AFFONSO ALVARES, foy hum dos mais estimados criados, que teve em a sua numerosa família o Illustrissimo Bispo de Evora D. Affonso de Portugal, de quem em seu lugar faremos ilustre memoria. Foy dotado de hum ganio fácil para a Poezia, principalmente na composição de Autos na língua Portugueza, que varias vezes se representaraõ no Theatro com geral accamaçaõ dos espectadores, dos quaes muito sahiraõ à luz publica, como foraõ. Auto de Santo Antonio feito a pedimento dos muy honrados, e virtuosos Conegos de Saõ Vicente: muy contemplativo, em partes muy gracioso, tirado da sua mesma vida. Lisboa por Vicente Alvares, 1613, 4 & ibi por Antonio Alvres 1639, 4, Evora por Franc. Simoens 1615, 4 e Lisboa por Doming. Carn., 1659, 4. Auto de S Tiago Apostolo. Lisboa por Antonio Alvres, 1639, 4. Auto de Santa Barbara Virg. e Mart. Lisboa por Vicente Alvres, 1613, 4 e Evora por Franc. Simoens, 1615, 4. Auto de S. Vicente Martyr. Prohibido pelo Expurgatorio dos livros feitos por ordem do Inquisidor Geral Fernaõ Martins Mascarenhas, part. 3, letra A. Resposta feita a huma petoçaõ, que fez Antonio Ribeiro Chiado ao Comissario Geral de S. Francisco. Lisboa por Antonio Alvres, 1602, 4.

 

[Bibliotheca Lusitana, Historica, Critica e Chronologica, vol. 1]

 

AFFONSO ALVARES, que Barbosa diz fora um dos mais estimados criados do Bispo d’Evora D. Affonso de Portugal: exerceu depois em Lisboa a profissão de mestre de ler e escrever, e era de côr parda, segundo se collige das quintilhas satyricas que lhe dirigiu o poeta Antonio Chiado, de quem parece ter sido acerrimo antagonista. Não poude até agora discriminar a sua naturalidade, e menos as datas precisas do seu nascimento e obito. Se é exacta aquella asserção de Barbosa, deveria nascer pelos principios do seculo XVI, pois que o Bispo D. Affonso faleceu em 1522. Foi por tanto contemporaneo de Gil Vicente, e dos outros poetas que illustraram o reinado de D. João III. – E.

41) Auto de Santo Antonio feito a pedimento dos muy honrados e virtuosos Conegos de Sã Vicente: muy contemplativo, em partes muy gracioso, tirado da sua mesma vida. Lisboa, por Vicente Alvares 1613. 4.º Ibi por Antonio Alvares 1639. 4.º Evora, por Francisco Simões 1615. 4.º Lisboa, por Domingos Carneiro 1659. 4.º Ibi, na Off. Ferreiriana 1723. 4.º de 15 pag.

42) Auto de S. Tiago Apostolo. Lisboa, por Antonio Alvares 1639. 4.º.

43) Auto de S. Barbara Virgem e Martyr. Lisboa, por Vicente Alvares 1613. 4.° Evora, por Francisco Simões 1615. 4.º Lisboa, por Francisco Borges de Sousa 1790. 4.º de 24 pag.

44) Auto de S. Vicente Martyr… (Foi prohibido no Indice Expurgatorio dos livros mandado publicar pelo Inquisidor Geral D. Fernando Martins Mascarenhas; não consta que se reimprimisse.)

45) Resposta feita a uma petição que fez Antonio Ribeiro Chiado ao Commissario Geral de S. Francisco. Lisboa, por Antonio Alvares 1602. 4.º (Anda tambem com os Letreiros Sentenciosos de Antonio Chiado, que Farinha reimprimiu em 1783.)

As edições mais antigas que aponto de cada um d’estes autos, copiadas da Bibl. de Barbosa, e hoje mui difficeis de achar, não são por certo as primeiras que dos mesmos autos se fizeram. Tenho por indubitavel que todos se imprimiram ainda em vida de Alvares, e por conseguinte muito antes de fíndar o seculo XVI, porém julgo provavel que a Inquisição os fizesse recolher a titulo de expurgal‑os ou corregil‑os, e que d’ahi resultasse não só o desapparecimento dos exemplares, mas perder‑se até a memoria de taes edições, que alias Barbosa não deixaria de mencionar se d’ellas houvesse noticia.

 

[Diccionario bibliographico portuguez, tomo 1]