FERNANDO ALVARES DO ORIENTE, cujo appellido tomou da patria que lhe deu o berço qual foy a Cidade de Goa Cabeça do Imperio Oriental Portuguez, onde no tempo que governava o Estado Antonio Moniz Barreto foy Capitaõ de huma Fusta na expediçaõ que fez ao Norte o Capitaõ mòr Fernaõ Tellez. Foy insigne Poeta, e ornado de engenho agudo, como mostrou na obra pastoril que com subtil artificio, copia de Sentenças, e pureza de fraze imitando a Diana de Jorge de Monte mayor compoz com o titulo

Lusitania Transformada. Lisboa por Luiz Estupiñan. 1607. 8. Dedicada a D. Miguel de Menezes Marquez de Villa Real, Conde de Alcoutim, e de Valença, Capitaõ mòr, e Governador de Ceuta. Desta obra, e seu author fazem diversos elogios Manoel de Faria, e Souza Comment. às Rimas de Cam. Tom. 2. pag. 289. Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. 1. pag. 280. col. 2. D. Franc. Manoel na Cart. dos AA. Portug. escrita ao Doutor Manoel Themudo da Fonseca dizendo por quem navegaraõ as Musas mais longe, e lhe levaraõ mais riquezas, que lá se produzem. E o Padre Ant. dos Reys Enthus. Poet. n. 76.

Tu que colens Fernande plagas, quas roscida primúm

ithoni conjux madidis cùm surgit ab undis Adspicit.

No Cancioneiro do Padre Pedro Ribeiro feito no anno de 1577. està huma sua Elegia que começa

Sayaõ desta alma triste, e magoada.

Compoz mais, conforme affirmaõ Jorge Cardozo nas Memorias para a Bib. Portug. e Joaõ Soar. de Brit. Theatr. Lusit. Litter. lit. F. n. 4. Quinta, e Sexta Parte do Palmeirim de Inglaterra.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. II]