D. Fr. FERNANDO DE TAVORA natural da Villa de Santarem, e filho de Fernando Cardoso, de sangue taõ illustre, como judicioso talento, pelo qual mereceo distintas estimaçoens d’ElRey D. Joaõ o III. e de Filippa de Brito de igual nobreza à de seu consorte. Desprezando heroicamente as esperanças do mundo, abraçou o sagrado Instituto da Ordem dos Prégadores (cujo exemplo seguio seu irmaõ mais velho Fr. Henrique de Tavora, de quem se fará mençaõ em seu lugar) professando em o Real Convento de Bemfica a 6. de Abril de 1555. nas mãos daquelle insigne Varaõ Fr. Bartholameu dos Martyres, que depois illustrou a Mitra primacial de Braga, e com a disciplina de taõ Veneravel Mestre se fez exemplar da Vida religiosa, que praticou austeramente, quando instruio com os seus documentos aos Noviços do Convento de Lisboa, e sendo Prior do Convento de Bemfica. Foy dotado de huma natural graça, e eloquencia, com que no pulpito, e na conversaçaõ attrahia suavemente a todos os ouvintes. Na Arte da pintura foy insigne, deixando para memoria do seu pincel seis grandes quadros pintados a fresco no Convento de Bemfica, obra certamente que podia competir com os mayores professores, que venerou a antiguidade. Em attençaõ às suas letras illustradas com grandes virtudes o nomeou ElRey D. Sebastiaõ Bispo da Cidade do Funchal, Capital da Ilha da Madeira, em que foy confirmado pelo Pontifice S. Pio V. a 14. de Novembro de 1569. para onde naõ partio receando os perigos do mar. Retirado ao Convento de Azeitaõ, e renunciando o Bispado se preparou para a eternidade, de que foy tomar posse no anno de 1577. a tempo que ElRey D. Sebastiaõ o tinha eleito seu Esmoler mòr. Delle fazem illustre lembrança Fr. Luiz de Sousa. Hist. da Ord. de S. Domingos da Prov. de Port. Part. 2. liv. 2. cap. 12. Em materia subita, e naõ cuidada encantava a agudeza dos conceitos, que lhe acudiaõ … onde elle fallava era musica, que levava tras si tudo. Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. 1. pag. 298. col. 2. eruditione, ac morum probitate excellens. Quetis. Script. Ord. Praed. Tom. 2. p. 248. col. 1. Virum fortem, nec litteris tantùm, sed pietate maximum evasit. Vasconcel. Histor. de Sant. Edificad. liv. 2. cap. 35. muito estimado d’EIRey D. Sebastiaõ pela sua grave eloquencia, e particular graça no modo de fallar, e Sous. Cathal. dos Bispos do Funchal. §. 5. era dotado de eloquencia, e graça natural no modo de fallar. Cardos. Agiolog. Lusit. Tom. 3. pag. 302. no Comment. de 17. De Mayo letr. E. Faria Europ. Portug. Tom. 3. Part. 4. cap. 6. Joan. Soar. de Brit. Theatr. Lusit. Litter. lit. F. n. 24. Monteir. Claust. Domin. Tom. 3. pag. 207. Compoz
Commentaria in Evangelium D. Joannis. Começa Joannis Evangelium posteriùs scriptum. Naõ sahio à luz publica por causa da morte de seu Author.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]