IOZÉ DE MATOS DA ROCHA natural da Villa de Alanquer do Patriarchado de Lisboa onde na Parochial Igreja de S. Pedro da dita Villa foy purificado da culpa original a 22 de Março de 1673. Orfaõ de seus Pays Francisco de Araujo, e Ignez de Matos passou impellido da natural inclinaçaõ de se instruir nas sciencias, à Universidade de Coimbra, e nella cultivou o estudo da Medicina em cuja Faculdade recebeo o gráo de Bacharel a 17 de Março de 1706. e substituio algumas vezes as Cadeiras na auzencia dos Lentes Proprietarios com grande credito da sua capacidade. Da especulaçaõ passou a practica exercitando-a com igual fama, que lucro na Corte de Lisboa, e nas Villas de Azeitaõ, e Cezimbra. Foy dotado de influxo poetico metrificando elegantemente no idioma latino de cuja pureza foy observante cultor, como em a lingua materna sendo os seus Versos cadentes, armoniosos, e discretos dos quais se podiaõ formar diversos Volumes. Teve erudita comunicaçaõ com os professores das Artes mais insignes distinguindose entre todos o R. P. D. Manoel Caetano de Souza Procomissario da Bulla da Cruzada, e Censor da Academia Real da Historia Portugueza que o estimava excessivamente pela felicidade da sua veya poetica. Falleceo na Villa de Cezimbra a 16 de Ianeiro de 1742. quando contava 69 annos de idade. Iaz sepultado na Igreja de S. Tiago Matris da dita Villa. Compoz

Sylva Epithalamica em que o Tejo celebra a felicissima vinda da Serenissima Raynha Nossa Senhora D. Mariana de Austria. Lisboa por Miguel Manescal. 1708. 4.

Epithalamio nas augustas vodas do Serenissimo Principe do Brazil o Senhor D. Iozé com a Serenissima Infanta de Espanha a Senhora D. Mariana Victoria. Lisboa na Officina da Musica 1729. 4.

In obitu Excellentissimi Doimini Nuni Alvres Pereira de Mello Ducis do Cadaval Elegia. Começa

Quid lugúbre monent tormenta explosa per arces Ingemit horrifica cur tuba rauca sono? Sahio a pag. 315. das Ultim. Acçoens do mesmo Duque. Lisboa na Officina da Musica 1730. fol.

Descriptio poetica Villae Calarisianae in libros duos opus dividitur. Primus Calarisii situ, fertilitate, amaenitate, prima que Palatii domo descripta, Tabellas omnes ex ordine enumerat. Secundus nobili Calarisii Sacello, Regumque adventu enarrato Sousarum Genealogiam exponit. Ulyssipone apud Antonium Isidorum da Fonceca. Duc. Cadaval. Typ. 1739. 4. grande. Consta de 2933. Versos heroicos.

No primeiro Tomo do Jardim Carmelitano novamente cultivado por Fr. Estevaõ de Santo Angelo. Lisboa na Officina Sylviana 1741. fol. Estaõ huma Sylva sua ao principio, Epigrama Latino a pag. 72. 2 Decimas Portuguezas a pag. 73. Poema Latino a pag. 177. em aplauzo da Religiaõ Carmelitana, e seus Santos.

No Tomo 2 do Jardim Carmelitano a pag. 537. Poema Latino a Santo Elesbaõ Emperador da Etiopia.

Oraçaõ em aplauzo do R. P. D. Caetano de Santo Antonio Conego Regular impressa ao principio da sua Pharmacopea Lusitana reformada. Lisboa no Real Convento de S. Vicente de fóra 1711. fol.

Puericias do Parnasso nas Ribeiras do Mondego. M. S. 4. Consta de Sylvas Cançoens, Sonetos, Outavas, Motes com glossas, Romances heroicos, e Lyricos, Genethliacos, Vilhancicos, Entremezes, Loas na lingua materna.

Puericias do Parnazo nas Ribeiras do Tejo. M. S. 4. Consta de semelhantes obras às precedentes.

Poemas heroicos, Odes saficas, Elogios Funebres, Panegyricos Gratulatorios escritos na lingua Latina a diversos assumptos de que se podem formar dous volumes grandes de 4. Todas estas obras se conservaõ em poder de Alexandre Jozè de Mattos filho do Author. Entre as produçoens metricas merece distinto lugar a sua vida descrita em huma elegantissima Elegia, que consta de 51 Dystichos. Começa.

Jam mihi longaevo tredecim sunt lustra peracta

Et fiunt annis proxima busta meis.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]