MANOEL PACHECO DE SAMPAYO VALLADARES, filho de Manoel Pacheco de Sampayo, e Isabel Valladares, naceo em a Villa de Benavente a 13 de Abril de 1673, e foy bautisado na Igreja de Nossa Senhora da Graça Matriz da dita Villa em o 1. de Mayo. Aprendidas as humanidades na sua patria passou a Lisboa, e no Collegio de Santo Antaõ dos Padres Jesuitas estudou Filosofia, e Mathematica em que mostrou capacidade de talento, e madureza de juizo. Na Universidade de Coimbra se aplicou ao Direito Pontificio, e depois de receber o grao de Bacharel, nesta Faculdade fez exame da sua sciencia legal no Dezembargo do Paço, e posto que foy julgado capaz de administrar os lugares da Republica naõ quiz seguir este genero de vida por ser muito escrupuloso, preferindo á severidade dos Bartolos, e Baldos, a amenidade das boas letras, e cultura das Musas em que todos os dias se occupava, desde as primeiras luzes da manhã, até as 10 horas da noute. Teve particular genio para a Poezia jocosa, com que divertia aos que participavaõ da sua discreta conversaçaõ. Foy hum dos mais celebres alumnos da Academia dos Anonymos instituida em Lisboa, onde foy aplaudido o seu talento assim orando, como metrificando. Falleceo na patria em o 1 de Março de 1737 pelas onze horas da noute, quando contava 64 annos de idade. Jaz sepultado na Igreja Matriz da sua patria. Compoz

Ideas da saudade, Imagens do Sentimento formadas na lamentavel morte da Senhora D. Maria Sofia Isabel nossa Senhora, Rainha de Portugal. Lisboa, por Miguel Deslandes 1699. 4.

Tenerse muertos por vivos. Lisboa: por Jozé Lopes Ferreira 1717. 4. Comedia.

Querer sin querer querer. ibi por Mathias Pereira da Sylva, e Joaõ Antunes Pedroso. 1721. 4. Comedia.

  1. Sonetos. Sahiraõ nos Preludios Encomiasticos a D. Manoel Pereira Coutinho, e seus filhos pelo que obraraõ na Campanha de 1704. Londres por Leach. 1704. 4.

Arte de Rhetorica, que ensina a fallar, escrever, e orar com huma Rhetorica particular para o uso dos Prégadores. Lisboa, por Francisco Luiz Ameno 1750. 8.

Obras M. S.

Como agravio amar ensenã. Comedia.

El Gran Emporio del mundo. Comedia.

El Valiente sin pavor. Comedia.

Nove Loas a diversos Assumptos. 4.

Prova de varios assumptos, e assumpto de varias Prozas. 4.

Primeiro dia de visita do Hospital de cegos incuraveis a quem o odio, e a emulaçaõ tiraraõ a vista, e eclypsaraõ o discurso. Cura procurada, mas nunca conseguida contra o mao affecto, e mal affectado. Reposta Juridica, Politica, Historica, e Classica dada a varias opinioens, e ditos que contra Portugal, e suas antiguidades escreveraõ alguns Authores Estrangeiros. Estava prompto para a impressaõ.

Segundo dia de Visita no Hospital, &c.

Reparos sobre a Orthografia Portugueza, e methodo facilissimo para se acertar. 4.

Rhetorica Portugueza. 4.

Satyrica Esgaravatana da Idea moral com que faz tiros o entendimento ás desatençoens do homem credulo na immortalidade sem avisos do caduco. 4.

Nova omnia placent. Papel em que mostra ser Benavente a terra em que naceo S. Engracia, e viveo seu Pay Onteomero. 4.

Cacomachia. Fabula de Caco, e Hercules. Consta de 90 Outavas.

Solidaõ eterna, saudade sem esperança, &c. Consta de 30 Outavas á morte de sua primeira mulher.

La Innocencia castigada. Auto Allegorico.

Los Assombros de un sepulcro. Auto Allegorico.

Sermaõ de S. Antonio.

… do Patriarcha S. Francisco.

… de S. Joaõ Baptista.

Exposiçoens de varias Outavas de Luiz de Camoens, recitadas na Academia dos Anonymos de que foy Collega.

Carta escrita ao Reverendissimo P. M. Frey Benito Jeronymo Feijo Author dos Theatros Criticos sobre alguns reparos.

Carta Critica ao Reverendissimo P. D. Rafael Bluteau, sobre hum ponto dos seus Diccionarios.

Outras metricas de toda a Arte a varios assumptos. fol.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]