JORGE DE ALBUQUERQUE COELHO Naceo em a Cidade de Olinda Capital do Estado de Pernambuco na America a 23 de Abril de 1539. Foraõ seus Progenitores Duarte Coelho Pereira, e D. Brites de Albuquerque filha de D. Lopo de Albuquerque e D. Ioanna Bulhaõ, e da Cunha. Desde os primeiros annos exercitou os seus marciaes espiritos em obzequio desta Monarchia consumindo a mayor parte da sua fazenda, e derramando o proprio sangue em varias expediçoens, q fez contra os Tamoyos, e Francezes, que infestavaõ os portos da America, de cuja astucia, e valor alcançou repetidas Vitorias. Igual, ou mayor valentia ostentou em Africa á com que tinha admirado a America pois sendo nomeado por ElRey D. Sebastiaõ Enfermeiro mòr do exercito com que passou no anno de 1578. ao Campo de Alcacer depois de ter recebido sete penetrantes feridas nas partes mais nobres do corpo se encontrou com ElRey a tempo, que estava reduzido á ultima ruina o nosso exercito, e pedindo-lhe o seu Cavallo promptamente lho deu para nelle salvar a vida de taõ fatal calamidade. Atropellado o Albuquerque pela Cavallaria foy conduzido do campo quasi agonizante em hum carro até a Cidade de Fez onde para ser curado das feridas lhe tiraraõ vinte ossos de cuja violenta operaçaõ que durou o largo espaço de sete mezes tolerou com heroica paciencia horriveis dores de que se seguio andar quatro mezes sobre duas moletas, e no fim delles deixar huma em 23 de Abril de 1582. pendente do Altar de Nossa Senhora da Luz para memoria do beneficio que da sua maternal clemencia recebera. Cazou duas vezes; a primeira em 18 de Dezembro de 1583. com D. Maria de Menezes sua segunda Prima, filha de D. Pedro da Cunha, e D. Anna de Menezes de quem teve huma unica filha. Por morte de sua mulher sucedida a 12 de Mayo de 1585 . passou a segundas vodas a 25 de Novembro de 1587. com D. Anna de Menezes filha de D. Alvaro Coutinho filho de D. Francisco Coutinho Conde de Redondo, e Vicerey da India, e de D. Brites da Sylva de quem teve a D. Brites de Albuquerque: Duarte Coelho de Albuquerque Marquez de Basto Conde, e Senhor de Albuquerque Gentilhomem da Camara de Filippe IV. e do seu Conselho de quem se fez particular memoria em seu lugar; e Paulo de Albuquerque Coelho. Compoz

Falla que fez aos Governadores, e defensores destes Reynos de Portugal aos 19 de Iunho de 1580. e assi aos Procuradores dos Povos que estavaõ juntos em Setuval para começarem a fazer Cortes. Dita em o dia que veyo a nova que o Campo, e exercito delRey Filippe de Castella entrava por este Reyno de Portugal sem querer esperar que se julgasse quem era herdeiro destes Reynos. Começa. Senhores. Venho saber se he verdade. Acaba. Da pessoa que nomeardes por Rey, e verdadeiro sucessor destes Reyno. fol. M. S.

Conselho, e parecer que deu a alguns parentes, e amigos seus, e aos Criados da sua Caza. fol. M. S.

Reconciliaçaõ, protestaçaõ, e supplicaçaõ feita a Nosso Senhor Iesu Christo, e à Virgem Maria Nossa Senhora em dia dos Tres Reys Magos era de 1558. Annos na Sè desta Cidade de Lisboa na Capella do Santissimo Sacramento o dia que o recebeo. fol. M. S.

Todas estas obras com as Petiçoens que fez a Filippe Prudente sobre o despacho dos seus serviços que saõ muito extensas, se conservaõ em hum volume de folha na Livraria do Excellentissimo Marquez de Valença. Fazem memoria de Iorge de Albuquerque Coelho Miguel Leytaõ de Andrade Miscel. de var. Hist. cap. 7. e o P. Iozé Pereira Bayaõ Chron. delRey D. Sebast. liv. 5. cap. 35.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]