ACHILLES ESTAÇO, cua memoria será eternamente venerada no Templo da Virtude, e da Sabedoria, nasceo em a ilustre Villa da Vidigueira da Provincia Transtagana a 5 de Junho de 1524 como elle testifica em huma carta escrita a Paulo Mallisso. Foy filho de Paulo Nunes Estaço (a quem chama Simão por engano Nicolao Antoio na Bib. Hisp. Tom I pag.2), cavaleiro professo da ordem de Christo, e Governador do Castello de Outão a barra de Setuval, não enos celebre pela nobreza de seus mayores, como escreve João de Baros Dec. 3 livr. 9 cap. 12 e muito mais pelas virtudes Christaas, que religiosamente praticava, pois por morte de sua mulher desprezando as delicias mundanas se recolheo no Mosteiro da Serra de Ossa, onde em habito secular exactamente observou os sagrados exercícios dos habitadores daquela solidão, até que com faculdade do Cardeal D. Henrique passou o restante da sua vida entre os Monges de Alcobaça. Como o seu genio era belicoso, desejava que o filho fosse unicamente herdeiro de seus marciaes espíritos, e com este intento lhe impoz o nome de Achilles, para que a memoria deste insigne Capitão lhe servisse de perpetuo estimulo para obrar acçoens heroicas, das quaes lhe destinou por teatro a India Oriental, para onde o levou em sua companhia esperando, que aprendendo em idade tão tenra os preceitos da arte militar, pelo progresso do tempo sahiria tão disciplinado, que fosse o terror dos inimigos do Estado. Mas como a natureza suavemente o inclinava para as letras, e fosse pouco robusto para as armas, alcançou faculdade do pay para que deixando a escola de Marte, frequentasse a de Minerva. Para conseguir esta resolução voltou a Portugal, e na Cidade de Evora aprendeo do insigne Verão Andre de Resende as letras humanas, e a língua Latina, e como a madureza do juízo se antecipava à verdura da idade, fez em breve tempo tão agigantados progressos, que era admirado do Mestre e envejado dos discípulos. Ambicioso de se instruir com mayores sciencias deixando a sua pátria passou a Flandes, onde em Lovayna teve por Mestre a Pedro Nanio, eloquentissimo Orador daquela idade; e depois estudou Theologia, da qual penetrou profundamente os seus mayores mysterios. Porêm como as armas Francezas, que fortemente infestavam aquelles Paizes, lhe alterassem o socego necessário para o estudo, partio para Pariz, em cuja Universidade brilhou excessivamente o seu talento, publicando em o anno de 1549 como primícias da sua capacidade, huma Sylva de vários Poemas, que dedicou ao seus Mecenas o Infante D. Luiz, a cuja generosidade própria de tão grande principe se confessou devedor como seu pay, expressando o agradecimento de ambos nestas métricas vozes: At tibi me, Paulumque Patem debere fatemur Ispe quod ingenio, Marte quod ille potest. Quippe Pater bello dux olim assuetud & armis saepe tibi Victor gratus ab hoste redit. Nesta obra poetica mostrou quanto era observante dos seus preceitos, sem profanar o culto das Musas com algum termo indecoroso À sua pureza. No anno de 1555 quando contava trinta e hum de idade, voltou segunda vez a Flandes (como elle confessa na Explanação do Cicero de optimo genere Oratorum) e sendo desde a puerícia aplicado às letras humanas, para aliviar o animo da severidade dos estudos mayores, ocupava algumas horas em interpretar aos seus domésticos e amigos as obras dos authores antigos, ilustrando a hns com doutiffimas reflexoens e observando em outros vários primores de elegância e erudição: e se nelles achava algum termo menos perceptivel À commua intelligencia, o consultava com Varoens eruditos, como muitas vezes o praticou com Paulo Manutio, Marco Antonio Mureto, e Francisco Rebortelo, aos quaes proessava huma estreita amizade e comunicação. Soube com perfeição as línguas Grega, e Hebraica, as quaes falou com tanta expedição e pureza como a Latina em que foy eminente e não menos Poeta suavíssimo, e eloquentissimo Orador, de cujas elegantes vozes ainda hoje soao os eccos na cabeça do Mundo, onde por diversos vezes foy ouvido com aplauso, e admiração, principalmente quando na presença dos Summos Pontifices Pio IV. S. Pio V. e Gregorio XIII elegantemente orou; duas vezes em nome do nosso Serenissimo Principe D. Sebastião; e huma em nome de Fr. João de la Vallete Grão Mestre de Malta com tanta pureza na fraze, e espirito na representação, que sepultou em eterno esqueciento a todos os Oradores, de que tinha sido Patria e teatro aquella grande Corte. Nella como Emporio das Sciencias mereceo ser elevado a huma Cadeira na Universidade da Sapiencia, onde resplandeceo com tanta intensão o seu talento, que para dignamente ser premiado, compeião entre si os mayores Pricipes. Desta verdade seja claro testemunho o Cardeal Sforcia, quando o fez Bibliothecario sa sua numerosa Livraria cõposta de raríssimos M.S. com que enriqueceo de novas noticias a sua vasta comprehensão. Atendendo a Santidade de Pio IV ao seus talento o nomeou secretario do Concilio Tridentino, e ainda que modestamente se escusou deste ministério n ão pode deixar de o exercitar, quando S. Pio V o elegeo Secretario das Cartas Latinas, que os pontífices escrevem aos Principes, confiando da elegância das suas palavras, que dignamente exprimisse, e representasse a suprema autoridade do Solio do Vaticano. Não menos estimação recebeo de Gregorio XIII pois querendo augmentar o esplendor da Casa Pontificia o admitio em o numero dos seus Familiares dando-lhe tudo quanto não só era necessário mas superabundante. Porem como extremosamente sentisse a morte de S. Pio V de quem recebera não vulgares demonstraçõens de affecto, deixando as bem fundadas esperanças, que lhe prometiam os seus grandes merecimentos, se retirou a viver para si e para as Musas; e julgando-se por sua natural humildade indigno do Estado Sacerdotal passou o restante da vida com summa moderação e parcimónia rejeitando muitos e rendosos benefícios, que espontaneamente lhe offerecião e alguns lugares honoríficos como forão o de Chronista Latino de Poetugal, Guarda Mór do Archivo Ral para os quaes o convidou El Rey D. Sebastião, e de ser Secretario dp Cardeal D. Henrique quando no anno 1578 vestio a Purpura Real sobre a Cardinalicia. Nos seus últimos anos gastava o tempo de menhãa em visitar com devota piedade os Templos e sepulturas em que descansão as Cinzas de muitos Martyres de que Roma he Veneravel depostp, e para que nem ainda neste piedoso exercício estivesse totalmente divertido o seu genio do estudo, examinava com douta curiosidade muitas escripçoens gravadas em diversos mármores; de tarde dr comunicava aos seus amigos, aprendendo estes da sua pratica os documentos sólidos, assim para o progresso das sciencias como para a reforma das vidas; e aos que estavão ausentes, como erão Joseph Castelleoni celebre Jurisconsulto de Ancona, Paulo Mellisso Poeta Germanico, e Fulvio Ursino, sabio, e ilustre Romano, que veneravão a sua profunda erudição, se fzia presente por cartas Latinas escritas com tanta elegancoa, que testemunhou o Cicero Portuguez D. Jeronimo Osotio, fora insigne neste género de escritura. Foy sempre inimigo jurado do ócio de tal sorte que quando já o pezo dos anos e a debilidade das forças p escusavam da aplicação ao estudo, consumia grande parte do tempo extrahindo das Bibliothecas com incansável trabalho as Obras de muitos Santos Padres Gregos traduzindo-as na Lingua Latina como forão as Oraçoens de S. Joao Chrysistimi e alguns Tratados de S. Cyryllo, Santo Anastacio, S. Gregorio Nisseno, Amphiloquio e os Hymnos de Calimacho, vendose nestas traduçoens o profundo conhecimento que tinha da língua Grega na qual compoz também admiráveis versos. A sua vida que eplos exercícios de tantas virtudes era digna de ser eterna pagou o tributo de mortal em Roma a 28 de setembro de 1581 quando contava 57 annos e trez meses de idade. Mandou no seu Testamento que vestido no habito de S. Domingos fosse enterrado na Igreja dos Padres da Congregação do Oratorio de Roma, onde honorificamente foy colocado em huma Capello dedicada à May de Deos que he a primeyra que ao entrar pelo Templo está ao lado esquerdo. Para eterno testemunho de como affectuosamente venerava aquelles exemplaríssimos Padres lhes deixou por estimável legado a sua numerosa Livraria, de cuja Lição extrahio varias noticias com que ilustrou os Fastos da Igreja do seu Purpurado Annalista Cesar Baronio. Esta insigne Bibliotheca se vé colocado em huma sumptuosa casa, onde na fachada da porta está pintado o retrato de Achilles Estaço, e na parte inferior gravada esta breve inscripção Bibliotheca Statiana. Não foy poderosa a morte para extinguir na estimação dos mayores Principes a memoria de tão grande Varão, pois querendo Xisto V perpetuar o seu merecimento, conferio hum rndoso beneficio a hum seu parente, dizendo, que era justo que ainda depois da orte se premiasse a virtude. O cardeal Farnese não duvidou afirmar que morrera o mayor homem que sahira de Portugal. Os mais celebres escriptores lhe consagrarão grandes elogios ao seu nome julgando serem limitado premio para tão alto merecimento como forão Justo Lipsio lib I Variar Lect cap 2 chamando-lhe magni ingenij & multae lectionis virum. Martim Aspilc Nav n oper de Reddit Esccles Portugalliae honor. O Cardeal Baronio não satisfeito de azer delle honorifica memoria repeidas vezes como se ve in Annalib ad ann Christ 599 n 9 & in Not ad Martyrol Rom 21 Abril tratando de Anastacio Synaita e em 14 de Mayo regul. Monach principalmente a 11 de Janeiro in depofit S. Basil diz estas palavras. Legimus in Vereti M. S. Codice nostra Bibliotheca, quam possidemos liberalitate pia memoriae optimi & eruditíssima Achillis Statij Lusitani; e em 12 de novembro escrevendo de S. Martinho Papa, e Martyr; Unde bene precamur bonae memoriae Achillis Statij, qui legata nobis sua Bibliotheca tam insígnia  reliquit vetustatis monumenta. Latin. Latinin Epist ad Ant. August lhe chama Librorum venator & helluo. Ant. Possev in Appar Sacr tom I Nostri aevi eruditum virum. Andre Scoto in Bib Hysp clas 2 tom 3 pag 489. Poeta simul & Philologus inter aqueles praestans. D. Nicol Ant. na Bib Hisp. Tom I pag. 2. Vir pius, eximiaeque in litteris sive prosa sive versa oratione scriberet sive illustraret priscos Scriptores, sive tandem é Latino in Graecum verteret, famae. Fr. Miguek Pacheco na Vida da Inf. D. Mar Livr. 2 cap 4 p. 99 hombre doctissimo en letras divinas y humanas; e no cap 18 pag. 135. Sugeto de los aplaudidos de aquel siglo en todas las buenas letras, Jorge Cardos. Agiol Lusit Tom 3 no Commentario de 3 de mayo letr. A lhe chama famoso Joan Suar de Brito in Theat. Lusit. Litterat. Lit. A. Vir fuit multae eruditiones tam graecae quam latinae. Lud. Carrio lib. I Antiq cap 2 Virum summum, atque ut ejus amplitudo & proclara omnium scientiárum conditio meretur, non nisi cum honore nomiñadum. Jeron Ghilino in Theatr. D’Huom Letter Tom 2 p.5 Eccellentissimo Litterato, Poeta, Pro satore e Traduttore fini la sua vita in Roma com grandíssimo dispiacere dé suoi amici, e di tuti iprofessori di belle Lettere, trá  quali apparve como um chiarisimo sole frá le Stelle. Com semelhantes elogios celebrão João Sambuco in Emblem pag 177 Petr. Ang. Sper. de nobil. Profes. Grammat & Human lib. 3 fol 120 e 129. Tobias Magir in Epinymol. Crit. P. 7. Franckenau in Bib. Hisp. Hist. Gen. Herald. pag 1 Thuan. Hist. lib 39 ad an 1566 Joan Hallevord in Bib. Curios. pag. 2 Jacob Pontan in Attic Bellar pag. 43 n 21 Taxand in Cathal. Cla. Hisp. Script. Capassi Hist. Philosof. pag. 453. Padilla Hist. Eccles. de Espan. Cent. 4 cap. 52 onde por erro o faz Italiano, Gaspar Estaço Antig. de Portug. cap. 44. 6 e no Trat. da linhag. dos Estaços pag. 45. Fonsec Evora gloriosa pag. 406 o Padre D. Ant. Caet. De Sous. Na Prefação á Hist. Gen. da Cas. Real de Portug. Tom I pag. 43 n 21. He numerado entre os Poetas insignes por Pedro Sanchez na celebre Carta que em louvor dos Poetas Portuguezes escreveo a Ignacio de Moraes dizendo:

Incolat, & quamvis diversas transfuga terras Non tamen oblitus patriae fera praelia cãtet Quase Rex Alphon sus cui caelo missa sereno Lusitanorum sunt clara insígnia Regum. Illum autem digito quem mostrat Martia Roma? Orbis Roma caput; quo praetereunte fenestris De summis pueri clamant, juvenesque, seres que Ille, ille est certe ille est Lusitanus Achilles: Lusitana suis tellus gestavit in Ulnis Nutrivit, docuitque bonas novisse Camoenas.

Ultimamente coroa todos estes elogios dedicados à memoria de Achilles Estaço o Padre António dos Reys com o que lhe tece das suas próprias Sylvas no Enthusiasmo Poetico, n 15 que dedicou à Augustissima Magestade delRey D. João V N. Senhor impresso no principio dos seus agudíssimos epigramas dizendo com Laconica, e elegante energia:

Tu quóque non uná tantum redimitus Achilles Fronde sedes; siquidem propriae dant plurima Sylvae Serta tibi.

O Cathalogo das suas obras que se achão espalhadas em huma, e outra Bibliotheca Hispana, e Bibliotheca Classica de Draudio na Curiosa de Hallevordio pag. 2 e na Pontificia de Fr. Luiz Jacob de S. Carlos pag. 238 e no Cathalogo Clar. Hisp. Script. de Taxandro, he o seguinte.

Obras impressas em prosa:

Commentarij in Lib. 3 M. Tulij Ciceronis de Optimo genere Oratorum. Parisiis apud Vascosanum 1551 in 4 & Lovanij apud Servatium Sassenium 1552.

Commentarij in Lib. M. Tulij Ciceronis de fato. Lovanij apud Servatium Sassenium 1551, 8.

Castigationes, & explorationes in Top. M. Tulij Ciceronis. Ibidem apud eumdem Typog 1552, 8. Este Livro foy dedicado a João de Barros.

De optimo genere Oratorum, in Topicam, de Fato, atque observationes aliarum rerum. Sahirão juntos Antuerpiae apud Martinum Nutium 1555,8.

In Horatij Artem Poeticam Commentarium. Antuerp, 1553, 4. Desta obra faz ilustre memoria Daniel Georg Morhorf in Polyhistor lib 7 cap I n 4.

Observationum in vários Latinorum scriptorium libros. Lovanij apud Sassenium 1552 e 1604, 8. Sahirão depois in Thezaur Crit. Joan Gruther.

Commentarij in Suetonium de Claris Grammaticis, & Rhetoribus illustribus libri duo.Antuerp apud Christophorum Plantinum 1574, 8. Estes Commentarios, que injustamente se atribuirão a João Baptista Egnatio, sahirão nesta impressão restituídos ao seu verdadeiro author, qual era Achilles Estaço, que os dedicou ao Infante Cardial D. Henrique, onde entre ouras cousas lhe diz: Multa tua constant in patrem meum beneficia, multa in fratres, multa in me epsum denique. Deinde, quae ex Itaia, atque Urbe Roma litteris amantissimis accito tam multa liberaliter, & prolixe polliceris, perinde Mihi grata sunt, acsi jam etiam acceperim. Esta obra louva Dionisio Lambino com huma carta escrita a Estaço, dizendo sahira, tua acerrina limà castigatum, tuaque eruditíssima commentatione locupletatum, atque exornatum. Sahio Parisiis apud Federicum Morellum 1567, in 8 & ibi apud Adrianum Beys 1610 in fol.

Commentarij in Tibullum. Venetiis apud Aldum Manutium, 1567, 8.

Estes dous Commentos sahirão impressos juntamente Venetiis apud Aldum, & Parisiis in fol dos quaes diz Andre Scoto assima allegado, Muretum in Catullo, & Tibullo venustis poetis explanandis aemurali non dubitavit Statius; certe in Tibullo disertior Mureto, & copiosior.

Orationes duae; altera in Topica Ciceronis, altera quoslibetica de animarum immortalitate. Parisiis 1547, 8.

Oratio ad Pium IV Pontificem Maximum Sebastiani primi Portugalliae & Algabiorum Regis nomine obedientiam praestante Laurentio Pires de Tavora XIII Kalend Junij 1560. Romae, eodem anno 4 e nas minhas memorias delRey D. Sebastião Parte I Livr. 2 cap. 1 & 7, Lisboa por Jozeph Antonio da Sylva Impressor da Acad. 1736, 4.

Oratio Sebastiani Regis Lusitaniae nomine ad Gregorium XIII habita anno 1574, Romae apud haeredes Antonij Bladij, 1574, 4.

Oratio ad Pium V nomine Joannis Valletae magni Magistri Ordinis Melitensis obedientiam proaestante D. Petro de Monte Capua. Romae apud Bolanum de Accoltis, 4.

Commentarium, sive Epistola ad Navarrum de Redditibus Ecclesiasticis. Romae apud haeredes Bladij 1552, 8. No fim està a reposta de Navarro, que começa deste modo: Epistolam tuam, & Commentarium de pecuniae Ecclesiasticae ratione, charitate, religione, prudentia, modestoa, & elegantia plenam jucundè suscei, avideque perlegi, & cum tuo nomine, insgnique fama dignam reperi, simul in animum induxi tuae authoritatis validis fundamentis annixa accessione nostrae sententiae multum roboris addi posset. Esta mesma epistola mais polida, e novamente augmentada com o Commentario do mesmo Estaço de Pensione sahio com este titulo:

De redditibus Ecclesiasticis, & Pensione commentarioli duo. Romae apud haeredes Antonij Bladii 1574, 8 e 1581 e 1611 e ultimamente Hamburgi apud Michaelem Hering 1614, 8.

Illustrium Virorum ut extant in Urbe expressi vultus ab Statio Collecti, opera Fulvij Orsini publici júris facti, Romae apud Aronium Lafrerium, 1569 in fol.

Taboa Geografoca do Reyno de Portugal impressa em Roma 1560 a qual Abraham Ortelio collocou no seu Theatro do mundo, e por a ter dedicado Achilles Estaço ao Cardial Guido Sforcia julgarão alguns erradamente ser obra sua, sendo ella composta por Fernão Alvres Seco insigne Cosmografo, de que faremos menção em seu lugar.

Obras Poeticas impressas:

Sylvae aliquot uná cum duibus hymnis Callimachi eodem carminis genere ab Statio redditis, Paris apud Thomam Richardum, 1549, 4 & ibi com outras diversas 1555.

Monomachia Navis Lusitaniae, & Regum Lusitanorum insígnia, Romae apud Josephum de Angelis, 1574.

De electione, profectione, & coronatione Serenissima Henrici Poloniae Regis. Romar apud haeredes Bladij, 1574.

Deo Forti Melita liberata Epinicium. Sahio impresso este Poema com a Oração que fez em Roma em nome de Grão Mestre de Malta, de que assima se fez manção.

Ad Cognominem sibi Achillem Statium Pellae Episcopum Carmen. Sahio impressa esta obra na Bibliotheca Hispan. de Andre Scoto, pag. 488.

Poema Latino em louvor da Serenissima Infanta D. Maria filha del Rey D. Manoel, o qual começa:

Jam pridem studijs aliis addictior aevi. O qual está impresso na Vida da mesma Princeza composta por Fr. Miguel Pacheco lib. 2 cap. 18 pag. 135 v. onde com igual elegância se vé traduzido em Castelhano por D. Manoel Salinas y Lezana Conego da Cathedral de Huesca.

Epigramma Graeco Latinum in Translatione S. Gregorij Nazianzeni, o qual traz Baronio in Not. ad Martyrol, Roman 3. Idus Junij.

Obras traduzidas do Grego em Latim, das quaes a mayor parte está inserta in Bibliotheca Patr.

S. Joannis Chrysostomi Orationes quinque. 1. Dominicae Orationis explanatio. 2. in Natalem Domini. 3. In Sancta Theophania. 4. De David Propheta. 5. de Seraphim. Esta sahio separadamente Romae apud haeredes Antonij Bladij, 1580, 8. Petro Donato Cardinali Caesio nuncupata.

S. Gregorij Nysseni de Abrahã & Isac.

S. Athanasij in Mag, Paresceven Amphilochij in Sabbati Sancti diem, Gregorij Antiocheni Episcopi in Sepulturam, & Resurrectionem Domini.

Sophronij in Exaltationem S. Crucis.

Cyrilli in Parabolam Vineae.

Anastasij Sinaitae de injurijs remittendis.

Esta obra sahio separadamente Romae 1579, como diz Baronio no Tom 8 dos Annaes.

Martiani Beethlemitae fragmentum. Nili Abbatis apistolae três. Algumas obras sahirão à luz publica com este titulo.

Orationes nonnullorum Graciae Patrum Chrysostomi, Athanasij & c. latine redditae Achille Statio interprete. Romae apud Francisc. Annetum, 1578, 8.

In Arati Phaenomena, & prognostica. Florentiae apud Junctas 1568, in fol. Esta obra traz Draudio in Bib. Classic. Tit. Pharnomena. Typi Epistolici, & epistolarum figurae authore incerto: eadem de re quaedàm ex magno Basilio cum Libanij Sophistae commentariolo; quaedam ex Tatiano, Demetrio Phalareo, Cicerone, Philipo Beroaldo, Sulpicio, Verulano. Lovanij apud Bartholomaeum Gravium, 1551, 8.

Obras Latinas, que por sua industria sahirão à luz publica.

Liber de Trinitate, & Fide composto por Gregorio Bispo de Granada, ou como outros querem, pelo Bispo Faustino. Romae in aedibus Populi Romani, 1575. Este tratado anda impresso no fim do 2 Tom da Biblioth. Patr. da impressão de Pariz do anno de 1575.

Sancti Ferrandi Carthaginensis Ecclesiae Diaconi Opuscula pia. Romae 1578, 8. Dedicados ao Cardial Luiz Madrucio.

Sancti Pachomij Caebiorum per AEgyptum Fundatoris regula AEgyptiace scripta, à Sancto Hieronymo Latine conversa, ab Statio expurgata, & pristinae fidei reddita; irem Sermo S. Anselmi de vita aeterna. Romae apud haeredes Bladij, 1575, 8. Esta obra anda tãobem na appendix das obras de Cassiano ilustradas com as Notas de Pedro Chacão, Romae, 1580.

Obras não impressas:

Diversos Poemas assim heroicos, como Lyricos.

Muitos Psalmos de David traduzidos em versos elegantíssimos.

Commentarij in Aristotelis Poeticam. Desta obra faz elle mesmo memoria no fim dos Commentos à Poetica de Horacio.

Commentarij in Hratij carmina. Annotationes, & Scholia in amnia Pub. Virgilij Mar opera.

De rebus gestis Patris sui. Faz manção desta obra Gaspar Estaço nas Antig. de Port. Cap. 44 & 6.

Muitas cartas escritas a varias Pessoas, e as que lhe escreverão.

A mayor parte destas obras se conservão na Livraria, que elle deixou aos Padres da Congregação do Oratorio de Roma; outra grande parte, e ainda muitos opúsculos deste grande Varão se guardão M. S. em quatro Tomos na Biblitheca Romana dos Padres Agostinhos, como consta do seu mesmo Index, signissimos certamente de que lograssem o beneficio da luz publica, como ardentemente desejava João Bautista Cardona Bispo de Tortosa, Prelado muito erudito, o qual fazia tão grande estimação das obras de Achilles Estaço, que as julgava merecedoras de serem procuradas com toda a deligencia, e extrahidas dos lugares em que injustamente jaziãi sepultadas para ennobrecerem a Bibliotheca Regia do Escurial, e serem colocadas entre as famosas dos Escritores mais celebres de Espanha, como elegantemente o deixou escrito no Conselho que deo para se augmentar a mesma Biblioth. do Escurial, o qual se pode ler na Biblioth. Hispan. de André Scoto Tom. 1 cap. 3 pag. 71.

 

[Bibliotheca Lusitana,  vol. I]

 

ACHILES ESTAÇO (Tom. 1. pag. 4. col. 2.) teve por Mestre dos primeiros rudimentos a Joaõ de Barros celebre Grammatico, como affirma Nicoláo Comneno Papadonoli Hist. Gymnasii Patavini Tom. 2. pag. 236. n. 130. Deixando a patria partio para Flandes, como consta do seu Elogio escrito na Bibliotheca.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. IV]