LUIZ DE ABREU DE MELLO natural de Villaviçosa em a Provincia Transtagana, Fidalgo da Caza de Sua Magestade, Commendador de Santa Maria de Deilaõ, e S. Lourenço da Pedesqueira da Ordem de Christo, e Vedor da Caza delRey D. Ioaõ IV. e seu Copeiro mór sendo Duque de Bragança, e Alcayde mór de Melgaço. Teve por progenitores a Duarte de Abreu de Noronha, e a D. Maria de Mello sua terceira mulher. Foy muito inclinado á cultura da Poesia, que sempre dedicou a assumptos Sagrados onde a piedade competia com a elegancia. Teve grande instruçaõ da Genealogia como parte essencial da Historia em cujo estudo naõ fez pequenos progressos. Cazou quatro vezes: a primeira com D. Clara Soares de quem teve a Duarte de Abreu de Mello, que cazou com D. Anna Ribeiro, e a Luiz de Abreu de Mello. A segunda com D. Anna de Mello Viuva de D. Jeronimo Fernandes de Mello filha de Christovaõ Dias de Figueira da qual naõ houve successaõ. A terceira com D. Mayor Maria de Vargas filha de Luiz de Vargas da qual teve a Duarte de Mello Pereira de Noronha, que morreo moço, e a Ioaõ de Mello de Abreu que foy degollado juntamente com D. Gaspar Maldonado no rocio de Lisboa em o anno de 1674. por crime de inconfidencia. A quarta com D. Anna de Velasco filha de Diogo de Salazar da qual naõ houve sucessaõ. Falleceo em Lisboa a 21. de Novembro de 1663. Jaz sepultado na Parochia de S. Jozé. Entre os Poetas mais celebrados he invocado por Manoel de Galhegos Templo da Memor. liv. 4. Estanc. 205. Para celebrar os despozorios do Duque de Bragança D. Ioaõ com estas vozes metricas.
Naõ haja plectro, cithara naõ fique
De quantas ja suavissimas contempla,
Que hum altar a estes Heroes naõ dedique
Neste de Marte numeroso Templo.
A todo engenho a voz da Fama invoca,
E a vós primeiro ò Luiz de Abreu vos toca.
E na Estanc. 206.
A vossa Musa he justo que a primeira
Seja em cantar de quem nos ennobrece
Mas todos todos cantem do Pereira
Cuja fonte de luz Pallas guarnece &c.
Compoz.
Epilogo Sacro da Milagrosa Assumpçaõ da Sacratissima Virgem MARIA. Lisboa por Girardo da Vinha 1621. 8. He em Outavas.
El Parto Sacrosancto. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1642. 8. He em Quintilhas. A esta obra como a seu Author celebra com estas vozes metricas o Padre Antonio dos Reys Enthus. Poet. n. 90.
… redolentia lilia Mater
Quae dedit alma tuos ornabant Melle capillos.
Nec dolet aequari tibi Sanazarus honore,
Te siquidem Partum cantantem Virgins audit
Versibus omnino paribus, quos ille calore
Turgida divino succensus viscera, fudit.
Avisos para o Paço offerecidos a Rodrigo de Salazar, e Moscozo. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1659. 8. Trata amplamente da familia do Patrono a quem dedicou esta obra por cuja cauza he numerado entre os Authores Genealogicos pelo Padre D. Antonio Caetano de Souza. Apparat. à Hist. Gen. da Caz. Real Portug. pag. 110. §. 118.
[Bibliotheca Lusitana, vol. III]