P. AGOSTINHO LOURENÇO, natural da Villa de Terena do Arcebispado de Evora, e filho de Joaõ Lourenço, e Inez Gonçalves. Nesta Cidade recebeo a Roupeta da Companhia de JESUS em 18 de Janeiro de 1653 quando contava dezanove anos de idade, e nella aprendeo as letras humanas, que ensinou no Collegio da Ilha da Madeira. Foy Mestre de Theologia Moral no Collegio de Faro donde passou a ler Filosofia no de Santo Antaõ. Antes de acabar os três annos, foy mandado por ordem dos Superiores com o Padre Bento de Lemos assistir em Inglaterra à Serenissima Rainha D. Catherina filha delRey D. Joaõ o IV que o fez seu Prégador, exercitando este ministério por espaço de treze annos. No tempo que assistio em Londres, sempre viveo com summa modéstia, e para fugir à ociosidade se ocupou em compor hum Curso Filosofico, e escrever varias matérias Theologicas confessando, que o seu total intento era nestas composiçoens o ser antes reputado por presumido ignorante, que por sabio ocioso. Juntou com grande curiosidade huma copiosa Livraria, que deixou ao Collegio de Beja. Voltando para o Reyno no anno de 1689, assistio muitos annos no Collegio de Evora, donde foy mandado para Reytor do Collegio de Santarem, em cujo governo sem offensa da observância foy sumamente benevolo para os súbitos, que lamentaraõ a sua morte sucedida a 25 de Março de 1695. Compoz:

Cursus Philosophicus de triplici Ente. Tom 1 de Ente Logico. Leodij per Guilielmum Henricum Streel, 1687, fol.

Tom 2 de Ente Physico. Ibi per eumdem Typog. eodem anno, & forma.

Tomus 3 de Ente Methaphysico. Ibi per eumdem Typog., 1688, fol.

Syntagmata Theologica in Prim. Part. D. Thomae. Tom 1 ibi per eundem Typ., 1680, fol.

Tom 2 in secund. Part. D. Thom. Ibi per eumdem Typog., 1682, fol.

O Padre Francisco da Fonseca na Evora glorios., pag. 425 lhe chama Varaõ Religiosissimo, e o P. Antonio Franco na Imagem da Virtud. em o Novic. de Evora liv. 4, cap. 11 escreve delle, como largamente no Synops. Annal. S. J. in Lusitan., pag. 397 n 13 e no Ann. glorios. S. J. in Lusit., pag. 172 dizendo Moribus nituit integerrimis, & conscientia sceleris purissima. Franc. de Santa Maria no Diar. Port., pag. 387. Floreceu em nossos dias com merecida fama de excelente Escritor.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. I]