FR. AFFONSO DE PALMA, naceo em Portugal, e ilustrou a Castella com as raras virtudes em que era eminente, pelas quaes mereceo, que seu companheiro o Veneravel Fr. Vasco Martins da Cunha primeiro restaurador da Ordem de Saõ Jeronimo neste Reyno o levasse a ser base fundamental do Convento de Val Paraizo em Cordova. Assim como a natureza o fez no corpo agigantado, o era no espirito, sendo incansável na administração daquela Communidade, que governou com o titulo de Vigario por espaço de trinta anos. Naquellas horas, que lhe estavão da continua assistência do Coro se ocupava para evitar o ócio em exercícios humildes, como erão cavar a terra, plantar arvores, e ainda em obra mecanixcas, pois para tudo tinha natural habilidade, e cujos ministérios se póde claramente inferir a profunda humildade de seu animo, o heroico despreso da gloria humana, além dos austeros jejuns, ásperas disciplinas, e vigílias celestiais, angelica pureza, e ardente charidade para com os próximos com que se fez merecedor de receber o premio na gloria a 29 de Abril de 1450. Delle faz memoria Fr. Jozé Siguença Hist. da Ordem de S. Jeron., part. 2, liv. 4, cap. 19. Cardoso Agiolog. Lusit., tom. 2, p. 755 e no Comment de 29 de Abril let. E, e o Illustrissimo Cunha Hist. Eccles. De Lisb., part. 2, cap. 86 onde por erro do impressor lhe chama Diogo, e que fora Prioe do Convento de Valaparaiso, sendo Vigario, como escreve Siguença. Compoz: Confessionario, ou methodo da Confissão distribuído em boa ordem. Para uso do Coro escreveo muitos volumes em elegante caracter co a Solfa do canto chaõ, como foraõ: Dominical; Santoral; Officioo de Nossa Senhora; Commum dos Santos; Officio dos defuntos. Traduzio de latim em Castelhano hum Flos Sanctorum, o qual escreveo em bela letras para se ler no Refeitorio, como escreve Siguença já alegado.

 

[Bibliotheca Lusitana, Historica, Critica e Chronologica, vol. 1]