ANACLETO DA SILVA MORAES, Official maior da Secretaria do Tribunal da Junta do Commercio, extincto em 1833. – Creio que foi Socio da Academia de Bellas Letras de Lisboa, mais conhecida pela denominação de Nova Arcadia. Pelo menos é certo que tinha grande intimidade com o presidente d’aquella Academia Domingos Caldas Barbosa: e no Almanach das Musas, parte IV a pag. 78, vem uma Ode sua. – Ignoro a sua naturalidade, mas sei que faleceu em Lisboa, na freguezia da Encarnação a 17 de Dezembro de 1831, em edade provecta.
Compoz junctamente com Mathias José Dias Azedo um pequeno Drama Allegorico que se imprimiu, como se dirá no artigo respectivo ao dito Azedo.
Foi redactor de uma folha periodica, a que deu o titulo de Gazeta d’Almada, da qual se publicaram varios numeros, logo depois da expulsão dos francezes em 1808.
Entre o grande numero de poesias que escrevera. e que ou se extraviaram por sua morte, ou existem talvez em poder de seus parentes, avulta um poema heroi‑comico em cinco cantos, hoje quasi desconhecido, e composto segundo parece pelos fins do seculo passado. Serviu d’assumpto a esta composição a pessoa e obras do poeta Malhão, de Obidos, que por esse tempo gosava em Lisboa de alguma celebridade como improvisador facil e conceituoso. Intitula‑se A Malhoada, é em verso solto, e offerece por todo o seu contexto notaveis pontos de similhança com o Hyssope. Ha mesmo alguns episodios em que ninguem poderá desconhecer a imitação caracteristica e bem pronunciada. Todavia, á parte o senão de satyra pessoal, parece‑me bem escripto, e prova irrefragavel do talento do auctor. Possuo d’elle uma copia, extrahida ha já bastantes annos de outra, que um amigo me facilitou, e é possivel que em Lisboa existam mais algumas, de que eu não tenha noticia.
[Diccionario bibliographico portuguez, tomo 1]