D. LUIZ CAETANO DE LIMA nasceo em Lisboa a 7. de Setembro de 1671. sendo filho de Francisco Viegas de Lima, e D. Maria dos Santos, e irmaõ do Doutor Fr. Jozé Caetano Religioso Jeronimo Cathedratico da Universidade de Coimbra de quem se fez distincta memoria em seu lugar. Na idade da adolescencia abraçou o instituto dos Clerigos Regulares Theatinos professando solemnemente no Convento patrio a 29. de Setembro de 1687. onde pela capacidade do talento, e aplicaçaõ do estudo sahio egregiamente instruido nas sciencias amenas, e severas. Bebeo com tanta afluencia das puras fontes da Latinidade e Poesia que mereceo ser venerado assim na elegancia, como no estilo por hum dos mais celebres Corifeos do idioma Latino, e Enthusiasmo Poetico chegando a competir os seus Versos na metrificaçaõ e nas vozes com os Virgilios, Ovidios, e Marciaes respeitados Principes da Corte de Apollo, cujas imagens retratou taõ fielmente com o pincel da sua penna que somente a prioridade do tempo em que floreceraõ, distingue as copias dos Originaes. No anno de 1695. em que foy por Embaxador desta Coroa a Magestade Christianissima de Luiz o grande D. Luiz Alvares de Castro segundo Marquez de Cascaes o acompanhou com o lugar de seu Confessor, e voltando á patria, segunda vez a deixou assistindo ao Conde de Tarouca Joaõ Gomes da Silva que com o Caracter de Plenipotenciario da nostra Coroa partio para celebrar as Pazes em Utrech no anno de 1713. Na larga assistencia que fez em Pariz, e Olanda aprendeo com tanta perfeiçaõ os mysterios da lingua Franceza, e Italiana que de ambas compoz excellentes Artes para instruçaõ dos seus Naturaes. Naõ tem menor conhecimento das linguas Grega, e Hebraica com que penetrou os arcanos das Escrituras, como tambem nos Canones Pontificios, e Historia Ecclesiastica. Entre os primeiros sincoenta Academicos de que se formou a Academia Real da Historia Portugueza foy eleito para escrever na lingua Latina a Historia Ecclesiastica do Bispado de Viseu de cuja laboriosa incumbencia deu varios argumentos com geral aplauzo dos seus Collegas. As obras em que se descobre a diversidade dos seus estudos que athe o prezente se fizeraõ publicas por beneficio da Impressaõ, saõ as seguintes.

Grammatica Franceza, ou arte para aprender o Francez. por meyo da lingua Portugueza. Lisboa na Officina Real Deslandesiana 1710. 8. Sahio mais acrescentada regulada pelas Notas, e reflexoens da Academia de França 2. Tomos ibi na Officina da Congregaçaõ do Oratorio 1734. 4.

Tablettes Chronologiques, & historiques des Rois de Portugal jusqu’á l’annèe 1716. Dedies a son Altesse Royale Mon seigneur Dom Emmanel Infant de Portugal. Amsterdam par Adrien Moetjens 1716. 8.

Discurso sobre a introducçaõ de algumas palavras novas na composiçaõ de huma Historia Latina recitado na Academia Real. Sahio no 1. Tomo da Collec. dos Documentos da mesma Academia. Lisboa por Paschoal da Silva Impressor de Sua Magestade e da Academia Real. 1721. fol. e na Historia da Academia Real composta pelo Marquez de Alegrete a pag. 227. Lisboa por Jozé Antonio da Silva 1727. 4.

Carta escrita em 15. de Agosto de 1723. aos Censores da Academia Real. Sahio no 3. Tomo da Collec. dos Documentos da Academia. Lisboa por Paschoal da Silva 1723. fol.

Conta dos seus estudos Academicos dada no Paço a 7. de Setembro de 1724. No Tom. 4. da Collec. dos Documentos da mesma Academia ibi pelo dito Impressor 1724. fol.

Conta dos seus estudos Academicos no Paço a 22. de Outubro de 1725. No Tomo 5. da Collec. dos Documentos da Academia ibi pelo dito Impressor 1725. fol.

Conta dos seus estudos Academicos na Academia no primeiro de Março de 1731. Sahio no Tomo 11. da Collec. dos Docum. da Academia. ibi por Jozé Antonio da Silva. 1731. fol. Nesta conta está o principio da Historia Latina do Bispado de Viseu, que lhe tinha cometido a Academia Real.

Epitaphium Excellentissimi Ducis do Cadaval Epigramma. Sahio nas ultimas Acçoens do mesmo Duque a pag. 308. Lisboa na Officina da Musica 1730. fol.

Geografia Historica de todos os Estados Soberanos da Europa com as mudanças, que houve nos seus Dominios especialmente pelos Tratados de Utrecht, Rostad, Baden, da Barreira, da Quadruple Alliança, de Hannover, e de Sevilha, e com as Genealogias das Casas Reynantes, e outras mais principaes. Tom. 1. Em que trata de Portugal. Lisboa por Jozé Antonio da Silva 1734. 4. grande. Tom. 2. Lisboa pelo dito Impressor. 1736. 4. grande.

Epigrammata quibus aliquot gesta Augustissimi Lusitanorñ Regis Joannis V. memoriae produntur. Olyssipone apud Josephum Antonium da Silva Regiae Academiae Typog. 1730. 8. Consta de 100. Epigramas alem da Dedicatoria ao mesmo Monarcha que comprehende 15. distichos.

Pars Secunda. ibi apud eumdem Typog. 1732. 8. Consta de 100. Epigrammas ao mesmo Assumpto.

Carminum libri tres. Olyssipone Typis Joannis Baptista Lerzo 1743. 8.

Grammatica Italiana, e arte para aprender a lingua Italiana por meyo da lingua Portugueza. Lisboa na Officina da Congregaçaõ do Oratorio 1734. 4.

Copia de huma Carta que se escreveo de Utrecht a Lisboa na qual se da noticia da solemnidade com que os Excellentitimos Senhores Conde de Tarouca, e D. Luiz da Cunha Plenipotenciarios delRey de Portugal no congresso de Utrecht celebraraõ o augusto nascimento do Serenissimo Principe do Brasil D. Pedro que Deos guarde. Lisboa por Jozé Lopez Ferreira Impressor da Augustissima Rainha nossa Senhora. 1713. 4. Sahio sem o seu nome.

Obras M. S. ja acabadas.

Exercitationes hebraicae in Genesim. 3. vol. 12.

Annotationes Graecae in Luciani librum de Amicitia. 4.

Compendium Juris Canonici juxta V. libros Decretalium Gregorii IX. 7. Tom. 8.

Gnomonia Universal, e methodo para toda a casta de relogios Regulares, e Irregulares, Astronomicos, Judaicos, Babilonios, e Italicos com grande numero de figuras. 4.

Memorias para a Paz de Utrech em dirersas linguas, Memoriaes, officios, e varias negociaçoens nesta materia. 4. Tom. 4.

Compendio Historico, e Chronologico assim da paz, como da guerra de todos os sucessos principaes desde o anno de 1700. até 1741. 2. Tom. 8.

Relaçaõ da Fundaçaõ, e progressos do insigne Mosteiro de Maravilla. 4.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]