ABRAHAM FERRAR natural da Cidade do Porto, e Medico de profissão. Por ser acérrimo Sequaz do Hebraismo, receando experimentar o merecido castigo da sua apostasia se retirou furtivamente para Amsterdão, onde foy pelos seus naturaes benignamente recebido, e excessivamente estimado; de tal forte, que o elegerão Presidente da Sinagoga no anno de 1652, em o qual lhe dedicou Manasse Israel huma Oração composta em aplauso do Principe de Orange, e Henriqueta Maria Rainha de Inglaterra na ocasião em que estes Principes forão ver a mesma sinagoga. Escreveo, e imprimio na língua materna em Amsterdão. Declaração das 613. Encomendanças da nossa Santa Ley. Anno da creação 5387. E de Christo 1627 em 4. Desta obra, como do seu author, faz memoria o mesmo Manasse in lib. de Resurrect mort e no de Fragilitate human part 2, Gustavo Peringer, pag.26, onde por engano lhe chama David, Jul. Bartoloc. in Bib. Rabbin. Tom. 2 in append, 2, pag.313. Joan Christoph, Wolfius in Biblioth. Hebraea, pag. 98, n. 137. Jacob, Le Long Bib. Sacra., pag mihi 593, col. 2.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. I]

 

ABRAHAM PHARAR, ou FERRAR, como lhe chama Barbosa; Medico de profissão. Por ser acerrimo sequaz do hebraismo fugiu de Portugal para Hollanda, e era no anno de 1639 Parnassim ou cabeça da synagoga dos judeus portuguezes em Amsterdam. – E.

5) Declaração das seiscentas e treze encommendanças de nossa Sancta Lei, conforme á exposição de nossos sabios: mui necessaria ao judaismo, com a taboada d’ellas, seguindo as Parasioth: e no fim estão annexas as distincções das penas em que incorrem os transgressores, e outras curiosidades. Amsterdam, em casa de Paulo Aertser de Ravestein. Por industria e despeza de Abraham Pharar, judeu do desterro de Portugal. Anno 5387 (isto e, de Christo 1627.) 4.°

É obra muito rara, e de muita doutrina para os judeus, segundo affirma Ribeiro dos Sanctos, que inculca tel‑a visto, posto que não mencione a existencia de algum exemplar conhecido em Portugal. Pela minha parte, confesso que apesar de todas as diligencias não poude ainda encontral‑a.

 

[Diccionario bibliographico portuguez, tomo 1]