IORGE DA SYLVA filho de Joaõ da Sylva sexto Senhor de Vagos, Alcayde mòr de Monte mòr o Velho, e de Lagos, Regedor das Justiças, e Commendador de Mesegana da Ordem de S. Tiago, e de D. Joanna de Castro filha de D. Diogo Pereira segundo Conde da Feyra, e de D. Brites de Castro irmãa de D. Pedro de Castro terceiro Conde de Monsanto. Ao esplendor herdado de taõ claros ascendentes augmentou novas luzes com as virtudes moraes, e açoens politicas de que foy perfeitissimo exemplar. Habilitado pela madureza do seu juizo para assistir na Camara do Principe D. Ioaõ filho delRey D. Ioaõ o III. renunciou quando se lhe poz Caza no anno de 1549. exercicio de mais honorifica ocupaçaõ, sendo todo o seu disvelo socorrer com largos donativos, e continuas esmolas a todo o genero de pessoas oprimidas da ultima necessidade as quais distribuia por suas mãos, ou pelas alheas por cuja charitativa benificencia alcançou a antonomasia de Pay da patria, e dos Pobres como em seu aplauzo escreveraõ o insigne Jurisconfulto o Doutor Antonio da Gama Decis. 1. n.30. ob insignem clementiam, atque magnificentiam erga pauperes, & pietatem erga omnes bonis fortunae distitutos, religione erga Deum Pater patriae meritissime appellatur. e Fr. Luiz de Souza Hist. de S. Dom. da Prov. de Portug. Part. 1. liv. 3. cap. 30. Fidalgo rico, Pay de pobres para dispender com elles cada dia huma boa quantia. Para alimento das Alampadas, que ardem na Capella do Santo Sepulchro de Jerusalem deixou hum legado perpetuo de cem cruzados. Sendo Conselheiro de Estado delRey D. Sebastiaõ o acompanhou na fatal jornada de Africa onde obrando açoens merecedoras de fim mais glorioso sacrificou a vida ao lado do seu Principe em o infausto dia de 4 de Agosto de 1578. Foy cazado duas vezes naõ deixando outra posteridade mais, que as suas virtuosas obras de que fazem illustre memoria Andrad. Chron. delRey D. Joaõ o III. Part. 4. cap. 38. Cabrera Hist de Filip. II. liv. 12. cap. 8. Cardoso Agiol. Lusit. Tom. 3. no Comment. de 8 de Mayo letr. E Fr. Pantaleaõ de Aveiro. Itiner. da Terra Sant. cap. 34. Salazar Hist. Genealog. de la Caza de Sylv. liv. 8. cap. 7. pag. 274. e Ioaõ Soar. de Brit. Theatr. Lusit. Litter. lit. G. n. 48. Compoz.
Tratado da Criaçaõ do Mundo, e dos Mysterios da Nossa Redempçaõ. Lisboa por Germaõ Galhard. 1552. e Coimbra por Ioaõ Barreira 1554. Lisboa por Balthezar Ribeiro. 1590. 8. Lisboa por Antonio Craesb. de Mello 1667.8. & ibi 1672.8. Coimbra pela Viuva de Manoel Carvalho. 1677. 24. Lisboa por Ioaõ Galraõ. 1680. et ibi 1685. & ibi por Antonio Pedrozo Galraõ. 1697. 8. & ibi por Filippe de Souza Villela. 1700. 8. Consta de Meditaçoens da Criaçaõ do Mundo, e Vida de Christo Senhor Nosso repartidas pelos dias da Semana: doutrina de S. Bernardo de interiori domo importante á vida espiritual. O Psalmo Quemadmodum desiderat em rima. Huma Elegia espiritual em rima solta. Dous Sonetos aos Bemaventurados. Endechas dos Psalmos, e Cantares, e humas Trovas á Ascençaõ de Christo.
Homilia ao Santissimo Sacramento. Carta a huma alma devota persuadindoa a receber o Santissimo Sacramento. Elegia da alma devota a seu elpozo em Tercetos. Aparelho para a Sagrada Comunhaõ. Todas estras obras sahiraõ. Evora por Andre de Burgos a 4 de Ianeiro de 1554. 8. e Lisboa por Manoel de Lyra. 1586. 8.
Tratado da Payxaõ de IESU Christo Senhor nosso conforme a escrevem os Evangelistas, e declaraõ os doutores; no cabo estaõ duas Elegias á Magdalena em Tercetos.
Tratadinho dos proveitos que vem aos homens de serem membros de Christo, e da contemplaçaõ da sua Sacratissima Humanidade. Começa. Considerando o homem em quanto criatura racional &c.
Vida de Nossa Senhora. M. S. Desta obra o faz author o insigne antiquario Manoel Severim de Faria Chantre de Evora por carta escrita em 27 de Setembro de 1645. ao Licenciado Iorge Cardozo.
Discurso sobre as cousas da India, e da Mina offerecido a ElRey D. Sebastiaõ. fol. M. S. Conservase na Bibliotheca delRey Catholico como escreve o moderno addicionador da Bib. Orient. de Antonio de Leaõ Tom.1. Tit.3. col. 78. Naõ posso afirmar se o author deste Discurso he o mesmo Jorge da Sylva de quem temos tratado, ou outro diferente porem o tempo em que foy escrito persuade ser o mesmo sendo Conselheiro de Estado delRey D. Sebastiaõ.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]