D. MANOEL unico do nome, e decimo quarto Rey de Portugal naceo em a Villa de Alcouchete situada na Provincia Transtagana em o primeiro de Junho de 1469. podendo justamente gloriar-se com enveja das mais famosas Cidades do mundo de ter sido berço de taõ augusto Monarcha. Foraõ seus Serenissimos Progenitores o Infante D. Fernando filho delRey D. Duarte, e irmaõ delRey D. Affonso V. e a Infanta D. Brites sua prima com irmãa filha do Infante D. Joaõ decimo Administrador, e Governador do Mestrado da Ordem de Christo, terceiro Condestavel de Portugal, e neta delRey D. Joaõ o I. Nos annos preliminares á idade da adolescencia descubrio taõ alta capacidade para as sciencias, e admiravel idole para as virtudes que ja era acredor da Coroa que lhe negou a natureza, e depois lhe concedeo a fortuna. Sendo pela ordem do nacimento o quinto filho do fecundo thalamo de seus augustos pays subio ao trono de Portugal por naõ deixar ElRey D. Joaõ II. seu primo com irmaõ sucessaõ legitima, e ser neto delRey D. Duarte, e da Rainha D. Leonor. Era Duque de Beja, e de Viseu, Governador, e administrador da Ordem militar de Christo, Condestavel de Portugal, e Fronteiro mór de Entre Tejo, e Guadiana quando cingio a Coroa no fausto dia de 25. de Outubro de 1495. contando 26 annos de idade. Entre os excellentes dotes que ornavaõ o seu heroico espirito se distinguio a illustre ancia de emprender açoens arduas com que se immortalisasse o seu nome nos Fastos da osteridade. A primeira que intentou, e felismente conseguio foy o descubrimento da patria do Sol sendo o instrumento de empreza taõ deficil aquelle insigne Argonauta Vasco da Gama o qual sahindo de Lisboa a 8. de Julho de 1497, depois de sulcar mares nunca antes cortados de outras quilhas voltou para Portugal no breve espaço de dous annos com a gloria de ter descuberto o Oriente onde pelo impulso daquelles animados rayos de Marte os Pachecos, Almeydas, Albuquerques, e Cunhas foy elevada ao Zenith da felicidade a Naçaõ Portugueza com huma continuada torrente de vitorias terrestres, e navaes, conquistas, e assedios de Praças, fundaçoens, e ruinas de Fortalezas, e que os mayores Potentados da Asia feudatarios de taõ grande Monarcha procurassem para conservaçaõ propria a sua augusta proteçaõ. Dilatado o dominio Portuguez com esta magnifica porçaõ se augmentou com huma vastissima Regiaõ ignorada de todos os Geograficos qual foy a America descuberta a 25. De Abril de 1500. por Pedro Alvares Cabral impondo-lhe a devota denominaçaõ de Santa Cruz, convertida depois pela madeira que produz em o nome do Brasil. A vassalagem, que de taõ famoso Principe renderaõ duas partes do mundo quaes eraõ a Asia, e America lhe tributou a Africa onde os Menezes, Castros, Azambujas, e Attaydes mais inflamados do espirito marcial que do seu clima ardente humilharaõ o orgulho dos sequazes de Mafoma nas conquistas de Tangere, Çafim, Azamor, e Marrocos, e nas Provincias tributarias de Xarquia, Garabia, e Dabida. Extendeu-se com tanto aplauzo por toda a circunferencia do mundo a fama do seu nome, que David Emperador da Etiopia de cujo cetro eraõ vassalos sessenta e seis Reys Christaõs, e outo Mouros lhe mandou por seu Embaxador Matheos Armenio huma grande parte da Cruz em que o Divino Verbo consumou a redempçaõ do genero humano, a cujo obsequio correspondeo promptamente com outra Embaxada de que foy interprete Duarte Galvaõ. Innumeraveis argumentos da sua catholica piedade, e zelo religioso se admiraraõ em todo o tempo do seu feliz Reynado. Querendo testemunhar a sua filial obediencia ao Vigario de Christo mandou no anno de 1514 por Embaxador a Leaõ X. a Tristaõ da Cunha offerecendo-lhe preciosos donatiuos entre os quaes se distinguiaõ hum Elefante e huma Onça que melhorando de instinto com espanto de toda Roma adoraraõ ao Summo Pastor. Para que a Fé se conservasse pura no seu Reyno expulçou delle os Sequazes do Alcoraõ, e do Talmud. Todos os thezouros que recebia do Oriente dedicava com generosa profusaõ em obsequio da Divindade. Eternos obeliscos desta liberalidade seraõ o magnifico Templo de Belem, o de Nossa Senhora da Pena, e do Matto habitados por Religiosos de S. Jeronimo; o famoso, e admiravel Convento da Ordem Militar de Christo situado na Villa de Thomar; a Casa da Misericordia de Lisboa, os Mosteiros da Serra dos Religiosos Dominicos, e de Santo Antonio do Pinheiro de Franciscanos, o da Anunciada de Lisboa da Ordem de S. Domingos, o de Tavira de Santa Clara, e o de S. Bento do Porto todos tres habitados por Religiosas daquelles Sagrados Institutos; a Cathedral da Cidade de Elvas, a Igreja de N. Senhora da Conceiçaõ de Lisboa que era Sinagoga Judaica e a Casa de Santo Antonio onde teve feliz nacimento este Taumaturgo Portuguez, e outros muitos Mosteiros ampliados assim no Reyno, como nas Conquistas pelos impulsos da sua piedosa magnificencia. Dispendeo copiosas esmolas com a Santa Casa de Jeruzalem por ser o theatro em que o Amor Divino fez os mayores excessos em beneficio dos homens, e com o Convento de Santa Catherina situado no monte Sinay onde descançaõ as cinzas desta sabia, e valerosa Virgem. Aos Religiosos de S. Francisco que viviaõ dispersos em todo o Reyno lhes dava o habito, que vestiaõ. Jejuava todas as Sextas feiras do anno a paõ, e agua, cuja abstinencia conservou inviolavelmente até a idade de quarenta annos. Vizitou com summa piedade o Sepulchro do Apostolo San-Tiago que está em Compostella de cuja devota peregrinaçaõ se conserva memoria indelevel em huma magnifica alampada de prata fabricada em forma de Castello para arder de dia, e de noute em obsequio do primeiro Mestre que illustrou a Portugal com as luzes do Evangelho. Nos tres dias precedentes ao Domingo de Paschoa em que se venera depozitado o Divinissimo Sacramento em memoria do Triduo em que Christo esteve na sepultura, assistia todo aquelle espaço de tempo junto do Altar, e no dia da triumfal Resurreiçaõ acompanhava a procissaõ com toda a Casa Real ordenada com grande pompa, e aplauzo, e precedida dos musicos, e instrumentos da sua Real Capella. Inflamado do zelo da Religiaõ mandou a Roma por Embaxadores a D. Rodrigo de Castro Alcaide mór da Covilhaã, e a D. Henrique Coutinho filho do Marichal D. Fernando Coutinho para significar a Alexandre VI. que atendesse na reforma dos licenciosos custumes dos Ecclesiasticos pois devendo ser o ornato do Santuario eraõ abominavel escandalo da Christandade. Foy o primeiro Monarcha que das Rendas Reaes concedeo hum por cento para obras pias servindo esta providencia de socorro a muita gente necessitada, e benemerita. Entre as virtudes que exactamente cultivou se distinguio na continencia conservando por toda a vida inviolavel fé ao thalamo conjugal. Penetrou os mysterios da lingua Latina com tal profundidade, que distinguia o estilo mediocre do sublime. Deleitava-se com o estudo da Astrologia consultando as esferas quando sahiaõ, e voltavaõ as Armadas expedidas para o Oriente. Ao tempo que jantava lhe assistiaõ homens eruditos que tinhaõ peregrinado pelo mundo com os quaes practicava, e disputava sobre materias diversas sendo mais deliciosa para o seu gosto esta conversaçaõ do que a variedade de iguarias que ornavaõ a sua Mesa. Com summa aplicaçaõ lia as Historias do Reyno onde admirava as heroicas acçoens de seus coroados Antecessores dezejando naõ sómente imitallas mas excedellas. Ordenou a Duarte Galvaõ, e Ruy de Pinna Chronistas do Reyno reformassem no estilo as Chronicas antigas aos quaes remunerou com premios generosos. De todos os Brazoens que estavaõ nos archivos, edificios, e sepulchros se fez por sua ordem huma colleçaõ primorosamente illuminada a qual se conserva na Torre do Tombo, e depois grande parte della se debuxou na magnifica Sala do Palacio de Cintra. Ao seu cuidado se deve a reformaçaõ dos livros antigos do Archivo Real, e de novamente se escreverem os chamados da Leitura nova que existem na Casa da Coroa do mesmo Archivo. Solicitado pela Republica de Veneza para a defender com as suas auxiliares armas, da potencia Ottomana, expedio huma formidavel armada composta de trinta Navios de que era General D. Joaõ de Menezes primeiro Conde de Tarouca, e tal foy o pavor que ocupou o coraçaõ dos Turcos com a noticia deste socorro que se retiraraõ velozmente aos seus portos naõ se atrevendo mais a inquietar os Venezianos. Recebeo de seu cunhado Carlos V. o habito do Tusaõ, e o da Jarretierra mandado por ElRey de Inglaterra que se nobilitaraõ pendentes do peito de taõ grande Monarcha o qual como fosse Mestre da Ordem Militar de Christo a ampliou com quatrocentas, e cincoenta Commendas para premio dos Soldados que na Africa, e Asia pelejassem contra os inimigos da verdadeira Religiaõ. Reduzio a milhor methedo as leys antigas promulgando novamente humas, e abrrogando outras em beneficio comum dos seus vassallos. Havendo chegado ao Apogeo da felicidade humana com a dilataçaõ de novos dominios que lhe adquiriraõ as gloriosas denominaçoens de Senhor da Conquista, da Navegaçaõ, do Comercio da Etiopia, Arabia, Persia, e India, com o descubrimento de vastas Provincias, omenagem de diversos Principes, continuada torrente de vitorias navaes, e terrestres, rendimentos de Praças, assaltos de Fortalezas, e sucessaõ copiosa em que deixou fielmente reproduzido o seu heroico, e piedoso espirito, cahio emfermo de huma febre, que degenerou em letargo, e como conhecesse o perigo a que estava exposto recebeo todos os Sacramentos com grande ternura, e no dia 13. de Dezembro de 1521. entre as dez, e onze da noute espirou quando contava 52. annos, 6 mezes, e dous dias de idade, e de Reynado 26. annos, hum mez, e 18. dias. Foy conduzido o seu real cadaver ao Mosteiro de Belem com a magnifica comitiva de dous mil cavallos e seiscentas tochas levadas pelos Capellaens e Officiaes da Casa Real. Passados trinta annos foraõ tresladados com solemnissima pompa os seus ossos por ordem de seu filho ElRey D. Joaõ o III. e se collocaraõ em o sepulchro em que hoje jazem na Capella mór do Real Convento de Belem da parte do Evangelho, e nelle se gravou o seguinte epitafio.
Littore ab occiduo, qui primi ad lumina solis
Extendit cultum, notitiam que Dei.
Tot Reges domiti cui submisère thiaras
Conditur hoc tumulo maximus Emmanuel.
Teve estatura mediana, o corpo delgado, cabello castanho, nariz pequeno, boca grande mas corada, olhos alegres entre verdes, e brancos, e os braços taõ compridos que lhe passavaõ os dedos abaixo dos joelhos. Casou trez vezes; a primeira com a Princeza D. Izabel filha dos Reys Catholicos D. Fernando, e D. Izabel, viuva do Principe D. Affonso filho delRey D. Joaõ o II., cujos despozorios se celebraraõ em Valença de Alcantara no mez de Outubro de 1497. Deste consorcio naceo o Principe D. Miguel da Paz a 24. de Agosto de 1498. na Cidade de Saragoça, e por morrer a Rainha de parto deste Principe o deixou ElRey D. Manoel em poder de seus Avôs maternos por estar jurado sucessor da Coroa Castelhana. Ao tempo que estava aclamado o Principe D. Miguel herdeiro das Coroas de Castella, Leaõ, e Aragaõ, e depois dos Reynos de Portugal, e Algarve espirou com geral sentimento em Granada a 20. de Junho de 1500. Passou ElRey D. Manoel a segundas vodas com a Infanta D. Maria sua cunhada filha dos Reys Catholicos, e se recebeo a 30. De Outubro de 1500. na Villa de Alcacer do Sal sendo Ministro do Sacramento D. Affonso de Portugal Bispo de Evora seu tio. Deste despozorio foraõ frutos o Principe D. Joaõ que herdou a Coroa o qual nacendo a 6. de Junho de 1502. Casou com a Infanta D. Catherina filha de Filippe I. Rey de Castella a 5. de Fevereiro de 1524. e morreo a 11. de Junho de 1557. A Infanta D. Izabel que nacendo a 24. De Outubro de 1504. se despozou em Sevilha a 11. de Março de 1526. com o Cezar Austriaco Carlos V. e falleceo em a Cidade de Toledo no primeiro de Mayo de 1539. A Infanta D. Britis nacida a 31. de Dezembro de 1504. casada com Carlos III. Duque de Saboya a 29. de Setembro de 1521. e morta em Niza a 8. de Janeiro de 1538. O Infante D. Luiz que naceo na Villa de Abrantes a 3. de Março de 1506. E sendo Duque de Beja, e Condestavel de Portugal falleceo a 27. de Novembro de 1555. O Infante D. Fernando Duque da Guarda, e de Trancozo, e Senhor de Abrantes nacido nesta Villa a 5. de Junho de 1507. e despozado em o anno de 1530. com D. Guiomar Coutinho herdeira dos Condados de Marialva, e Loule o qual morreo sem sucessaõ na Villa de Abrantes a 7. de Novembro de 1534. O Infante D. Affonso que tendo o seu berço em Evora a 23. de Abril de 1509. Foy Cardial do titulo de Santa Luzia in Septem Soliis, Bispo da Guarda, Vizeu, e Evora Arcebispo de Lisboa, Abbade Commedatario de Alcobaça, e Prior mór de Santa Cruz de Coimbra, e falleceo em Lisboa a 21. de Abril de 1540. O Infante D. Henrique que nacendo em Lisboa a 31. de Janeiro de 1512. falleceo em Almeirim a 31. de Janeiro de 1580. Foy Cardial creado em 16. De Dezembro de 1545. Pela Santidade de Paulo III. Legado á Latere por concessaõ de Julio III., Arcebispo de Braga, Lisboa, e Evora Inquizidor Geral, e ultimamente decimo setimo Rey de Portugal a cujo trono subio em 28. de Agosto de 1578. por falta de legitimo sucessor. A Infanta D. Maria fallecida em Evora no anno de 1513. e jaz no Real Convento de Belem. O Infante D. Duarte que tendo o seu oriente em Lisboa a 7. De Setembro de 1517 encontrou com o seu Ocazo a 20. de Outubro de 1540. Foy casado com a Infanta D. Izabel filha de D. Jayme Duque de Bragança, e de sua primeira mulher D. Leonor de Mendoça de quem teve as Serenissimas Senhoras D. Maria, e D. Catherina, despozada a primeira com Alexandre Farneze Duque de Parma, e Placencia, e a segunda com seu primo com irmaõ D. Joaõ sexto Duque de Bragança. Ultimamente o Infante D. Antonio que nacido em Lisboa a 9. De Setembro de 1516. foy brevemente transferido ao Impirio. Pela morte da Rainha D. Maria segunda espoza delRey D. Manoel sucedida em Lisboa a 7. de Março de 1517. passou a terceiras vodas com a Infanta D. Leonor filha de Filippe I. de Castella, e D. Joanna filha dos Reys Catholicos que se celebraraõ na Villa do Crato a 24. De Novembro de 1518. Desta augusta uniaõ foraõ gloriosas produçoens o Infante D. Carlos que naceo em Evora a 18. de Fevereiro de 1520. sendo taõ breve a sua duraçaõ que espirou a 15. de Abril de 1521. e a Infanta D. Maria nacida em Lisboa a 8. de Junho de 1521. e despojada da vida a 10. de Outubro de 1577. Jaz em o Convento de Nossa Senhora da Luz situado no suburbio de Lisboa eterno monumento da sua piedosa magnificencia. As acçoens Catholicas, militares, e politicas que obrou ElRey D. Manoel escreveo com difuza penna em a lingua Portugueza o insigne Damiaõ de Goes, e na Latina D. Jeronimo Osorio Bispo do Algarve, que era justo que produzisse a natureza outro Curcio para relatar as façanhas do segundo Alexandre domador como o Macedonico, do Oriente. Destes dous celebres Escritores seguiraõ os vestigios outros muitos, que em diversas linguas elogiaraõ as virtudes moraes e os dotes scientificos de taõ grande Monarcha, como foraõ Fr. Bernardo de Brito Elog. dos Reys de Portug. elog. 15. Foy aquelle em que o Reyno chegou ao ponto sublime, que todos tem antes da sua declinaçaõ: nada intentou que deixasse de levar ao fim Marian. de reb. Hispan. lib. 19. cap. 8. Eo Rege sceptra tenente qui nullus praestantior esset prudentia, atque animi magnitudine Faria Europ. Portug. Tom. 2. Part. 4. cap. 1. §. 105. Solo fuiste el verdadero grande, y el verdadero Monarcha pues humillaste a tus pies tantos Reyes del Oriente, y de Africa tantos Reynos, tantos mares, tantas coronas, y vitorias tantas. Quien fué de los mortales tanto como tu? Ninguno: aunque se muerda la embidia, el odio se carcoma, y rabie la ira, pues tu solo, solo tu fuiste el grande Emperador de todos los mares, y de todo el Oriente. Nat. Alexand. Hist. Eccles. Saecul. XV. art. 12. cap. 4. multos Reges subegit, & tanto maris, terrarumque dissitos intervallo tributarios, & victigales reddidit. Garibay Comp. Hist. de Espan. Tom. 4. liv. 35. cap. 26. augmentador, y amplificador de sus Reynos com grandes deligencias, y navegaciones, zelador de Iglesias, y fabricador de muchas, y algunas muy sumptuosas. Sainct. Marthe Hist. de la Maison de Franc. liv. 42. cap. 3. les virtus heroiques de ce Monarque, ses prosperites e tant de glorieuses conquestes, e entreprises qui’il mit heureusement a chef ayant vaincu, e s’ estant rendu tributaires plusiurs Roys des parties Orientales mais sur le tout le pieux soin qu’il eut de planter la Foy Christiene dans les Regions plus eloignies, l’ont fait a bon droit estimer l’ un des plus grands, e plus heureux Princes du Monde Spondan. Annal. Eccles. Tom. 2. pag. 343. col. 2. rebus pro religionis, & imperij dilatatione Asia, & Africa gestis omnino purus, multarum que virtutum cultu insignis. Carrillo Annal. del mund. fol. 456. vers. murio con la mayor prosperidad, felicidad, y grandeza que ha tenido ningun Rey por las grandes vitorias, que los suyos tuvieron en las Indias, y por la fecunda generacion, que dexò con que se honraron todos los Principes de la Christianidad. Vasconcel. Anaceph Reg. Lusit. p. 270. litteratos viros diligebat ex animo, libris que doctis Regum maxime superiorum monumentis impensissime delectabatur. Ancelme Hist. Gen. de la Mais. de Franc. Tom. 1. p. 601. Ce grand Prince en vingt quatre anne decovurit, conquit, e subjugua par ses Generaux toutes les cotes maritimes depuis le detroit de Gibraltar jusqu’a la mer de Arabie, de Perse, & des Indes, e un nombre tres considerable d’ Isles, y de royaumes. Menezes Portug. Restaur. Tom. 1. pag. 9. Tres partes contava do mundo Europa antes que elle reynasse, quarta lhe descobrio o seu desvelo sogeitando a America ao seu dominio onde deixou aos Castelhanos o que desprezou por mais facil, querendo sò triunfar na Asia do menos util, e mais custozo. Neufuille Hist. Gen. de Portug. liv. 8. p. 606. La dècouverte qù on avoit fait sous son regne de plusiurs pais inconnus, e enfin ses conquestes son autant de temoignages de sa pietè, e de la grandeur de son ame. Caram. Philip. Prud. pag. 69. Fuit vere mortalium felicissimus quia fortuna superior Regni terminos ad ortum, & occasum propagavit. Clede Hist. Gen. De Portug. Tom. 1. pag. mihi 646. Amoreux de la gloire, e plein de zele pour la religion il ne songea des qù il eut la courone qù a etendre ses Etats., e qù a èclarer les Idolatres; e pag. 147. Il aimoit les belles letres, scavoit l’ Histoire e honorrit les scavans. Fonceca Evora glorios. p. 98. Os Antipodas, e os fins do mundo foraõ tambem os fins das suas conquistas, e se mais mundo houvera lá chegariaõ tambem as nossas armas. Imhof. Stem. Reg. Lusit. pag. 15. expeditionibus maritimis famam Lusitanici, sui que ipsius nominis latissime sparsit, maximis accesionibus ditionem suam ampliavit, & Lusitaniam immensùm locupletavit, ut ob summam bonorum omnium afluentiam Emmaanuelis Pricipatus aetas aurea vulgò diceretur. Franc. de San Maria Chron. dos Coneg. Secul. liv. 1. cap. 3. Em seu tempo subio Portugal ao summo da grandeza passando de Reyno a Monarchia, e discorrendo em taõ longa, e dilatada esfera por hum, e outro emisferio, que desta parte lhe serve de baliza o Ocaso, daquella o Oriente. O insigne Poeta o Padre Manoel Pimenta no Anaceph. Reg. Lusit. p. 277.
Rex tua maiestas totum famosa per orbem
Una parem toto non habet orbe locum.
Non te Europa capit, non Africa, non capit
Indus
Trans Indum pandit jã tibi regna Thetis
Regibus Europae fama notescis, & Indis
Te quoque trãs Gãge Martia fama canit.
Te duce Neptuno Regni est sors depta secudi,
Occeanus fraenos jam subis ipse tuos.
Et Neptuninae veniunt ad jussa quadrigae
Rex tua; ter gemini jura tridentis habes.
Te dedit exeplar Regu Rex Regibus, omnes
Ut discant Regni mitia jura tui.
Esto, ait, Archetypus regnãtu; legibus orbem
Juste tuis Princeps imbue, vive meis.
Camoens Lusiad. Cant. 4. Estanc. 66.
Parece, que guardava o claro Ceo
A Manoel, e seus merecimentos
Esta empreza taõ ardua, que o moveo
A subidos, e illustres movimentos.
Manoel que a Joanne sucedeo
No Reyno, e nos altivos pensamentos,
Logo como tomou do Reyno cargo
Tomou mais a conquista do mar largo.
Gabriel Pereira de Castro Ulyssea Cant. 4. Estanc. 103.
Chegará onde nunca o echo, ou fama
Chegou, toda a Asia tremerà de ouvilo
Da parte onde o sol tem dourada cama
Té onde acaba sem mudar o estilo.
De medo ja com sete bocas brama
Por se esconder dentro em seu mar o Nilo,
Dando-lhe estatuas o que bebe Hidaspes
De ouro, e Atlante de Africanos jaspes.
- Miguel da Silveira Machab. liv. 15. Estanc. 26.
Atiende al rayo de gloriosa fama
Que del cerco solar los campos dora,
Y con la lumbre intensa que derrama
Los porticos descubre de la Aurora.
Como le guarda el polo eterna fama
En gremio que memorias athezora,
Y por campos de cristales Febo
Añade a sus Imperios mundo nuebo.
Compoz.
Epistola Serenissimi Principis Emmanuelis primi Dei gratia Portugalliae Regis excellentissimi responsoria ad summum Romanum Pontificem qua Beatitudinem suam in fidei hostes debellandos, sanctumque sepulchrum armis ab eis vindicandum catholice, & potissimum ad hortatur. Santissimo in Christo Patri, ac Beatissimo Domino Julio divina Providentia Summo Pontifici. Ex urbe nostra Ulixbona XII. die Julii anno millessimo quingentessimo quinto. 4. Esta mesma Carta escrita em Portuguez transcreveo Damiaõ de Goes na Chron. delRey D. Manoel Part. 1. cap. 93.
Epistola potentissimi, ac invictissimi Emmanuelis Regis Portugalliae, & Algarbiorum &c. Victoriis nuper in Africa habitis ad Santissimum in Christo Patrem, & Dominum nostrum Dominum Leonem X. Pont. Max. Data in urbe nostra Ulixbon. Pridie Kalend. Octob. anno Domini M.D.XIII. Sahio em o livro de rebus Hisp. Lusit. & Aetiop. de Damiaõ de Goes Colon. Agripinae 1602. 8. a pag. 255. E no 2. Tom. da Hisp. Illustr. Francof. apud Claudium Marnium 1603. fol. a pag. 1315.
Carta escrita a ElRey de Monicongo D. Affonso mandando-lhe por seu Embaxador a Simaõ da Silva Fidalgo da sua Casa e Cavalleiro da Ordem de Christo. Está na Chron. do mesmo Rey escrita por Damiaõ de Goes. Part. 3. cap. 37.
Carta escrita de Almeirim a 20 de Março de 1516. a Lopo Soares Governador da India. impressa nos Comment. de Affons. de Albuquerq. 4. Part. cap. 47.
Carta escrita de Lisboa a 6. de Setembro de 1514. a Nuno Fernandes de Attayde Capitaõ mór de Azamor. Na dita Chronica. Part. 3. cap. 53.
Historia do Oriente. M. S. Desta obra fazem memoria Solorz. de Jur. Ind. Tom. 1. lib. 1. cap. 3. n. 49. allegando a Garibay no Comp. Hist. de Hisp. e a Fr. Joaõ della Puente Conserv. delas dos Monarch. lib. 1. cap. 2. §. 1. e Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. 1. pag. 261. col. 2. Spond. Annal. Eccles. Tom. 2. p. 343. col. 2. e o addicionador da Bib. Orient. de Antonio de Leaõ Tom. 1. Tit. 3. col. 50.
[Bibliotheca Lusitana, vol. III]