Fr. MANOEL DAS CHAGAS chamado no seculo Manoel Rombo naceo em Lisboa sendo filho de Adaõ Diaz, e Antonia Rombo. Na idade juvenil se distinguio de todos os engenhos, que com elle estudavaõ assim na intelligencia da lingua Latina, e noticia de letras humanas, como em os primores da Poesia, e perceitos da Oratoria por cujos dotes foy admitido á Ordem Carmelitana em o Convento patrio a 14. de Setembro de 1606. e professou solemnemente a 16 do dito mez do anno seguinte. O progresso que fizera nas letras amenas foy igual em as severas estudando Filosofia em Evora, e Theologia em Coimbra, porém como tivesse mais genio para o pulpito que para a Cadeira preferio o ministerio concionatorio, ao magistral. Exercitou com summa felicidade a Poesia vulgar sendo sempre em todo o assumpto elegante, e conceituosa a sua Musa. Foy ornado de memoria felicissima, do que deu repitidos argumentos em muitos Sermoens, principalmente depois que cegou naõ lhe sendo necessario os olhos para corroborar os seus discursos com os Textos de hum, e outro Testamento, e sentenças dos Santos Padres. Observou exactamente o seu instituto naõ faltando a hora alguma do Coro ainda depois de estar privado da vista, fatalidade que tolerou com animo resignado. Naõ exercitou na Religiaõ outro lugar mais que de Prior do Convento de Torres novas querendo antes obedecer, que mandar. Na ultima enfermidade recebidos os Sacramentos devotamente falleceo no Convento de Lisboa a 28. de Dezembro de 1666. Delle fazem merecida lembrança Cardozo Agiol. Lusit. Tom. 3. p. 610. no Comment. de 9. de Junho letr. D. Fr. Daniel á Virg. Mar. Specul. Carmil. 1. Parte Tom. 2. p. 1080. num. 3794. Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. p. 322. Joan. Soar. de Brito Theatr. Lusit. Liter. lit. E. n. 61. e Fr. Manoel de Sá Mem. Hist. dos Escrit. do Carm. da Prov. de Portug. cap. 74. p. 380.
Cathalogo das suas obras por ordem Chronologica. Officium S. Josephi. Ulyssipone apud Petrum Crasbeeck 1620. 12. & ibi ex Officina Crasbeeckiana 1658. & ibi apud. Dominicum Carneiro 1607. 12.
Officium gloriosae Virginis Teresiae Carmilitanae pro devotione recitandum, quae nunc denuó Sacrae Congregationibus condecoratur splendoribus cum ejus admonitionibus, & Missis. Ulyssipone apud Gerardum á Vinea 1622. 24. & ibi ex Officina Crasbeeckiana. 1653. 24.
Tratado da vida, excellencias, e morte do Bemaventurado Santo Andre Corsino Bispo de Fesula Religioso da sagrada Ordem de Nossa Senhora do Carmo.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1629. 8.
Relaçaõ da infermidade, e morte do V. P. Fr. Domingos de Jesus Maria Religiosa da sagrada Ordem de Nossa Senhora do Carmo. Lisboa pelo dito Impressor 1630. 8.
Tereza Militante. Poema heroico, que consta de 13. Cantos. Lisboa por Matheos Pinheiro 1630. 8.
Festas, que o Real Convento do Carmo de Lisboa fez á Canonisaçaõ de Santo Andre Corsino Bispo da Cidade de Fesula, e Religioso da sua Ordem. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1632. 8.
Sermaõ no Carmo de Lisboa Sabbado 29. de Novembro na solemnidade, que Sua Magestade mandou fazer ao Santissimo Sacramento que no mesmo dia esteve exposto. Lisboa por Lourenço Crasbeeck. 1637. 4.
Sermaõ prégado no Convento de Lisboa em dia da Aclamaçaõ de Sua Magestade por Rey, e Restaurador do Reyno no primeiro de Dezembro de 1646. Lisboa por Domingos Lopez Roza. 1647. 4.
Cantico Gratulatorio pelo Assassinio naõ efeituado. Lisboa pelo dito Impressor 1644. 4. Consta de 100. Outavas.
Cançaõ Lyrica ao Nacimento do Serenissimo Infante D. Pedro. Lisboa por Antonio Alvares Impressor delRey 1648. Sahio em nome do seu sobrinho Bartholameo Rombo.
Elegia á morte do Serenissimo Infante D. Duarte. Lisboa pelo dito Impressor 1648. 4. Saõ Tercetos.
Officium parvum Sancti Angeli Custodis. Ulyssipone ex Officina Crasbeeckiana. 1653. 12.
Oraçaõ Luctuosa em as honras que fez o Real Convento de N. Senhora do Monte do Carmo a Serenissima Infanta de Portugal D. Joanna em 28. De Novembro de 1653. Lisboa na dita Officina. 1653. 4.
Threnos funeraes á morte do Serenissimo Principe de Portugal D. Theodozio. Lisboa na dita Officina. 1653. 4. Consta de Lyras.
Sermaõ no dia da Aclamaçaõ de Sua Magestade por Rey, e Restaurador do Reyno no primeiro de Dezembro do anno de 1658. Lisboa por Henrique Valente de Oliveira. 1659. 4.
Vida, Virtudes, e morte do Irmaõ Joaõ de Sansaõ Carmelita calçado. Lisboa por Antonio Crasbeeck de Mello 1662. 8.
Tratado da vida do V. P. Fr. Pedro de Mello Religioso da Ordem do Carmo. M. S. Desta obra faz mençaõ Cardozo Agiol. Lusit. Tom. 3. pag. 610. Col. 2.
Aurora do Divino Sol Christo JESU. fol. 2. Tom. Dedicados ao Duque de Aveiro D. Raymundo de Alencastre. Constava o 1. Tomo dos 12. primeiros annos de Christo Senhor Nosso illustrados com discursos moraes. O 2. Tomo comprehendia os mesmos 12. annos conforme os textos de S. Matheus, e S. Lucas, donde deduzia discursos moraes.
Manual de exercicios espirituaes. M. S.
[Bibliotheca Lusitana, vol. III]