DICIONÁRIO DOS ANTIS CULTURA PORTUGUESA EM NEGATIVO

2 vols.

Uma obra singular e inesperada sobre o poder dos estereótipos e os mecanismos da formação das culturas e das mentalidades intolerantes

Lançamento: dia 19 de dezembro, 18h30, no 
Apresentam: Fernando Catroga, José Pedro Paiva e Luísa Schmidt. 

 

Sinopse
Esta é uma obra surpreendente e que pode surpreender os leitores pela dimensão e diversidade de olhares sobre o “lado negativo” da cultura portuguesa. Esta obra apresenta um olhar diferente, um olhar sobre o avesso da cultura portuguesa em articulação com os dinamismos construtivos e disruptivos das suas congéneres internacionais. Fomos habituados, na escola, a aprender fundamentalmente aquilo a que  podemos chamar a cultura positiva, a visão afirmativa da história. Este dicionário, em contrapartida, propõe uma visão diametralmente oposta: uma viagem pelas correntes, as etnias, as religiões as instituições, as  figuras a partir do olhar do adversário, de quem discordou, de quem atacou, de quem pensou o contrário. Este Dicionário pretende, com efeito, apresentar o resultado da investigação e da análise crítica das correntes e dos discursos centrados com base na perceção negativa dos outros (o judeu, o padre, o inglês, o muçulmano, o comunista, o maçon, o castelhano…) na história de Portugal, desde os primórdios da nossa cultura e civilização até aos nossos dias. Esta abordagem permitirá compreender em que medida tais discursos criaram estereótipos e demonizaram diferenças. Trata-se de analisar a história da cultura numa espécie de imagem em negativo, para empregar uma metáfora fotográfica. Este dicionário, com efeito, oferece-nos, entre outros contributos, um mapeamento de largo espectro, um repertório criticamente interpretado do poder os estereótipos e da sua capacidade de gerar culturas e mentalidades intolerantes, segregadoras, sectárias, exclusivas e excludentes. Neste momento, está já em estado avançado de preparação uma versão brasileiras desta obra sob o título Dicionário dos Antis: A Cultura Brasileira em Negativo. Outras universidades e investigadores de outros países com quem temos trabalhado em torno deste tema estão a gizar obras semelhantes para ampliar este campo de investigação das Culturas em Negativo como via fundamental para a compreensão e desconstrução dos mecanismos que geram culturas e mentalidades intolerantes e como via para criar uma cultura mais esclarecida e consolidadora de sociedades livres, plurais e maduramente democráticas. Merece, com efeito, nota especial o facto deste ser um projeto de perfil interdisciplinar desenvolvido primeiramente em Portugal que está a suscitar interesse internacional, estando a sua matriz a ser adaptada para o desenvolvimento de estudos da herança cultural anti de outros países.

Textos da Contracapa
Esta é uma obra singular, rara e inesperada no panorama editorial do nosso país e, inclusivamente, a nível internacional. (…) O Dicionário dos Antis constitui-se como uma espécie de história da cultura  portuguesa, olhada do ângulo dos dinamismos de oposição e de contradição, que permite compreender-nos a partir de uma perspetiva inabitual, abrindo caminhos de perceção da “diferença”, de uma forma inovadora, mais abrangente e mais complexa. Duarte Azinheira, da Apresentação 

A originalidade do dicionário que o leitor tem entre mãos consiste em observar as práticas sociais de hoje e as suas representações em comportamentos e argumentações muito mais antigos. E porque não desde a aurora da humanidade? (…) Ao longo das suas muitas páginas, este dicionário manifesta a extraordinária conexão de Portugal com a história do mundo. (…) Não há dúvida, por outro lado, de que o Dicionário dos Antis vai suscitar um vasto debate internacional. (…) Não estamos em altura de denunciar este ou aquele grupo, mas de entrar no laboratório do pensamento dialético, que é uma maneira de estimular o espírito crítico quando o falso, o virtual e o verdadeiro se misturam; que é pôr em causa os erros conspirativos e as certezas abusivas deste mundo dividido entre manipulação e informação que se
tornou o nosso. Fabrice d’Almeida, do Prefácio

Apresentamos ao leitor uma obra inesperada, sem dúvida inusitada, mas que não deixa, por isso, de ser fascinante. Propomos um olhar diferente, um olhar sobre o avesso da cultura portuguesa, em articulação com os dinamismos construtivos e disruptivos das suas congéneres internacionais. (…) Este dicionário, em contrapartida, propõe uma visão simétrica: uma viagem pelas correntes, as etnias, as religiões as instituições, as figuras, mas a partir do olhar do adversário, de quem discordou, de quem atacou, de quem pensou o contrário. (…) É como se entrássemos numa casa, a casa da cultura portuguesa, e deparássemos com um cenário inquietante, com os móveis de pernas para o ar, os armários virados do avesso, as partes menos arrumadas e sujas à vista de todos; ou como se acordássemos de manhã e víssemos no espelho as imagens que têm de nós os que menos nos querem e apreciam; ou ainda, como se recebêssemos a nossa biografia negativa, uma narrativa produzida por aqueles que nos detestam. Parece uma obra estranha. É verdade. Todavia, o negativo também faz história, também faz cultura, e não podemos desconhecê-lo nem desconsiderá-lo, pois ele é um elemento constitutivo do processo de construção da nossa identidade, quando não parte integrante da mesma. Da Introdução