FERNANDO TELLES DA SYLVA segundo Marquez de Alegrete terceiro Conde de Villar-Mayor, Commendador de Rio mayor na Ordem de Aviz, naceo em Lisboa a 15. de Outubro de 1662. Foraõ seus Pays Manoel Telles da Sylva primeiro Marquez de Alegrete, segundo Conde de Villar-Mayor, Védor da Fazenda, Regedor da Caza da Supplicaçaõ, Gentil-homem da Camara, e do Conselho de Estado dos Serenissimos Monarchas D. Pedro II. e D. Joaõ V. Embaixador Extraordinario à Corte do Eleitor Palatino, e Dona Luiza Coutinho filha de D. Nuno Mascarenhas Senhor de Palma, e Alcayde mór, e Cõmendador de Castello de Vide, e de Dona Brites de Menezes de Castello-Branco, filha de D. Francisco de Castello-Branco segundo Conde do Sabugal, e Meirinho mòr do Reyno. Com os gloriosos exemplares de taõ esclarecidos ascendentes se formou o seu espirito para ser exemplar da Fidalguia Portugueza, ou fosse no exercicio das Artes liberaes, ou na pratica de acçoens religiosas. Na primeira idade cultivou com tanto disvelo as letras humanas, e a Poesia, assim vulgar, como latina, que para ter continuo cõmercio com as Musas lhe deu por habitaçaõ o seu Palacio. Entre as linguas mais polidas, que fallou com elegancia, e propriedade alcançou o principado da Latina, observando exactamente por director da pureza deste idioma ao Principe da eloquencia Romana, cujo magestoso estilo seguio com escrupulosa imitaçaõ. Ainda naõ contava vinte annos, quando em as florentissimas Academias dos Instantaneos, e Generosos se ouviaõ com igual applauso, que enveja as elegantes producçoens dos seus Discursos Oratorios. Depois de ser Deputado da Junta dos Tres Estados, acompanhou no anno de 1704. a ElRey D. Pedro, quando passou à Campanha da Beira, e nella foy hum dos seus Ajudantes Reaes. Para conduzir a Serenissima Rainha Dona Marianna de Austria destinada Consorte do nosso Monarca reynante, foy nomeado Embaixador à Corte de Vianna, onde fez com magnifico apparato a sua entrada a 7. de Junho de 1708. recebendo do Emperador Jozè singulares significaçoens de affecto. Restituido a Portugal foy Gentil-homem da Camara d’ElRey D. Joaõ o V. Conselheiro de Estado, e Védor da Fazenda da repartiçaõ dos Contos do Reyno, e Caza, em cujo ministerio deu claros argumentos do seu zelo, e desinteresse. Na erecçaõ da Real Academia da Historia Portugueza em o anno de 1721. foy hum dos seus Censores, a quem se deu por incumbencia escrever a Historia Ecclesiastica do Bispado de Elvas na lingua Latina desempenhando este argumento com grande gloria do seu nome. Entre o tumulto da Corte observou taõ rigidamente a pratica das virtudes moraes, que sempre regulou as leys de Cavalhero pelos dictames do Evangelho. Foy naturalmente affavel, e urbano, merecendo mayor estimaçaõ em o seu conceito os homens eruditos como mais semelhantes ao seu genio estudioso. Quando era consultado, sempre o seu voto era livre sem que a lisonja lhe preocupasse a recta intensaõ do animo, e naõ faltando ao decòro expressava claramente a verdade. Cumulado de tantas virtudes ao tempo, que contava 72. annos de idade, passou a lograr o prémio dellas a 7. De Julho de 1734. Foy cazado com Dona Helena de Noronha viuva de D. Estevaõ de Menezes Senhor da Caza de Tarouca, filha de D. Thomàs de Noronha, terceiro Conde dos Arcos, e de Dona Magdalena de Borbon, de quem teve a Manoel Telles da Sylva, quarto Marquez de Alegrete, de quem faremos merecida memoria em seu lugar; Thomàs Telles da Sylva, Coronel de Infantaria, e General de Batalha, nomeado Embaixador à Corte de Madrid, e do Conselho de Guerra, que cazou com sua sobrinha Dona Maria Xavier de Lima, filha herdeira de Dom Thomàs de Lima undecimo Visconde de Villa-Nova de Cerveira: Nuno da Sylva Telles, Thesoureiro mòr do Collegiado de Guimaraens, Reytor da Universidade de Coimbra, Deputado do Conselho Geral do Santo Officio, e da Meza da Consciencia, e Ordens: Antonio Telles da Sylva, General de Batalha, Mestre de Campo General com o governo da Artilharia da Provincia do Alentejo, do Conselho de Guerra, que cazou com Dona Thereza Jozefa de Mello, filha herdeira de Francisco de Mello, Senhor de Ficalho: Dona Marianna de Castello-Branco, que cazou com Dom Miguel Luiz de Menezes, terceiro Conde de Valladares: Dona Izabel Coutinho, Religiosa no Convento da Madre de Deos, situado fóra dos muros de Lisboa, e duas filhas que morreraõ na infancia.
Compoz.
Emmanueli Tellesio Sylvio Marchioni Alegretensî Parenti suo maxime colendo, & carissimo. He huma carta muito extensa em applauso do livro, que compoz seu Pay o Marquez de Alegrete intitulado de Rebus Gestis Joannis II. Lusitanorum Regis Optimi Principis nuncupati.Sahio impressa ao principio da obra. Ulyssipone apud Michaelem Manescalem Sancti Officii Typog. 1689. 4. & Hagae Comitum apud Adrianum Moetsens. 1712. 4.
Soneto Castelhano em applauso do Theatro Historico Genealogico, y Panegyrico erigido a la immortalidad de la Excelentissima Caza de Sousa. Sahio impresso ao principio desta obra. Pariz por Juan Anison. 1694. fol.
Representaçaõ feita a Sua Magestade em nome da Academia, na qual lhe agradece o Decreto, porque ordenou que se conservassem os Monumentos antigos. No 1. Tom. das Colleçoens da Acad. Real.Lisboa por Paschoal da Sylva Impressor d’ElRey, e da Acad. Real. 1721. fol.
Antonio Rodericio Costio suo. He huma carta muito extensa. Sahio impressa no Tomo assima escrito.
Oraçaõ sendo Director da Academia Real da Historia Portugueza na primeira Conferencia do seu segundo anno em 18. de Dezembro de 1721. Lisboa por Paschoal da Sylva. 1722. fol. no Tom. 2. dos Documentos da Acad. Real.
Conta dos seus estudos Academicos, recitada no Paço a 7. de Setembro de 1722. No Tomo assima escrito.
Oraçaõ na ultima Conferencia, que a Academia Real fez no segundo anno em 9. de Dezembro de 1722. fol. No mesmo Tomo.
Oraçaõ sendo Director da Academia Real da Historia Portugueza na primeira Conferencia do seu terceiro anno em 23. de Dezembro de 1722. Lisboa pelo dito Impressor.1723. fol. No Tom. 3. dos Documentos da Academia.
Oraçaõ na prezença de Suas Magestades, e Altezas, celebrando-se os annos da Rainha nossa Senhora no dia 7. de Setembro de 1723. Lisboa pelo dito Impressor.1723. No Tom. 3. dos Documentos da Academia.
Declaraçaõ na Conferencia de 13. de Janeiro de 1724. de estar eleito Academico com approvaçaõ de Sua Magestade Luiz Francisco Pimentel no lugar, que vagou por morte do Padre Antonio Simoens. Lisboa pelo dito Impressor 1724. No Tom. 4. da Colleçaõ dos Documentos da Academia Real.
Oraçaõ na prezença de Suas Magestade, e AItezas, celebrando-se os annos da Rainha nossa Senhora no dia 7. de Setembro de 1724. Lisboa pelo dito Impressor, e anno fol. No Tom. 4.
Conta dos seus estudos Academicos no Paço a 7. de Setembro de 1725. Lisboa pelo dito Impressor. 1725. fol. No Tom. 5.
Oraçaõ na ultima Conferencia, que fez a Academia Real da Historia Portugueza no dia, em que acabou o seu quinto anno a 10. de Dezembro de 1725. Lisboa pelo dito Impressor. No Tom. 5.
Oraçaõ que fez na primeira Conferencia do setimo anno da instituiçaõ da Academia Real em 2. de Janeiro de 1727. Lisboa por Jozè Antonio da Sylva 1727. fol. No Tom. 7. dos Documentos da Academia.
Conta dos seus estudos Academicos no Paço a 7. de Setembro de 1727. Lisboa pelo dito Impressor. No Tom. 7. dos Documentos da Academia Real.
Conta dos seus estudos Academicos no Paço a 7. de Setembro de 1728. Lisboa pelo dito Impressor. 1728. fol. No Tom. 8.
Oraçaõ Panegyrica na felicissima chegada a esta Corte da Serenissima Senhora Dona Marianna Victoria, Princeza do Brazil na presença de Suas Magestades, e Altezas em 22. de Março de 1729. Lisboa pelo dito Impressor. 1729. No Tom. 9. dos Documentos da Academia.
Declaraçaõ na Conferencia de 24. de Março de 1729. de estar eleito
Academico com approvaçaõ de Sua Magestade Diogo de Mendoça Corte-Real, no lugar que vagou por morte do Marquez de Fronteira. Lisboa pelo dito Impressor. 1729. fol. No Tom. 9.
Conta dos seus estudos Academicos em 7. de Julho de 1729. No Tom. 9. Dos Documentos da Academia.
Oraçaõ na primeira Conferencia da Academia Real do seu decimo anno a 12. de Janeiro de 1730. Lisboa pelo dito Impressor. 1730. fol. No Tom. 10. Dos Documentos da Acad.
Oraçaõ na ultima Conferencia do decimo anno da instituiçaõ da Acad. Real em 9. de Dezembro de 1730. No Tom. 10.
Conta dos seus estudos Academicos no Paço a 29. de Outubro de 1731. Lisboa pelo dito Impressor. 1731. fol. No Tom. 2. dos Docum. da Acad. Real.
Helvia Sacra. fol. M. S. Desta obra faz mençaõ o Padre Sousa na Hist. Gen. da Caza Real Portug. Tom. 9. liv. 8. pag. 613. dizendo ser seu Excellentissimo Author ornado de erudiçaõ, modestia, inteireza, eloquente na composiçaõ da lingua Latina, em que escreveo a Historia do Bispado de Elvas, muy versado nas boas letras, excellente Poeta assim na lingua Latina, como na propria.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]