MANOEL BARATA natural de Lisboa, e hum dos mais celebres Mestres de escrever, que floreceraõ no seu tempo de cuja arte abrio escola publica na sua patria, e mereceo que fosse seu discipulo o Princepe D. Joaõ filho do Serenissimo Monarcha D. Joaõ o III. formando os Caracteres taõ semelhantes aos do Mestre que se enganavaõ os olhos para os distinguir. Naõ satisfeito de ter publicado.
Arte de escrever. Lisboa 1572. 4.
Se empenhou a entalhar em madeira diversos generos de Abecedarios para facilitar a formaçaõ dos Caracteres cuja obra louva Manoel de Faria, e Sousa Comment. as Rim. de Cam. Cent. 2. dos Sonet. p. 298. Col. 2. Sus rasgos son pocos, mas cuerdos estremador y de notable ayre. Sahio posthuma com o seguinte titulo.
Exemplares de diversas sortes de letras tirados da Polygraphia de Manoel Barata Escritor Portuguez acrecentadas pelo mesmo Author para comum proveito de todos. Derigido ao Excellentissmo D. Theotonio Duque de Bragança e de Barcellos Condestavel dos Reynos de Portugal. Lisboa por Antonio Alvres 1590. 4. ao comprido. & ibi por Alexandre de Siqueira. 1592. 4. No fim tem Tratado de Arithmetica. Em aplauso da sua penna lhe dedicou o seguinte Soneto que he 87. da 2. Centuria o divino Camoens.
Ditosa penna como a maõ que a guia
Com tantas perfeiçoens da subtil a arte,
Que quando com razaõ venho louvarte,
Em teus louvores perco a fantesia.
Porem amor, que efeitos varios cria
De ti cantar me manda em toda a parte,
Naõ em plectro belligero de Marte,
Mas em suave, e branda melodia.
Teu nome Emmanuel de bum, e outro polo
Voando se levanta, e te pregoa
Agora, que ninguem te levantava;
E porque immortal sejas eis Apolo
Te offerece de flores a Coroa,
Que ja de longo tempo te guardava.
[Bibliotheca Lusitana, vol. III]