Fr. THOMAZ DA COSTA, alumno da preclarissima Ordem dos Prégadores, cujo instituto professou no Real Convento da Serra de Almeirim primogenito da Provincia de Portugal. Nas aulas foy venerado o seu talento pela feliz comprehensaõ com que penetrou os mysterios Theologicos sendo taõ inimigo da vangloria, que nunca quiz aceitar o grao de Mestre. No pulpito alcançou universal aplauso, pois a natureza o ornou de todos os dotes constitutivos de hum consumado Orador. Com liberdade apostolica increpava os vicios principalmente aquelles que buscavaõ por azilo o Palacio. Conciliou a estimaçaõ delRey D. Joaõ III. Fazendoo seu Prégador, e a Rainha D. Catherina Director da sua conciencia, como escreve o Marquez de Montebello em as Notas ao Nobiliar. do Conde D. Pedro plana 156. n. 8. Da sagrada Escritura teve taõ profunda intelligencia, que explicando hum lugar difficultoso della em a Universidade de Coimbra o famoso Fr. Luiz de Sottomayor disse na presença de todo o concurso Academico que aquelle era o verdadeiro sentido por assim o ter ouvido dar ao grande P. Thomaz da Costa. Prégando na Capella Real se acendeo com tal vehemencia o seu espirito, que rota huma veya no peito lançou grande copia de sangue pela boca, e recolhido ao Convento pedio o sagrado Viatico, e antes de o receber fez a toda a Comunidade huma pratica douta, e devota no fim da qual falleceo a 2 de Julho de 1570. Ao dia seguinte da sua morte apareceo pendente da parede que ficava sobre a sua campa huma folha de papel, e nella escrita para epitafio a seguinte elegia, composta pela elegante Musa do Illustrissimo Bispo de Leiria D. Antonio Pinheiro, onde compendiou grande parte das açoens de Fr. Thomaz da Costa.

Hic quamvis properes, tantisper siste viator

Pauca legens nosces quis jacet in tumulo.

Quem tectum saxo tam vili, & paupere cernis,

Stratumque albenti sub cruce veste nigra.

Non tulit haec aetas talem, non lapsa tulerunt

Nec forsan terris saecla futura dabunt.

Tres diros hostes mundum, & cum carne Sathanam

Impia devicit monstra, Erebique duces.

Daemona consiliis, mundum cruce, verbere carnem

Celeslis patriae Tartara vicit amor.

Mundus homo, Daemon turba inscia cedere cedunt

Legitimo victri non sine Marte tamen.

Sacra Fides spes firma, amor igneus arma dedere,

Almaque paupertas obsequium, atque pudor

Doctor erat summus, vulgique per ora volabat

Nomina sed renuit fama Magisterii.

Exosus famam nesciri semper amavit,

Regales semper tardus inire domos.

Vox erat: ite procul tituli, procul este Thiarae

Nota solo pestis gloria plausus ubi.

Qui toties alios, toties se vicerat ipsum

Vincitur, ut belli praemia possideat.

Vitales carpebat adhuc Pater optimus auras

Cum lachrymas caepit fundere turba Patru.

Ille autem dictis maerentia pectora mulcens,

Lumina per cunctos jam moribunda tulit

Fratres filioli carni nunc debita solvo

Ultima ut Omnipotens solvat ut ipse mihi.

Omnibus aethereae qui munere vescitur aurae

Est calcanda semel mortis acerba via.

Ire domum jubeor, peregrinaque linquere tecta

Non possum magni spernere jussa Dei.

Non vos filioli non fratrum turba meorum

Chara magis vita, desero, verto solum.

Compoz

Tropi insignes veteris, & novi Testamenti, ejusdemque phrazes. M. S. Naõ chegou o Tratado (falla o grande Fr. Luiz de Sousa Hist. de S. Doming. da Prov. De Portug. Part. 2. liv. 6. cap. 18.) á luz da impressaõ; desapareceo visto de poucos, e foy que quem teve ventura para se fazer senhor delle, como a quem acha joya de preço, escondeo, enterrou-o, e guardou-o só para si.  Fazem honorifica memoria de Fr. Thomaz da Costa Joan. Soar. de Brito Theatr. Lusit. Litter. lit. T. n. 9. Telles Chron. da Comp. de Jesus da Prov. de Portug. Tom. 2. liv. 6. cap. 57. n. 4. Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom.2. p 245. col. 1. Fr. Antonio de Sena Bib. Frat. Praed. p. 321. Lelong. Bib. Sacra p. mihi 687. col. 1. Echard Script. Ord. Praed. Tom. 2. p. 211. col. 2. Monteiro Claustro Domin. Tom. 1. p. 120. e Tom. 3. p. 314.

 

[Bibliotheca Lusitana, vol. III]