1. Em 1 de Março de 1956, no suplemento ‘Artes e Letras’ (dirigido por Natércia Freire) do Diário de Notícias, escrevia-se, em título, acompanhado de fotografia do Professor: “JACINTO DO PRADO COELHO / enaltece a actual literatura portuguesa e deplora a falta / de um convívio intelectual elevado, generoso e cordial”. Sob forma de entrevista não assinada, temos balanço do nosso meio século literário, em que, ao ensaísta, crítico e profeta de uma cada vez maior «contribuição feminina para a nossa literatura», se junta o docente com «doze anos de ensino na Faculdade e Letras», que evoca, como alunos, e elogia como escritores, Sebastião da Gama, Urbano Tavares Rodrigues, David-Mourão Ferreira, Matilde Rosa Araújo, Ester de Lemos, além «dos que se distinguiram na Linguística e na História da Cultura […]: Lindley Cintra, Maria de Lurdes Belchior, Herculano de Carvalho.» Estão aqui, já, alguns nomes do Dicionário de Literatura, revelado na última resposta:
Obscura e pacientemente, estou entregue a duas tarefas que muito interessam à cultura luso-brasileira e decerto vão contribuir para tornar mais viva a consciência da sua unidade: um Dicionário Selectivo da Língua Portuguesa, que a Academia das Ciências publicará, e um Dicionário das Literaturas Portuguesa e Brasileira. Este último, cuja direcção me foi confiada, conta trinta colaboradores dos dois países, além dum espanhol e dum francês, e está prestes a entrar no prelo. De cunho universitário, será a afirmação dum consolador espírito de equipa.
Como já escrevi[1], o primeiro fascículo do, afinal, Dicionário das Literaturas Portuguesa, Galega e Brasileira saiu em Agosto de 1956, conforme reza nota do suplemento ‘Vida Literária’ do Diário de Lisboa, em 22. Em Outubro de 1960, a portuense Livraria Figueirinhas dava-nos essa aventura em volume único, a duas colunas, páginas 3-880, com Addenda e corrigenda (p. 881-890), Índice de nomes de autores (p. 891-947), Índice de títulos de obras e revistas (p. 947-1020), Errata (p. 1021). Sem ilustrações, as iniciais dos 32 colaboradores vinham entre parêntesis rectos: era um feito quase exclusivo de assistentes e professores da Faculdade de Letras de Lisboa. Ernesto Guerra da Cal e Soares Amora «reviram o plano» traçado pelo Director «para as literaturas galega e brasileira»[2].
Procurando «uma consciência mais perfeita da unidade cultural dos três povos de língua comum», desejava-se «compreensivo e orientador», e, pioneiro, um dicionário «não apenas de autores, mas de obras, de revistas, de temas, de personagens, de épocas, de movimentos, de géneros, de formas poéticas, de regiões, de conexões da Literatura com a História e com outros ramos da Cultura, de variados aspectos secundários ou marginais». Assume-se «um carácter histórico-literário»[3], em que a contemporaneidade é resolvida nas súmulas sobre escolas e correntes, ou nas panorâmicas (por exemplo, “Contemporâneos”). Os casos, citados nessa “Advertência”, de Alves Redol e Fernando Namora resolviam-se bem, se incluídos em “Neo-Realismo”; outros, da geração daquele, mas individualidades fora de correntes ou grupos, mereceram verbete próprio. Jacinto do Prado Coelho aprecia-os, tal como elogia Domingos Monteiro, Agustina, Fernanda de Castro, Maria Archer, Sophia, Patrícia Joyce, etc., que não conquistam assento glorioso. É o princípio da restrição, acautelando, também, um juízo crítico a fazer-se. Dir-se-á que o inconveniente desta opção já se percebe na segunda edição, quando a década de 60 impõe (e até vê morrer Redol) alguns autores e títulos que bem justificavam tão efémero laurel. Talvez; mas só quem está fora pode falar tão soltamente.
A 2.ª edição, ganhando com recensões nacionais e estrangeiras, atenta mais à literatura brasileira – a sintaxe do novo título isso diz: Dicionário das Literaturas Portuguesa, Brasileira, Galega e Estilística Literária – e traz poucos novos portugueses «vivos ou recentemente falecidos». A polémica não esteve ausente: em 8 de Fevereiro de 1957, já Amorim de Carvalho verberava, no Diário de Lisboa, os verbetes “Alexandrino” e “Cesura”, de António Coimbra Martins, que lhe responde[4]. Quase todos os colaboradores, alargados a 45, puderam rever os seus artigos; reforça-se a representação da «literatura pura (poesia, ficção, teatro)»[5], em projecto que, desde o início, reconhecia «concessões» a «sectores não especìficamente literários da Cultura, como a Filosofia, a História Geral, a Pedagogia, etc.», numa oportunidade, «que porventura se não repetirá tão cedo, para tornar acessível, sob a forma de Dicionário, o que diz pròpriamente respeito à História da Cultura»[6]. Temos, agora, dois volumes (A-M, 1969, 686 páginas; N-Z, 1971; total: 1527 páginas) a três colunas, ilustrações, iniciais sem parêntesis, de que, em êxito comercial continuado, se fará – em recomposição tipográfica iconografada, sem mexer no texto crítico – uma 3.ª edição em três volumes (1976) e cinco volumes (1973, 1978, 1981, 1983, 1984, 1985, 1987; citamos pela de 1979), da qual decorre, nos anos 90, alegada 4.ª edição (1992, 1994, 1997), e que, na prática, significa uma vintena de reimpressões. O texto de 1969-1971 mantém-se incólume. Ainda em 1969, saía a edição possível na Companhia Brasileira de Publicações, do Rio de Janeiro.
Jacinto do Prado Coelho empreende, após Abril, funda revisão, convocando nomes emergentes da Universidade, também de Coimbra e do Porto, e assinaturas da Colóquio/Letras, que dirige (José-Augusto França[7], Carlos Reis, Arnaldo Saraiva, Álvaro Salema…). Para lá de inúmeros artigos sobre autores, obras e noções literárias acrescendo à Estilística Literária – quarta parte desde a 2.ª ed., em verbetes de Maria Vitalina Leal de Matos –, apura-se alguma designação (“Literatura Infantil” passa a “Literatura Infanto-Juvenil”), revê-se cada texto, actualiza-se bibliografia. A aposição de asteriscos indicará o tipo de alterações, que seguiríamos, mais tarde: se um asterisco, mexeu-se na bibliografia; se dois, mexeu-se nesta e no corpo do texto. As várias provas tipográficas que me chegaram mostram a demora, hesitações, derivas, acertos… O trabalho está muito adiantado, quando o Professor nos deixa (1984). Com ele, morria, também, um «critério objectivo e cauteloso»[8] que norteou essa aventura. Como recomeçar?
2. O editor Mário Figueirinhas fez convites – recusados – que desembocaram na aceitação de Justino Mendes de Almeida, com quem trabalhei semanalmente entre 1994 e 1997. José Viale Moutinho encarregava-se da parte galega – de modo autónomo, sem prestar contas ao novo coordenador – e, quanto a brasileiros, era tudo fluido, pois os contactos não eram fáceis. Nem sequer entre Lisboa e Porto, reconheçamos. Regularmente, seguiam verbetes, para adiantar a composição; seguia iconografia; e, entre indecisões, demoras clamorosas de colaboradores, alguns dos quais recusavam rever textos antigos (caso de David-Mourão Ferreira), retirada de outros (cujos novos artigos tinham de ser substituídos; ou os originais de Carlos Eduardo de Soveral, que J. do Prado Coelho decidira suprimir), desencontros inexplicáveis e perda de originais, a barca ameaçava naufragar. Parámos três anos.
Os direitos do Dicionário e de outros títulos, entretanto, passavam a novo proprietário, Francisco Pimenta, que já acompanhava Mário Figueirinhas a reuniões em Lisboa. Era preciso rever todo o processo: avançar decididamente, e em pouco tempo; conter o material no limite de três volumes de actualização; respeitar o sentido originário do primeiro director. A realidade dos países africanos de língua portuguesa impunha alterações, pelo que a tarefa ficava assim entregue a três coordenadores – Ernesto Rodrigues (Literatura Portuguesa, Estilística Literária; mantinha-se esta designação), Pires Laranjeira (Literatura Brasileira, Literatura Africana), José Viale Moutinho (Literatura Galega).
Aceitei o convite em finais de 2000. Hoje, posso afirmar que conheço os agora oito volumes como as minhas mãos. Em 29 de Março de 1984, eu inserira no suplemento “Ler – Escrever” do Diário de Lisboa artigo ainda noticiado a J. do Prado Coelho: “Um dicionário vergonhoso de Literatura Portuguesa”. Dera-se o acaso (melhor, o descaso) de ter recebido em Budapeste, onde era leitor de Português, quatro volumes ricamente encadernados de um Dicionário de Literatura Portuguesa, sem data (1983?), e sem indicação de editor, de um certo José Correia do Souto. Louvei a atenção dos poderes públicos ao estudioso obscuro, mas fora melhor saber antes o que os contribuintes nacionais pagariam com língua de palmo. Essa prosa era uma gargalhada pegada. E um plágio constante de J. do Prado Coelho, com direito a tribunal – assim, desse modo divertido, também eu relia.
Dediquei, pois, 2001, quase exclusivamente, à inacreditável canseira de redigir 137 verbetes, actualizar bibliografias (não assinadas) desde 1969-1971 – na parte portuguesa, são actualizados 962 verbetes –, as quais se multiplicavam em infindas teses policopiadas, enquanto compulsava, com rara ajuda, 345 publicações periódicas, cujos títulos constam no final do 3.º volume. No primeiro semestre de 2002, os colaboradores releram-se; em Dezembro, estava cá fora o 1.º volume de Actualização. Em Junho de 2003, o segundo; e, com esta data, o terceiro, embora só distribuído em 2004. Eram, ainda, 800 novos verbetes para 958 páginas (incluindo índices e errata) e, só na parte que me competia, 89 colaboradores: no total, 478 densas páginas, ou um milhão e oitocentos mil caracteres, que li várias vezes, para respeitar critérios e, desde logo, mimar a tradição, que era património de uma Escola. Neste aspecto, Moutinho e Laranjeira (que logo anunciou, na mesma editora, um Dicionário de Literaturas Africanas) afastam-se significativamente de minudências discursivas e da técnica do verbete à maneira de J. do Prado Coelho.
Quando olho para trás, e já colaborador de dicionários que nele se inspiraram, penso que saiu obra útil, reforçando o segmento cultural, mas ainda restritiva e cautelosa, face a modas galopantes – apesar de dois tipos de esquecimento: a restrição funda-se na «literatura pura» acima referida e no cuidado da idade (os portugueses mais novos tinham, em 2002, quarenta nos) e de percurso já significativo; a cautela fez-me pôr de lado dezenas de homenagens a autores que só tangencialmente respiram literatura, alguns dos quais simples ideólogos salazaristas (o que, face a escolhas de Justino Mendes de Almeida – sempre dedicado e sério, todavia –, arrepiou Eduardo Prado Coelho). Mas, no percurso, agora, do Porto para Oeiras, muita matéria, que eu solicitara, ou escrevera, já não chegava, perdendo-se de vez: lamentemos “Menina e Moça”, por Leonor Curado Neves, Daniel Pires sobre a literatura de Macau, ou verbete meu sobre Maria Alzira Seixo, dos raros ensaístas que desejava incluir, porque a generalidade destes entra em “Ensaio”.
Bem apoiado em frentes sensíveis – Elsa Gonçalves, por exemplo, garantia a lírica medieval –, dificuldade maior estava na poesia contemporânea, onde, como é sabido, só temos génios: um desses fez humor, em blogue, enroscado no seu despeito; e, se as falhas se resumissem a tanto, não havia melhor dicionário. Mas, para sossego meu, Fernando Guimarães era superior ao atrevimento do sujeito, e, se não lhe dedicou parágrafo, nem o citou nos “Contemporâneos”, daí eu lavava as mãos.
Relevemos a fecundidade das bibliografias – em que nenhum outro dicionário se compara –, não raro mais extensas que o verbete: além da evidência de literatura secundária representativa e da insuficiência que uma opinião sempre constitui, convida-se o interessado à variedade de estudos.
Sinto, todavia, que, no quadro da actual dicionarística literária impressa, já não prescindindo de motores de busca e das páginas em rede, a questão deve ser reavaliada. Labor de distância serena, em que informação, descrição, juízo e linhas orientadores se congraçam, deixarei esboço de programa, após olhar ao antigamente.
3. Vidas, linhagens e genealogias (localizáveis nas Casas Cadaval, Tarouca, etc.), bem como bibliografias, catálogos e relações de livrarias (no sentido antigo e moderno), com os respectivos apêndices, suplementos e resumos[9], são imprescindíveis na investigação. Impressos ou manuscritos, esses elementos[10] não têm poiso certo e, por mais enfadonhos, trazem sempre algo de fresco.
Contra a vida e feitos, perfumados de santidade em Frei Luís dos Anjos, Iardim de Portvgal, em qve se da noticia de algũas Sanctas, & outras molheres illustres em virtudes, […], Coimbra, 1626, temos, doravante, vida e obras (hoje, vida e obra): podemos situar tenteios inaugurais numa colecção manuscrita de Manuel Severim de Faria, Compendio de Varias Obras de Authores Portugueses (1613), e na vida de Camões, por Pedro de Mariz (1613), sendo Camões núcleo reflexivo desde Manuel de Lira (1591). Mas o século XVII – que também é o da Imprensa periódica, cujos dicionários interessam à literatura, e do impressionismo crítico no Hospital das Letras (1657; editado em 1721)[11], após duplo esforço canonizador de Jacinto Cordeiro, Elogio de Poetas Lusitanos, e António de Sousa de Macedo, Flores de España…[12], ambos de 1631 – reserva dois monumentos singulares: a Biblioteca de João Franco Barreto = Biblioteca / Lusitana / Autores / Portuguesez / 1.ª Parte, etc., e, menos poderoso e quase ilegível, Joanne [João] Soares de Brito, Theatrum Lusitaniae Litterarium […] (1655). Aquele, que conhecemos de fotocópia tirada do original da Casa dos Duques do Cadaval, consta de cinco volumes, e um sexto de Índices (de nomes, sobrenomes, pátrias dos nossos autores), no total de 1180 páginas. Se a introdução data de 27 de Janeiro de 1648, a obra estende-se para lá de 1656, no mínimo. Cerca de mil autores é uma soma respeitável; este princípio de todos reunir, até os que versaram Direito Civil e Canónico, inspirará Diogo Barbosa Machado e Inocêncio Francisco da Silva, já em formato digital. Preciosidade é o manuscrito Cathalogo dos Auctores Portugueses, de Manuel de Faria e Sousa (BN, COD. 361), e temos pistas para matéria de momento ilocalizável. Concomitantemente, urge compulsar os índices inquisitoriais quinhentistas e, desde logo, o Index Auctorum Damnatae Memoriae (1624), que Artur Anselmo reputa o mais importante[13]. No conspecto europeu, interessaria consulta da Bibliotheca Scriptorum Societatis Jesu […], de Pedro de Rivadeneyra, com edição actualizada em Antuérpia, 1643.
A Bibliotheca Hispana de Nicolau António (Roma, 1672; ed. aumentada, Madrid, 1783-1788) informa a Bibliotheca Lusitana: Historica, Critica, e Cronológica […] (Lisboa, 4 vols.; 1741-1759; 1930-1935; Coimbra, 1965-1967), que não se queda pelo impresso em língua portuguesa, como Inocêncio, mas evita anónimos. Embora «indicada como obra de bibliografia quando é iminentemente [sic] biobiliográfica»[14], tal herança não é deixada ao acaso. Elogioso para, e devedor de, Franco Barreto, Barbosa é canibalizado por muitos. Assim, conviria confrontá-lo com a “Memória de alguns escritores em todas as ciências da Companhia de Jesus”, título actualizado constante do apócrifo Cathalogos de Ministros e Memorias Varias (manuscrito após 1754; de facto, Memoria de Algũns Escriptores em Todas as Sciencias, da Comp.ª de Jesus / Pello Abecedario, BNL, COD. 1457 = F. 1246, fol. 187-196]. Bento José de Sousa Farinha faz, em 1206 páginas e três tomos, um Summario da Bibliotheca Luzitana (Lisboa, 1786), despachando, no terceiro (1787), as letras L-Z. E, mais oportunista ainda, acrescenta um quarto tomo, simultâneo, de Bibliotheca Luzitana Escolhida (1786), o que é um bom exercício de cânone literário do tempo. Bibliotheca Lusitana Escolhida ou Catalogo dos Escriptores Portugueses será título de José Augusto Salgado (Porto, 1841). Exemplo de solução mista, em tempo de Ilustração nascente, é o Anno Historico, / Diario Portuguez, Noticia Abreviada / De pessoas grandes, e cousas notaveis de Portugal, […], pelo Padre Mestre / Francisco de Santa Maria, Lisboa, 1744. Os três volumes, além de simples efemérides, biografam vultos[15], na linha do que farão os indispensáveis almanaques. No ano seguinte, temos as relíquias latinas do Corpus Illustrium Poetarum Lusitanorum qui Latine Scripserunt, […] (8 tomos, 1745-1748), compilado pelos padres António dos Reis e Manuel Monteiro.
Enquanto isso, está por estudar a faceta dicionarística de Francisco Xavier de Oliveira, o Cavaleiro de Oliveira, com dezenas de artigos sobre obras de portugueses em David Clément, Bibliothèque Curieuse Historique et Critique, ou Catalogue Raisonné des Livres Difficiles à Trouver (9 vols., 1750-1760)[16]. Num internacionalismo comparativo, dá-se a ficha técnica completa, incluindo pormenores de impressão, acabamento e encadernação, além de nota sobre a raridade, ou não, do objecto («Edition très-rare»). A par de juízo crítico, em francês, atende-se a outras edições e traduções, bem como a diversas obras do respectivo autor. Cada «Memoire manuscrit de Mr. Le Chevalier D’Oliveyra» é um achado, próprio de quem, folheando Barbosa, o acusa de mentir. Assim, ao falar de Duarte Galvão: «Si Mr. Barbosa a le malheur d’écrire dans un Pays, ou [sic] l’on ne peut toujours dire la vérité, il doit pourtant respecter le Public, & ne pas lui donner pour vrais, des faits que sont entièrement faux.» (Tome neuvième, Leipsig, 1760: 58.) Contestava que o texto da Chronica do muito alto, e esclarecido Principe D. Affonso Henriques primeyro Rey de Portugal, Lisboa, 1720, correspondesse ao original, ou, mesmo, a cópia fiel. Diz-nos que o jesuíta Francisco da Cruz deixou Memorias Manuscritas para uma sonhada Bibliotheca Portuguesa (p. 256).
Entre outras margens de dicionarização, em Setecentos, citemos lombada, de título Bibliotheca Portuguesa (1736-1741), e outra, de título Bibliotheca Lusitana, e seus cinco volumes manuscritos, ambas com informação biobibliográfica de autores portugueses remetida a D. Francisco de Almeida (1701-1745)[17]. Catálogos convergentes começam a ser estudados[18]. O Diccionario da Lingoa Portugueza (1793)[19] fecha o século com um selecto cânone de autores.
O Diccionario Bibliographico Portuguez (1858) vinha sendo pedido por um Cunha Rivara celebrando Barbosa Machado, e propondo o nome de Bibliotheca Portugueza, desde 1853[20]. É mais do que de Inocêncio, embora, com este, seja fruto de bibliofilia e descrição de vidas e cargos, na rasura de um mero juízo estético[21]. Continuado por Brito Aranha, Gomes de Brito, Álvaro Neves, o tomo XXI é excepcional, porque dedicado a Herculano (1914), no pretexto centenarial (1910); o t. XXII (1923) fecha a série, em que só nos reencontramos se tivermos à mão João Soares de Sousa, Índice Alfabético (São Paulo, 1938), ou um esforçado Ernesto Soares, Guia Bibliográfica[22], correspondendo ao tomo XXIII. Sem indicação de tomo, sucede Martinho da Fonseca, Aditamentos ao Dicionário Bibliográfico Português (1927; 1972), já autor de Subsídios para Um Diccionario de Pseudonymos, Iniciaes e Obras Anonimas de Escriptores Portuguezes (1896; 1973), que acompanha, e podemos considerar o vigésimo quinto tomo de tão magno projecto.
Vinte anos depois do primeiro Inocêncio, Ricardo Pinto de Mattos, já com Bibliographia Historica Portuguesa (1850), traz precisões no seu Manual Bibliographico Portuguez de Livros Raros, Classicos e Curiosos (1878)[23], que Camilo revê e prefacia. Do estrangeiro, interessam-nos: Augustin et Aloïs de Backer, Bibliothèque des Écrivains de la Compagnie de Jésus, ou Notices Bibliographiques […], 7 vols., Liège, 1853-1861[24]; o médico setubalense Domingo García Peres, Catálogo Razonado Biográfico e Bibliográfico de los Autores Portugueses Que Escribieron en Castellano, Madrid, 1890; Meyer Kayserling, Biblioteca Española-Portuguesa-Judaica. Dictionnaire bibliographique des auteurs juifs, de leurs ouvrages espagnols et portugais et des ouvres sur et contre les juifs…, Estrasburgo, 1890[25]. Tirante isto, há o conceito de notabilidade, em que todos se misturam, seja no Álbum das Glórias rafaelino, na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865), nas necrologias do Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, em inaugurada biografia herculaniana de Júlio César Machado[26].
Ao verbetar “Bibliografia Geral”[27], J. do Prado Coelho lamenta a «bastante desactualizada»[28] Portuguese Bibliography (Oxford, 1922), de Aubrey Bell, e, para contemporâneos, lembra Henrique Perdigão, Dicionário Universal de Literatura: Bio-Bibliográfico e Cronológico (Barcelos, 1934; Porto, 1940). Na Actualização (I, 2002: 133-134), retomei esse historial, interessando, agora, a influência exercida pelo Dicionário, regularmente citado pelos pares. Adaptamos o nosso texto.
O Dicionário de Literatura animou projectos afins ou de aprofundamento parcelar. Prometia muito o excelente Grande Dicionário da Literatura Portuguesa e de Teoria Literária, I, Lisboa, 1977 (ainda iniciou o 2.ª vol., de que restaram fascículos soltos), dirigido por João José Cochofel. Tal promessa foi satisfatoriamente cumprida pela Biblos. Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, com dir. de J. A. Cardoso Bernardes et alii[29]. Concretizou-se num só volume o Dicionário de Literatura Portuguesa (1996; dir. de Álvaro Manuel Machado[30]), pensado em termos de autores, enquanto o Dicionário Cronológico de Autores Portugueses[31], pela informação quase exaustiva e rápida sobre nomes, é um manancial, embora sem particulares juízos críticos, nem orientações bibliográficas. O seu índice de pseudónimos deve ser complementado por Adriano Guerra Andrade, Dicionário de Pseudónimos e Iniciais de Escritores Portugueses, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1999. Projectos internacionais não devem passar despercebidos[32]; outros são inúteis, ou pouco menos[33].
Por períodos ou movimentos, saudemos: Dicionário de Literatura Medieval Galega e Portuguesa[34]; Dicionário da Arte Barroca em Portugal[35]; Dicionário do Romantismo Literário Português[36].
Em nome próprio, o Dicionário de Eça de Queiroz (1988; 21993), organizado por A. Campos Matos, exigiu Suplemento (2000), antes da 3.ª ed, em 2015; o Dicionário de Camilo Castelo Branco (1989), testamento de Alexandre Cabral, aguardava, à morte deste, reedição com novos verbetes, só concretizada em 2003; qual díptico, chegou o Dicionário de Personagens da Novela Camiliana[37].
Cidades[38], distritos[39], regiões[40] e antigas possessões[41] têm, desde, pelo menos, o final do Antigo Regime, os seus dicionários de autores ou escritores. Todos, porém, muito aquém da Bibliografia do Distrito de Bragança (Série Escritores – Jornalistas – Artistas), ainda que olhando somente ao critério literário. Por ordem de apelido, inclusive em pseudónimos e iniciais, aos nomes sucede indicação de lugar e data de nascimento e morte, se possíveis. As biografias são desiguais, quer em espaço, quer em método, mas suficientes. A riqueza está na bibliografia activa (manuscrita, dactilografada, mimeografada, impressa), por anos, e excertos úteis, nos títulos menos acessíveis. Intercalam remissões e fecha uma não raro extensa bibliografia passiva − acompanhada de eventuais ‘ecos da Imprensa’ −, só parcialmente referenciada no limiar do vol. I, onde seguem centenas de publicações periódicas consultadas. Nomes com parte de leão temos o Abade de Baçal (I, p. 341-350) ou Trindade Coelho (II, p. 429-706). Considere-se, entretanto, maioria de impressos, seja qual for o suporte, a extensão e qualidade. O senão de rastrear mero artigo de jornal, nem sempre de fácil atribuição, é que o autor pode não rever-se num passado que deseja rasurar. São mais aceitáveis, em termos de bibliografia activa, a revista e livro (e, mesmo, o recurso ao online), mas o efeito de desentranhar páginas inesperadas, que escapam aos autores, é prova de uma dedicação que nunca louvaremos assaz. Com menos relevo, mas decisão fundada, estão os não naturais, cujos títulos respeitam ao distrito. É um olhar de fora, geralmente empático, que mostra interlocutores insuspeitados, para lá das fronteiras regionais, nacionais, linguísticas. Ver e ser visto torna-se, assim, mais fácil.
Se perde, em relação a Inocêncio ou Prado Coelho, na injustificada inclusão de brasileiros e galegos, embora alguns compareçam, por outras razões, a todos os dicionários sobreleva esta BdB, e não só em número de páginas[42]: de escopo distrital, vai para lá desse chão, conjugando vocações, actividades, profissões, desde o título ou apelidos mais antigos, longe de serem todos forçosamente ilustres (muitos destes estão ausentes, por não entrarem na série). O critério editorial não-selectivo deixa entrever as principais dificuldades: uniformização, em tempo útil, de dados biográficos (ora com datas precisas, ora só os anos, por exemplo), várias interrogações, sobretudo, nos corpora bibliográficos. Mas só quem não investiga neste país desconhece as dificuldades.
Do claustro saem inúmeros[43]. As mulheres conquistam o seu Dicionário no Feminino (Séculos XIX-XX)[44]. As crianças não merecem menos[45]. Entre profissões, os militares[46], juristas[47] e práticos de medicina viraram especialidade[48].
Pouco adiantaremos ao olhar para enciclopédias e dicionários estrangeiros que inscrevam os nossos autores; mas convém estar atento, em era de regulares traduções. Saliente-se, porém, o olhar de brasileiros[49].
No campo da teoria, faz-se caminho. Mas a colheita em língua de fora é tal, que a fartura não pesa. Importa um Dicionário de Termos Literários, seja de Harry Shaw traduzido, ou de Massaud Moisés; pelo menos, um Dicionário Breve de Termos Literários[50] nacional, para acompanhar o Dicionário de Narratologia[51].
4. Perante o que, é evidente a cada vez maior dificuldade de perfeição, «quanto a perfeição está ao nosso alcance», diria Jacinto do Prado Coelho[52]. Imagino um breve dicionário de literatura portuguesa, ou breviário de literatura, em que o rigor nos conceitos (desde logo, um entendimento do literário) nos orientasse. Visando à serenidade de quem ama as letras, eu seria tão parcial quanto feliz. Deveria conter: autores, títulos de obras e outras publicações, teoria (termos, géneros e formas, periodologia, movimentos, personagens…), temas e geografia literária local e extra-territorial, em húmus comparativo. Algo como, na reunião de autor e título: 1. nome literário, com local e data precisos de nascimento e morte; 2. nome civil e actividade profissional; 3. trabalho literário ou atinente; 4. bibliografia activa, reunindo cronologia e edição circunstanciada, mesmo bibliófila, de cada obra; 5. recepção; 6. ensaio geral e síntese recensitária do que for tido por mais representativo; 7. bibliografia passiva mínima. Uma publicação periódica entraria a meio do ponto 4; um assunto, no ponto 6. Num discurso objectivo, sem obscuridades e a prolixidade que mina tanto verbetista, faríamos obra algo consistente, porque há informações, antes do olhar pessoal, que nem em rede se perfilam, ainda: ou seja, que não se googlizam Basta reler cada parágrafo de Jacinto do Prado Coelho para entrarmos com o pé direito na literatura. Ernesto Rodrigues
[In Margarida Braga Neves, Maria Isabel Rocheta, coord., O Domínio do Instável. A Jacinto do Prado Coelho, Porto, Edições Caixotim, 2008: 81-93.Reeditado parcialmente como “Bibliografia do Distrito de Bragança (I-IV)”, Mensageiro de Bragança, 18-X, 25-X, 1-XI, 8-XI-2012. Revisto.]
[1] No limiar de “David, verbetista”, Colóquio/Letras, 145-146, Jul.-Dez. 1997: 351.
[2] “Advertência da 1.ª edição”; 1979: 8.
[3] 1979: 7.
[4] Ver peças da polémica em Júlio de Amorim de Carvalho, Problemas de Versificação, Lisboa, Centro do Livro Brasileiro, 1981: 69-108. Vindo a lume em finais da década de 20, a obra poética de Amorim de Carvalho foi anunciada em seis volumes a editar pelo Centro do Livro Brasileiro. Inaugurou-se pelo terceiro volume (1979), quase duzentos sonetos com terceto fechando volume de leitura ingrata, mau grado efeitos rítmicos invulgares associados a encavalgamentos sem par entre nós. O ser lírico percepciona-se como um duplo contraditório, o qual, dizendo-se «nada», viaja pelo mundo e se inscreve como alguém que amou. Nesta viagem, amor, amizade e ódio tomam a dianteira e dão forma a recordações com laivos, às vezes, ulta-românticos. Em translação à volta destes sóis, o movimento de rotação não recria novos espaços interiores, ou seja: os sinais exteriores que percorre não influem minimamente estados de facto interiores. Compreende-se melhor se disser que, nesta comédia, Penélope é negativizada: não tece e destece num sentido de fidelidade, mas para afastar pretendentes. Assim reduzida, identifica-se com o Destino, face a cuja omnipotência o narrador se coloca em posição humilhante: «E o nada de mim mesmo abracei a chorar…» Esta situação arrasta a extremos, a uma auto-suficiência transluzindo impotência: «Que é o mundo, por mim não sendo conhecido?» Resposta: não é conhecido, porque, desde o início, o sujeito se objectualizou nas mãos de Penélope e o movimento interno de rotação não se ilumina com as recordações do sol na vertical.
[5] “Advertência da 2.ª edição”; 1979: 9.
[6] 1979: 8.
[7] Carta de José-Augusto França a Jorge de Sena, de 16-VII-1976, em Correspondência, Lisboa, INCM, 2007: 360: «Em breve terei que produzir um artigo enciclopédico sobre a tua pessoa, com honras de indivíduo, para a nova edição do Dicionário do Prado Coelho. Aceitei com gosto e certo de que terás gosto em que eu o faça, breve e sólido!» Sobre o assunto, ver p. 361-362, 365, 378.
[8] 1979: 9.
[9] Modelar é o “Resumo bibliográfico de 50 anos de Literatura Portuguesa”, por Luís Amaro, em ICALP – Revista, 6, Lisboa, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, Ago.-Dez. de 1986: 108-123.
[10] Os catálogos, em particular, de que se deu amostra na Biblioteca Nacional, com texto de Luís Farinha Franco e Ana Isabel Líbano Monteiro, Leilões de Livros: Erudição, Coleccionismo e Negócio. Séculos XVIII-XX (2002).
[11] Informa Edgar Prestage, D. Francisco Manuel de Mello. Esboço Biographico, Coimbra, 1914: 259-260, ter já este planeado, em 1650, uma Biblioteca Lusitana… De facto, carta de 24-VIII-1650 “Ao Dr. Manuel Temudo da Fonseca, Vigairo Geral do Arcebispado de Lisboa” (Cartas Familiares, Lisboa, INCM, 1981, p. 409-422), avança lista de autores; outra, sem data, vai dirigida “As [sic; Aos] Varões doctos de Portugal. Pedindo-lhes informação dos autores que escreveram, para se formar a Biblioteca Portuguesa” (p. 533-534).
[12] Fidelino de Figueiredo, Historia da Litteratura Classica, 2.ª Épocha: 1580-1756, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1921: 51-56, resume os nomes em Cordeiro. De Macedo diz o primeiro «historiador systematico da litteratura portuguesa» (p. 359), seguido de João Baptista de Castro e seu Mappa de Portugal. Na 2.ª ed, revista, 1931, ver capítulo XIV, “Origens da biobibliografia”, p. 157-164.
[13] Ver Ler É Maçada, Estudar É Nada, Lisboa, Guimarães Editores, 2008: 34.
[14] João Palma-Ferreira, Literatura Portuguesa. Historia e Crítica, vol. I, Lisboa, INCM, 1985: 67. Ensaio precioso, com informes que acrescentam a esta síntese. Conferir, ainda, Jorge Peixoto, “Barbosa Machado e a bibliografia portuguesa”, O Comércio do Porto, 11-II-1964.
[15] Camões, por exemplo, nascido em 1524, teria morrido em 17-VII-1579.
[16] Confrontando com as suas Mémoires Historiques, Politiques et Littéraires, concernant le Portugal et toutes ses dépendances, avec la Bibliothèques des écrivains et des historiens de ces états, 2 vols., La Haie, Adrien Moetens, 1743. Espécie dicionarística, o Amusement Périodique de Xavier de Oliveira ou o Dicionário Bibliográfico (de facto, Ensaio Biographico-Crítico sobre os Melhores Poetas Portuguezes, 1850) de José Maria da Costa e Silva serão recurso de Camilo Castelo Branco n’O Judeu (1866).
[17] BNP: COD. 908 e COD. 909-912 ou F. 2337.
[18] Cf. Maria Teresa Araújo de Andrade Cardoso, Ropica Typographica Anonyma et Alia: Análise da Sociedade e da Cultura Barroca com Base Num Catálogo de Anónimos, Pseudónimos, ou Obras a Qualquer Título Anómalas, Existentes na Livraria do Convento de Nossa Senhora de Jesus (1600-1759), dissert. de mestrado, Univ. Nova de Lisboa, 1995: 242-254.
[19] Dicionario da Língua Portuguesa. Reprodução fac-similada da ed. de 1793. Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1993.
[20] J. H. da Cunha Rivara, “Algumas lembranças para a formação da Bibliotheca Portugueza”, O Panorama, X, 30-IV-1853: 137-138. Balanço em Jorge Peixoto, “Inocêncio e o seu ‘Dicionário Bibliográfico’”, O Comércio do Porto, 24-III-1964.
[21] Quando estes existem, «teem pouco valor», considera Edgar Prestage, O Dr. António de Sousa de Macedo Residente de Portugal em Londres (1642-1646), Coimbra, Imprensa da Universidade, 1916: 68, que acrescenta, em defesa da humanista Biblioteca Lusitana: «De mais a mais a sua obra não inclue nem os livros impressos em latim, nem os manuscritos.» É, de facto, grande falha de Inocêncio.
[22] Suplemento ao Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, vol. XXIII, 1958; Lisboa, Imprensa Nacional, 1972. Muito cedo, E. A. Júnior organizou Indice Alphabetico dos Nomes Proprios de Familia (Appellidos) dos Auctores Incluidos no Diccionario Bibliographico do Sr. Innocencio Francisco da Silva, volumes I-VII, e 1.º do Supplemento para Uso da Real Bibliotheca Publica do Porto, 1869; José Soares de Sousa compôs Índice Alfabético do Dicionário Bibliográfico Português de Inocêncio Francisco da Silva, s. l., 1938. Na Imprensa Nacional do Rio de Janeiro, Sacramento Augusto Victorino Blake responsabilizou-se por outro Dicionário Bibliográfico Português.
[23] Surpreendentemente citado, logo a seguir a Inocêncio, numa indispensável (embora pouco atenta a Portugal) Louise-Noëlle Malclès, La Bibliographie [1956], Paris, PUF, coll. Que sais-je?, 31967: 117.
[24] A confrontar com Memoria de Alguns Escriptores em Todas as Sciencias, da Comp.ª de Jesus / Pello Abcedario, BN, COD 1457. De meados do séc. XVIII.
[25] Edição fac-similada, Pamplona, Analecta Editorial, 2001.
[26] “Notas para um dicionário dos portugueses notáveis do meu tempo”, A Illustração. Revista de Portugal e do Brazil, ano 5, v. 5, n. 4, 20 de Fev. de 1888: 59, 62. Desiguais no espaço e no onomástico, algum sem interesse literário, os 48 verbetes da letra A comparecem em 29 números não seguidos entre Novembro de 1886 e Março de 1889.
[27] Acrescenta inúmeras utilidades de factura e propósito embora diversos, que devemos prolongar em Luís de Sousa Rebelo, “Bibliografia Geral”, in J. J. Cochofel, dir., Grande Dicionário da Literatura Portuguesa e de Teoria Literária, I, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1977: 711-724, e Luís Farinha Franco, “Bibliografia”, in José Costa Pereira, coord., Dicionário Enciclopédico da História de Portugal, I, Lisboa, Publicações Alfa, 1990: 69-70.
[28] I, 1979: 102.
[29] Lisboa, Editorial Verbo: volume 1, 1995; 2, 1997; 3, 1999; 4, 2001; 5, 2005.
[30] Editor literário de Quem é Quem na Literatura Portuguesa, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1974, 1979.
[31] Mem Martins, Publicações Europa-América. Teve direcção inicial de Eugénio Lisboa (vols. 1, 2, 3) e de Ilídio Rocha, com 6.º vol. em 2001 (nascidos na década de 30). O 1.º vol., 1985, foi, corrigido e aumentado, reimpresso em 1991. Rocha adaptou e actualizou um Roteiro da Literatura Portuguesa, Frankfurt am Main, 1995, a partir de antigo Pequeno Roteiro da História da Literatura Portuguesa (1984), editado pelo Instituto Português do Livro.
[32] É o caso do Dicionário Biográfico Universal de Autores, Lisboa, Artis – Bompiani, 5 volumes, 1966-1982.
[33] Fernanda Frazão, Maria Filomena Boavida, Pequeno Dicionário de Autores de Língua Portuguesa, Lisboa, Amigos do Livro Editores, 1983; O Dicionário / Literatura Portuguesa, vendido com o diário Público, 2004; Célia Vieira e Isabel Rio Novo, Literatura Portuguesa no Mundo. Dicionário Ilustrado, Porto, Porto Editora, 2005, 12 volumes.
[34] Dir. de Giulia Lanciani e G. Tavani, Lisboa, Editorial Caminho, 1993.
[35] Dir. de José Fernandes Pereira e Paulo Pereira, Lisboa, Editorial Presença, 1989.
[36] Coord. por Helena Carvalhão Buescu, Lisboa, Editorial Caminho, 1997.
[37] Dir. de Maria de Lourdes A. Ferraz, Lisboa, Editorial Caminho, 2002, onde saíram igualmente os dois títulos anteriores. As personagens queirosianas estão dicionarizadas no Brasil.
[38] Francisco de Carvalho, Historia de Coimbra…, BN, COD. 905
[39] Um exemplo: Agostinho Tinoco, Dicionário dos Autores do Distrito de Leiria, Leiria, Assembleia Distrital, 1979.
[40] João Afonso, Bibliografia Geral dos Açores. Sequência Açoriana do Dicionário Bibliográfico Português, 3 vols., Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1985, 1985, Lisboa, INCM, 1997; Padre Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1940-1946; fac-símile, Funchal, DRAC, 1998. Subtraindo-se à misturada deste, ver Luiz Peter Clode, Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses. Sécs. XIX e XX, edição da Caixa Económica do Funchal, s. d.
[41] Aleixo Manuel da Costa, Dicionário de Literatura Goesa, 3 vols., Macau, Instituto Cultural / Fundação Oriente, 1997; Palmira Morais Rocha de Almeida, Dicionário de Autores no Brasil Colonial, Lisboa, Colibri, 2003.
[42] 10 vols., Bragança, Câmara Municipal, 2012-2014. Em curso de edição.
[43] Francisco Álvares Loureiro da Silva, Bibliografia dos Autores Trinitários Portugueses, tese de mestrado, Fac. de Letras da Univ. do Porto, 1996.
[44] Dir. de Zília Osório de Castro, João Esteves, Lisboa, Livros Horizonte, 2005.
[45] António Garcia Barreto, Dicionário da Literatura Infantil Portuguesa, Porto, Campo das Letras, 2002.
[46] Francisco Augusto Martins de Carvalho, Diccionario Bibliographico Militar Portuguez, Lisboa, 1891.
[47] Eduardo Alves de Sá, Bibliographia Juridica Portugalensis, Lisboa, 1898. No cap. XI, p. LXXXVIII-CII, “A Bibliologia em Portugal”, elogia Barbosa Machado, Inocêncio, o «pouco apreciado» (XCV) Summario de Farinha, o prefácio da 2.ª ed. de Lusitânia Transformada (1781), em que Pedro Joaquim de Foyos ataca Machado, defendido em carta do Padre Francisco José da Serra Xavier, “Elisio e Serrano”, de Lisboa, 1782. Antes de citar a bibliografia jurídica – Ignacio da Costa Quintela, Bibliotheca Jurisconsultorum Lusitanorum, Lisboa, 1790, e o Demetrio Moderno ou Bibliographo Juridico Portuguez…, Lisboa, 1781, de António Barnabé de E. Barreto de Aragão –, refere catálogos sempre úteis a esta perquisição.
[48] Gracinda Pais Brígida, Escritores Médicos Portugueses na Segunda Metade do Séc. XIX, tese de licenciatura, Faculdade de Letras da Univ. de Lisboa, 1948; Armando Moreno, Médicos Escritores Portugueses, Lisboa, Revistas e Livros, 1990.
[49] Celso Pedro Luft, Dicionário de Literatura Portuguêsa e Brasileira, Porto Alegre, Editora Globo, 1967, 71979; Massaud Moisés, org., Pequeno Dicionário de Literatura Portuguesa, São Paulo, Cultrix, 1981.
[50] De António Moniz, Olegário Paz, Lisboa, Editorial Presença, 1997, 2004.
[51] De Carlos Reis, Ana Cristina Macário Lopes, Coimbra, Almedina, 1987 (72002).
[52] Em 1969 (1979: 9).