D. FERNANDO MASCARENHAS segundo Marquez de Fronteira, terceiro Conde da Torre Senhor do Morgado da Gocharia, Comendador donatario da Mordomia mór da Cidade de Faro, e das Comendas de S. Tiago de Torres Vedras, S. Nicolao de Carrezedo, e S. Miguel de Linhares, Alcaide mór, e Cõmendador do Rosmaninhal naceo em Lisboa a 4. de Dezembro de 1655. e foraõ seus Progenitores D. Joaõ Mascarenhas primeiro Marquez de Fronteira, Conselheiro de Estado, Védor da Fazenda, Gentil-homem da Camara do Princepe Regente Dom Pedro, e Mestre de Campo General da Provincia da Beira, e General da Cavallaria em a do Alentejo; e Dona Magdalena de Castro filha de D. Francisco de Sà e Menezes, terceiro Conde de Penaguiaõ Camareiro mór, e de Dona Joanna de Castro filha de Joaõ Gonçalves de Attayde sexto Conde de Attouguia. Defde os primeiros annos cultivou com tal genio as Artes liberaes, que mais pareciaõ herdadas por beneEcio da graça, que adquiridas pela diligencia do estudo. A Campanha, e o Gabinete foraõ os theatros em que igualmente brilharaõ o seu valor, e politica, valendo-se de hum para destruiçaõ dos inimigos da Patria, e de outra para augmento, e gloria dos interesses da Coroa. Foy Governador, e Capitaõ General do Reyno do Algarve, Mestre de Campo General, e Governador das Armas na Provincia da Beira no anno de 1706. E Governador das Armas da Provincia de Alentejo, Conselheiro de Estado, e Guerra, Védor da Fazenda da repartiçaõ dos Armazens, e India, Presidente do Dezembargo do Paço, e Mordomo mór da Rainha Dona Marianna de Austria, e entre postos, e lugares taõ authorizados sempre conservou o animo izento da ambiçaõ, e superior à vaidade. Na instituiçaõ da Academia Real da Historia foy perpetuo Censor, a cuja penna se cõmeteo o argumento das Memorias Historicas das acçoens, que obráraõ os Romanos na antiga Lusitania, e nas contas, que referio do seu estudo, como nas Oraçoens que recitou como Presidente, se admirou a elegancia do seu estilo sempre conciso, e sublime, fazendo que a concisaõ naõ degenerasse em escuridade, nem a sublimidade em precipicio. Foy muito moderado em o ornato da sua pessoa, conservando huma prudente mediocridade entre a pompa, e a honestidade. Sentindo-se proximo à morte se preparou com Catholica resignaçaõ para a eternidade, de que foy tomar posse a 25. de Fevereiro de 1729. quando contava 74. annos de idade. Jaz sepultado à entrada da porta travessa da parte de fora da Igreja das Chagas, Freguesia dos homens da carreira da India com este humilde epitafio.
Aqui jaz o segundo Marquez de Fronteira D. Fernando Mascarenhas, que faleceo a 25. de Fevereiro de 1729.
Foy cazado com Dona Joanna Leonor de Toledo e Menezes filha de D. Jeronymo de Attayde sexto Conde de Attouguia, e de Dona Leonor de Menezes filha de D. Fernando de Menezes, Cõmendador da Comenda de Santa Maria de Castello-Branco, de quem teve seis filhos, e seis filhas. Muitas acçoes obrou na sua vida este Heróe no militar, no politico, e em todos os empregos grandes, em q se fez necessario pelos seus muitos estudos, valor, pessoa, e grande talento, escreve em seu applauso o P. Fr. Martinho do Amor de Deos Chron. da Prov. de Santo
Antonio liv. 2. cap. 1. §. 385. Compoz
Conta dos seus estudos Academicos em 7. de Setembro de 1722. sahio no 2. Tom. da Colleçaõ dos Documentos da Acad. Real. Lisboa por Paschoal da Sylva Impressor de S. Mag. e da Academia Real 1722. fol.
Declaraçaõ, q sendo Director da Academia da Historia Portugueza na conferencia de 5. de Agosto de 1723. fez de estar eleito Academico com approvaçaõ de S. Mag. o Doutor Filippe Maciel. Sahio no 3. Tom. da Colleç. Dos Docum. da Academia Real. Lisboa pelo dito Impressor. 1723. fol.
Oraçaõ, sendo Director da Academia Real da Historia Portug. na prezença de Suas Magestades, e Altezas, celebrando-se os annos d’ ElRey N. Senhor no dia 22. de Outubro de 1723. Sahio no 3. Tom. da Colleç. da Academia Real.
Oraçaõ no Paço celebrando-se os annos d’ElRey N. Senhor no dia 22. De Outubro de 1724. Sahio no 4. Tom. da Colleçaõ da Academia Real. Lisboa pelo dito Impressor 1724. fol.
Oraçaõ na primeira Conferencia do quinto anno da Academia Real em 22. de Dezembro de 1724. Sahio no Tom. 5. da Colleç. &c. Lisboa pelo dito Impressor. 1725. fol.
Oraçaõ na prezença de Suas Magestades e Altezas, celebrando-se os annos d’ElRei N. Senhor no dia 22. de Outubro de 1725. Sahio no 5. Tom. da Colleçaõ, &c.
Declaraçaõ na Conferencia de 27. de Março de 1727. de que estava eleito Academico com approvaçaõ de S. Mag. D. Diogo Fernandes de Almeyda no lugar, que vagou por morte do P. Fr. Fernando de Abreu. Sahio no Tom. 7. da Colleçaõ, &c. Lisboa por Jozè Antonio da Sylva. 1727. fol.
Oraçaõ Academica no principio do 8. anno da Academia Real da Historia Portug. em 8. de Janeiro de 1728. Sahio no Tom. 8. da Colleçaõ, &c. Lisboa pelo dito Impressor 1728. fol.
Declaraçaõ na Conferencia de 28. de Mayo de 1728. de estar eleito Academico com approvaçaõ de S. Mag. D. Francisco de Almeyda. Sahio no Tom. 8. de que assima se fez mençaõ.
[Bibliotheca Lusitana, vol. II]