IOAÕ RODRIGUES DE SÁ, E MENESES Terceiro Conde de Penaguiaõ, e bisneto do precedente, Senhor de Sever, Matozinhos, Payva, Baltar, Alcayde mór do Porto Commendador de S. Pedro de Faro e S. Tiago de Cacem da Ordem de S. Tiago Commendador e Alcayde mór de S. Tiago de Proença na Ordem de Christo, naceo em Lisboa a 4 de Novembro de 1619. e teve por Progenitores a D. Francisco de Sá, e Menezes 11. Conde de Penaguiaõ, e Camareiro mór de Filippe IV. e D. Ioanna de Castro filha de Ioaõ Gonzalves de Attayde V. Conde da Attouguia. Na idade juvenil deu evidentes provas do engenho com que na adulta foy venerado dos mayores eruditos cultivando com tanto disvelo as sciencias amenas, e severas, como se as houvera de ensinar. Penetrou com igual agudeza as dificuldades da Filosofia como as maximas da Politica, que sempre regulou pelos dictames do Evangelho. Foy Camareiro mór dos Reys D. Ioaõ o IV. e D. Affonso VI. Conselheiro do Estado, e Guerra, Embaxador Extraordinario a Inglaterra, e nestes authorizados lugares practicou summa fidelidade para com o seu Soberano, e incansavel zelo para os augmentos da Monarchia. Havendo no anno de 1657. esmaltado a Campanha de Badajos com o proprio sangue no assalto, que deu a esta Praça o nosso exercito governado pelo Conde de S. Lourenço sucedeo, que no anno seguinte assistindo ao mesmo sitio se retirou infermo ao Mosteiro de S. Francisco situado fora dos muros da Cidade de Elvas onde sendo prizioneiro pelo exercito Castelhano, que mandava D. Luiz Mendes de Haro, e levado para o Campo acabou a vida merecedora de mais larga duraçaõ a 21 de Outubro de 1658. quando contava trinta, e nove annos de idade. Foy sepultado em a Cidade de Elvas. Cazou com D. Luiza Maria de Faro sua Prima filha de D. Luiz de Attayde V. Conde da Attouguia, e de D. Filippa de Vilhena Camareira mòr da Raynha D. Luiza Francisca de Gusmaõ de quem teve D. Francisco de Sá que morreo menino: D. Francisco de Sá de Menezes 1. Marquez de Fontes IV. Conde de Penaguiaõ, e Camareiro mòr delRey D. Affonso VI. D. Miguel de Almeyda Senhor do Sardoal, e Alcayde mòr de Abrantes, que morreo a 18 de Novembro de 1674. sem sucessaõ: D. Filippa de Vilhena, que cazou com D. Iozé de Lancastro III. Conde de Figueirò Commendador de Aviz em 31 de Iulho de 1664. e falleceo no anno de 1689. sem deixar geraçaõ: D. Ioanna de Castro, e D. Maria, que morreraõ sem tomar estado Com varios Elogios he celebrado o seu nome. D. Luiz de Menezes Conde da Ericeira Portug. Resi. Part. 2. liv. 3. pag. 133. era summamente valeroso, e entendido, e amantissimo da conservaçaõ do Reyno. Esperança Hist. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 10. cap. 3. n. 3. floreceo em todas as boas partes de que consta hum Cavalheiro perfeito: esforço, letras humanas, e grande amor da patria. Carvalho Corog. Portug. Tom. 3. pag. 413. Pessoa de grande suposiçaõ. P. Emman. Lud. in Praeloq. Vit. Princip. Theodos. n. 19. de asserta Lusitania optime meritus. Iantillet Elvia ab obsidione liberal. pag. 25. Macedo Dom. Sadica. pag. 99. e seguintes. Souza Hist. Gen. da Caz. Real Portug. Tom. 9. liv. 8. pag. 47. e nas Mem. Hist. e Gen. dos Grand. de Portug. p. 43. Padre Lourenço de Aguilar Panegyr. ad Joan. Roder. Sá Menes.

Quid prius admirer? magnae num mentis acumen,

Et quas ingenio felici amplectitur artes?

Quis Latio Procerum sermone potentior? ec quis

Ad sophiam incubuit tantus? dum noscere rerum

Festinat causas, naturaeque abdita quaerit.

Ille fovet Musas, doctos colit: ille poetas

Prosequitur donis, illi mea carmina curae.

Escreveo, e publicou com o nome de Vicente Soares de Gusmaõ seu particular amigo.

Ultimas Acçoens delRey D. Ioaõ IV. Nosso Senhor Lisboa Na Officina Crasbeckiana. 1657. 4.

Elogio Funeral do Principe D. Theodosio, relaçaõ das exequias, e lutos com que sentio sua morte Ioaõ Rodrigues de Sà Conde de Penaguiaõ Camareiro mór &c. dos Conselhos de Estado, e Guerra, Embaxador Extraordinario a Inglaterra. Londres 1653. 4. Sahio em nome de hum seu Criado. Desta obra composta pelo Conde de Penaguiaõ extrahio o P. Manoel Luiz da Companhia de Iesus noticias para a Vida que escreveo do Principe D. Theodozio como elle confessa no Prologo della. n. 16.

Duas Cartas escrita a primeira a ElRey D. Ioaõ o 4. e a segunda ao Principe D. Theodozio em 28 de Iulho de 1650. Sahiraõ impressas em a obra intitulada Domus Sadica composta pelo grande P. Fr. Francisco de Santo Agostinho Macedo, e por elle mesmo traduzidas em Latim desde pag. 123. até 125.

Consideraçoens sobre o Psalmo Miserere mei Deus. M. S.

Ocio do Conde Camareiro mór dedicado ao Serenissimo D. Affonso VI. Rey de Portugal. Esta obra em que formava a idea de hum Principe perfeito confirmada com exemplos dos Reys de Portugal foy escrita em o lugar de Quelùs distante huma legoa de Lisboa estando convalecendo o author de huma ferida.

Votos do Concelho de Estado desde 17 de Setembro de 1654. até 2. de Março de 1656. M. S. Todas estas obras se conservaõ na Livraria do Excellentissimo Marquez de Abrantes bisneto do Author.

Arte Franceza escrita para seus filhos. 8. Della conservava grande parte sua filha D. Filippa de Vilhena Condessa de Figueiró.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]