e da subjetividade humanas. O singular – o Eu – é sempre o mais distante de nós, por mais implícito que pareça.
As respostas estão em nós, por isso tão distantes e inalcançáveis.
Cada um de nós é um formato de evidências.
Somos a estrutura das crenças que nos parecem óbvias.
Só o indivíduo é uma presença. O coletivo é uma representação de muitos singulares. É uma ilusão, portanto.
O que há de inteligibilidade para lá do singular?
Se a evidência da fascinação não nos fascinar, não somos. E ao pretendermos ser nos outros, não ensaiaremos mais do que inutilidades.
Só o individual transmite a presença. O resto é presunção. Alexandre Honrado