LUIZ DE TOVAR natural de Lisboa, e bautizado na pia da Cathedral onde recebeo a primeira graça o Thaumaturgo Portuguez Santo Antonio. Teve por  progenitores a Pedro de Tovar morgado de Molelhos, Commendador de Santa Maria de Nave da Ordem de Christo em o Bispado de Lamego, e a D. Maria Manoel irmaã de Diogo Carcome. Cultivou com tanta felicidade a Poesia que mereceo aclamaçoens nesta divina Arte ou metrificasse em assumptos sagrados, ou profanos, e sempre na lingua Castelhana em que era profundamente versado. De todas as suas produçoens metricas publicou a obra seguinte que lhe ocupou o largo tempo de cinco annos.

Poema mystico del glorioso Santo Antonio de Padua: contiene su vida, milagros,y muerte. Lisboa por Pedro Craesbeeck 1616. 8. Na primeira Outava deste Poema confessa que tinha composto outro cujo argumento era amoroso.

Yó que aun tiempo toque la ruda avena

Con la sylvestre voz, y ronco aciento

Dando por feudo a amor tosca camena,

Nó alta empreza en bellico instrumento.

Yò que del Tajo en la menuda arena

Fabriqué labyrintho al pensamiento;

Y sufriendo desdenes, y favores

Cisne en su orilla fui cantando amores.

Nic. Ant. Bib. Hisp. Tom. 2. p. 53. col. 2. o confunde com outro Luiz de Tovar natural de Asturias. Jacinto Cordeiro Elog. dos Poet. Lusit. Est 55. o louva com esta metrica memoria.

La pluma Feniz cansa, y el aliento

Y más cançaros teme desmayada:

Que á vista desse insigne entendimiento,

Que pluma puede haver tan llevantada.

La de Luiz de Tovar por digno siento

Del premio de contienda tan honrada.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]