LUIZ MENDES DE VASCONCELLOS natural de Lisboa, e naõ de Evora como escreveo o Padre Fonceca Evor. glorios. p. 413. sendo filho de Joaõ Mendes de Vasconcellos morgado do Esporaõ, Commendador de Santa Maria de Isseda na Ordem de Christo, do Conselho dos Reys D. Sebastiaõ, e D. Henrique, e de D. Anna de Attayde filha de D. Antonio de Attayde primeiro Conde da Castanheira a qual depois da morte de seu espozo professou o Serafico instituto no Convento da Castanheira de que seu grande pay fora Fundador, e de D. Anna de Tavora filha de Alvaro Pires de Tavora Senhor do Mogadouro. O illustre nascimento, que lhe deu a fortuna competia com o penetrante talento de que o ornou a natureza cultivando desde a primeira idade as sciencias proprias do seu estado, principalmente a Arte militar em que practica, e especulativamente foy venerado Mestre. Diversas vezes orientou o seu valor e disciplina no Oriente ocupando o lugar de Capitaõ mor das Armadas expedidas nos Vice-Reynados de D. Estevaõ da Gama, e D. Jeronimo de Azevedo. Foy Commendador de S. Bartholameu da Covilhaã, e de Santa Maria de Isseda, e Governador do Reyno de Angola onde se admiráraõ a madureza do seu juizo, e o desinteresse de seu animo. Foy casado com D. Brites Caldeira filha de Manoel Caldeira de quem faz honorifica memoria Diogo do Couto Decad. da Ind. X. liv. 4. cap. 5. e della teve a Francisco Luiz de Vasconcellos Governador da Ilha Terceira; e a Joanne Mendes de Vasconcellos Governador da Provincia de Traz os Montes, Conselheiro de Guerra, e Mestre de Campo General de quem em seu lugar se fez larga memoria. Foy vastamente instruido na liçaõ da Historia, Mythologia, Poetica, e Politica como nos preceitos da Milicia terrestre, e maritima cuja erudiçaõ depozitou nas obras que escreveo pelas quaes mereceo os elogios de diversos Escritores como saõ Antonio de Sousa de Macedo Flor. de Esp. c. 15. excel. 2. illustre en sangre, e entendimiento. Luiz Marinho de Azevedo Antig. De Lisboa no Prologo Bem conhecido neste Reyno por sua nobreza, e partes. Pedro Barboz. Homem Disc. de la Verd. raz. de Est. p. 106. Empreza (falla da sua Arte Militar) no menos digna de la illustre sangre de aquel author, que de su mucha suficiencia para ella adquerida tanto de la varia licion, y continuo estudio de los libros, como de la larga experiencia, que de la milicia tuvo em dirersas partes em que se ha hallado militando en servicio de su Rey. D. Franc. Man. Epanaf. de var. Hist. pag. mihi 159. author naõ menos illustre na erudiçaõ, que no sangue. Joan. Soar. de Brit. Theatr. Lusit. Litter. lit. L. n. 40. Faria Asia Portug. Tom. 2. Part. 1. cap. 3. n. 5. e cap. 10. n. 4. e Part. 2. cap. 18. n. 3. e Tom. 3. Part. 3. cap. 3. n. 3. Fr. Fernand. da Soled. Hist. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 4. liv. 2. cap. 156. §. 311. Compoz.

Do Sitio de Lisboa Dialogo. Lisboa por Luiz Estupiñan 1608 8. Saõ interlocutores hum Politico, hum Filozofo, e hum Soldado. Nelles se reprezentavaõ o Conde da Castanheira seu Avô materno; D. Jeronimo Osorio Bispo do Algarve a cuja instancia compoz esta obra, e Martim Affonso de Sousa Governador da India.

Arte Militar dividida em 3. Partes. A primeira ensina a pelejar em campanha aberta. A 2. nos alojamentos. A 3. nas Fortifiçaçoens com tres discursos antes da Arte. Na Quinta do Termo de Alanquer do Mascote. Por Vicente Alvares. 1612 fol.  Niculao Antonio na Bib. Hisp. Tom. 2. pag. 40. col. 2. faz diverso author da Arte Militar ao do Sitio de Lisboa, erro que cegamente seguio o Padre Fonceca Evor. glorios. p. 313. o qual podiaõ ambos evitar se lessem no Prologo do Sitio de Lisboa as seguintes palavras escritas por Luiz Mendes de Vasconcellos: Esta Cidade, e Reyno me ficaraõ na obrigaçaõ de procurar do modo que posso este comum beneficio, e deste conhecimento se pode inferir o animo com que procurarey outros mayores (como sendo Deos servido) se verá cedo muito mais claro mandando á prezença de todos a Arte Militar, que ha dez annos tenho composto, de que se receberá grande utilidade ensinando-se por arte o que agora confusamente se sabe.

Historia do Cunhale celebre Cossario da India. 4. M. S. Esta obra teve mayor aceitaçaõ do que a escrita por Joaõ Baptista Lavanha como diz Joaõ Frãco Barreto Bib. Port. M. S.

Conquista da India oferecida a ElRey. Nella mostrava ser muito nociva ao Reyno de Portugal, e á Cidade de Lisboa. Desta obra faz elle mençaõ no Dialog. Do Sitio de Lisboa pag. 24.

Tratado de la Conservacion de la Monarchia da España. Offerecida ao Duque de Lerma. M. S.

Poesias varias Portuguezas, e Castelhanas 4. M. S.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]